É assim que termina a história de um moço que tinha tudo para ter uma carreira brilhante. A começar pelo nome, Absalão: “pai da paz”. Mas a sua vida mostra que ele, na verdade, “era pai da encrenca”, não pai da paz. Era também, segundo o relato bíblico, considerado o moço mais formoso/bonito do seu tempo. Seria hoje galã de novela “GEANECHIN” da globo. …. Não bastasse isso era filho do rei. Mas com toda virtude estética, com a descendência real, com um nome tão promissor, ….. o seu caráter era horroroso.
Absalão faz um contraste com o personagem que nós estudamos às quartas-feiras na chamada “parábola do filho pródigo”. Vimos naquela parábola seis mensagens enfocando o Pródigo que voltou, mas Absalão é o pródigo que não voltou. – Ele se distanciou do pai, gastou os seus talentos, a sua vida, a sua energia, gastou tudo longe do pai e acabou morrendo longe do pai.
Pródigo é alguém que dissipa, que gasta. Dissipou a vida, a mocidade, as oportunidades, tudo e termina sua vida com uma história um tanto trágica. Ele vai fugindo num mulo e acaba ficando ferido porque fica enganchado num carvalho. Joabe, seu inimigo, vem e atravessa três dardos no seu coração e o mata, e a fúria contra ele é tão grande que vem mais dez moços matá-lo bem matado, para ter certeza de que realmente está morto. … Absalão, o pródigo que não voltou.
Ficamos pensando em histórias não muito felizes de pessoas que estão desperdiçando a vida longe de Deus. Como pródigos estão gastando seu tempo, seus bens, sua saúde, dissipando as oportunidades, todas estas coisas estão indo embora por entre seus dedos e com certeza a história delas será também trágica.
Estudamos por seis semanas a história do pródigo que voltou e foi restaurado, e nesta noite vamos ver a história do pródigo que não voltou. Gostaria que examinássemos a vida de Absalão centrando-nos em alguns textos fora deste que é o básico, mas não o único para verificarmos se não é o caso de termos também alguém aqui que esteja, à semelhança de Absalão, correndo o risco de morrer longe do Pai celestial.
A história do pródigo que não voltou começa porque ele afastou-se do pai por causa do pecado e não foi, o que nós chamaríamos do ponto de vista social, um “pecadinho”, esse foi dos grandes. (Se bem que para Deus não existe “pecadinho” ou “pecadão” – É tudo pecado…) – Absalão matou o próprio irmão, e tramou o assassinato, não por um impulso, mas foram dois anos tramando e maquinando a morte do irmão.
O capítulo 13:23 nos informa que passados dois anos, Absalão convidou todos os filhos do rei para uma festa e, no v. 28 diz que ele mandou seus empregados embebedar seu irmão Amnom e depois de ficar bêbado, pelo seu sinal, eles deveriam mata-lo!
Juntou uma tropa para matar um bêbado! … Este era o critério de Absalão. Por dois anos ele acalenta a morte do irmão, e conseguiu. Por isso agora, entre ele e o pai, o rei Davi, foi construída uma enorme barreira, e ele tem que fugir, porque evidentemente o pai não deixaria que aquilo passasse em branco, e o v. 34 traz este relato: Absalão fugiu. É o que tinha para fazer. É a história de um homem que levanta uma barreira entre ele e seu próprio pai. Ele não tem como ficar na presença do pai.
Vamos transportar isto para a área espiritual. Da mesma maneira o pecado levanta uma barreira entre o homem e seu pai celestial. O pródigo da parábola que estudamos, o que voltou para casa, também teve um pecado: o de não aceitar o domínio do pai. Ele não aceitava a direção do pai, não queria viver sob sua tutela, queria autonomia, quis viver longe dele. Seu pecado foi o da arrogância eu posso viver sem meu Pai, eu não preciso Dele.
Agora o pecado deste é o ódio, o rancor, a falsidade, a insubmissão para com o pai. O irmão errara, mas cabia ao pai cobrar o irmão, que também não era flor que se cheirasse: tinha violentado a irmã. Por isso Absalão veio matá-lo. Mas a cobrança cabia a Davi, o pai! Agora, depois do ódio guardado no coração, da insubmissão à vontade do pai, do não conformismo à postura do pai ele é obrigado a distanciar-se dele.
Quantas e quantas vezes nosso inconformismo, nossa insubmissão à vontade de Deus, nosso desejo de autonomia, vontade de prescindir da direção Dele, de presumir que podemos fazer nossa ida com os nossos valores pessoais, … nos impulsiona para longe dele.
As vezes pensamos em pecado e achamos que pecado é só coisas como este de Absalão: matar, roubar, esfolar. Quando eu era criança, não sei porque, dizia-se que pecado é “roubar e não poder carregar”. Mas muita gente pensa em pecado como alguma coisa escabrosa. Entretanto a Bíblia diz que pecado é basicamente a insubmissão à vontade de Deus, é não aceitar aquilo que Deus determinou e que tem estabelecido.
Isso nos impulsiona para longe de Deus, nos afasta Dele. Aliás, o profeta Isaías (59:2) diz assim: “O problema são os seus pecados; por causa deles, vocês estão separados de Deus. Por causa dos seus pecados, Deus virou o seu rosto de vocês e não ouve mais o que vocês pedem”. – Ou seja, quando há pecado não há comunhão. Quando se vive em insubmissão à vontade de Deus só haverá fuga, distanciamento, haverá uma barreira que nós mesmos levantamos.
Entretanto alguém pode dizer: “Puxa, ainda bem que não sou como Absalão, não matei irmão. Ainda bem que não sou como Amnon, jamais me passou pela cabeça fazer uma coisa dessas com mulher nenhuma e muito menos com minha irmã”. – Mas não é questão da violência sexual ou física, é a atitude que está no coração, a incapacidade de aceitar a vontade de Deus para a sua vida, de não se submeter a ele, de traçar suas próprias diretrizes. E Absalão se afastou, foi embora por causa do pecado…
Há um dado interessante nesta história: Talvez não tenha sentido falta, mas o capítulo 13:39 nós lemos uma frase que não pode passar ignorada: Davi, o pai, tinha saudades de Absalão! O filho não prestava, mas ele como pai sentia saudade do filho. Havia espaço no seu coração para um filho que errara, mas ele não voltou. Saiu porque quis, voluntariamente, não foi enxotado, saiu porque não podia ficar.
Vamos de novo transportar isso a área espiritual: Deus não enxota ninguém da sua presença. Se você se afastou de Deus foi você que se afastou, não foi ele quem lhe virou as costas, não foi ele quem deixou de lhe estender as mão. Assim como Davi sentia saudade de seu filho também Deus tem saudade de cada filho que se distanciou dele. Absalão, o pródigo que não voltou, afastou-se do pai por causa do pecado, e este foi o início de sua trágica história. Absalão, o pródigo que não voltou, endureceu o coração contra o pai.
Podemos fazer um contraste deste que não voltou com o que voltou da parábola contada por Jesus. O que voltou caiu em si, o texto de Lucas 15 diz: “caindo porém em si disse: quantos empregados de meu pai tem fartura de pão e eu aqui pereço de fome”. Ou seja, este não, ficou dois anos distantes sem nenhuma preocupação. Ele voltou definitivamente para casa…
E o capítulo 14:28 de II Samuel nos informa que Absalão voltou para Jerusalém, a cidade onde morava a família, mas ficou dois anos sem ver a face do rei. Ou seja, voltou para a cidade onde seu pai estava, para a sua cidade natal, era filho do rei, mas ficou dois anos sem ver o pai.
Neste tempo que voltou para a cidade, não foi procurar o pai ou reconciliar-se com ele. Endureceu o coração contra o pai. Foi tramando no seu coração alguma coisa contra o pai. Nunca houve no seu coração o desejo de pedir perdão ao pai. – ………. É um fardo enorme para uma pessoa viver longe de Deus e não sentir necessidade de perdão. É colocar-se sob condenação, assumir um distanciamento de Deus, satisfazer-se com isso e em momento algum sentir um peso no coração e reconhecer que necessita de perdão.
Esse moço achou que não precisava de perdão. O capítulo 15 de II Samuel nos informa que Absalão começa a maquinar a derrubada do Rei, seu pai. Diz o capítulo 15 que Absalão reunia seus homens e ficava na porta da cidade abordando as pessoas que vinham à Jerusalém buscar auxílio do rei para suas demandas. E então Absalão dizia às pessoas: “Se eu fosse o rei não deixaria você nesta situação. Quem me dera ser o Juiz nesta terra para ajuda-lo…” – Ele foi destruindo a imagem que o pai construíra em quase 40 anos de monarquia. Ele tentou derrubar o próprio pai.
E aí você pode dizer: bem pastor esta analogia não me cabe porque não posso derrubar Deus. Mas quem sabe você vem tentando fazê-lo. Quando você tenta dirigir a sua própria vida sem se submeter a Deus está tentando destronar a Deus. Quando vira as costas para a sua graça, para o seu amor, está tentando destronar a Deus, quando despreza a mão que Ele lhe estende na pessoa de Jesus, manifestando-lhe a vontade de te dar a salvação, está tentando destroná-lo.
Absalão ignorou o seu pai como rei. Ignorar o seu Pai Celestial como rei é também endurecer o coração. Talvez haja alguém aqui que também está endurecendo o coração contra Deus, houve o evangelho domingo após domingo e não liga a mínima para isto. Pode parecer engraçado, mas é uma desgraça, saber que o evangelho é a verdade e não querê-lo, saber que só Jesus Cristo salva e insistir em não recebe-lo.
É a pessoa que endurece o seu coração. No fim, a atitude de rebelião de Absalão chegou a tal ponto que ele chegou a tentar matar o pai. Pior que se distanciar é endurecer o coração, pior que se afastar é a atitude continuada de rebeldia, de insistência em viver longe de Deus.
O da parábola pediu perdão e este não. A pessoa que endurece o seu coração contra Deus não só chama a inimizade de Deus contra si, mas vai semeando inimizade por onde passa. O pródigo que não voltou afastou –se do pai voluntariamente, o pródigo que não voltou endureceu o seu coração contra o pai e, em último lugar o mais trágico, o pródigo que não voltou morreu longe de casa.
O outro voltou para casa, e houve festa, uma alegria enorme, banda de música, mataram o bezerro cevado, bebidas, uma alegria enorme, voltou para casa. Este não. Enquanto o outro tem uma história terminada em festa a história de Absalão termina na cova, na sepultura. Morte, e o que é pior, morte eterna, é o destino do rebelde contra Deus.
A proposta de Deus para o ser humano é tão simples, embora dura, voltar ou morrer. Render-se, depor as armas ou continuar na rebeldia até a morte. Levanta um exército, foi o texto que lemos, seu exército é desbaratado pelo exército do pai. Joabe, o homem em cujo campo ele pôs fogo o mata, e aí vem os moços e o rematam para ter certeza que ele está bem morto mesmo, aquele camarada tão ruim que tem que ter certeza que está morto. Acabou-se a história de Absalão. Morreu longe de casa.
Mas o trágico não foi apenas isto, o trágico é que ele morreu sem deixar descendência, sem deixar nenhum filho, na seqüência da história lemos que Absalão morreu sem deixar nenhum descendente, sua memória se apagou. Para os orientais esta era a maior vergonha, morrer sem deixar descendente.
E o moço que era filho do rei, que era posudo, galã, fazia as moças suspirarem quando passava, morre vergonhosamente, pendurado num carvalho, com o exército desbaratado, sem deixar filhos, na vergonha. O outro sentiu vergonha da sua situação e voltou para casa. Quantos empregados de meu pai tem fartura de pão e eu estou morrendo de fome. Este não sentiu vergonha e morreu não de fome, mas morreu na rebeldia.
Como disse numa das mensagens do pródigo que voltou, este é o dilema, voltar ou morrer. Insistir em viver longe de Deus é morrer espiritualmente até a morte eterna. Você está longe? Não faça como Absalão. Volte para casa.
Mas não quero terminar falando de Absalão. Vou terminar falando do pai dele. Davi não queria a morte de Absalão. II Samuel 18:5 diz assim: “O rei ordenou a Joabe, a Abisai e a Itai: Por amor a mim, tratem bem o jovem Absalão! E todo o exército ouviu quando o rei deu essa ordem sobre Absalão a cada um dos comandantes..”
Ele foi a todos os comandantes e disse: tratem o moço com brandura. – Ele era rebelde, imprestável, assassino, encrenqueiro, queria destronar e aniquilar o próprio pai mas a postura do pai era de amor, “tratai o moço Absalão com brandura por amor de mim”. – Pode ser que para vocês ele não valha nada mas é meu filho, tratem-no com brandura.
É isto que Deus faz com todo pecador, vejam o que nós lemos em Ezequiel 33:11: “Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos dos vossos maus caminhos, pois por que haveis de morrer, oh casa de Israel?”
Deus não deseja a perdição de ninguém e não desejava a de Absalão. Absalão morreu e o capítulo 18:33 diz assim: “O rei entendeu as palavras do mensageiro e desandou a chorar. Saindo das portas da cidade, foi para o seu quarto chorando e clamando: Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Se fosse possível eu daria a minha vida pela sua! Ah, Absalão, meu filho! Meu querido filho!
Este é o clamor de um pai. Quem me dera que eu morrera por ti. Davi amava tanto a Absalão que queria morrer por ele, mas não pode. Nenhum de nós pode morrer pelo outro. Não podemos morrer pelos nossos pais nem pelas nossas mães. Não podemos morrer pelos nossos filhos, nenhum de nós pode morrer no lugar de outro, mas Cristo pode e a Bíblia diz que Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós sendo nós ainda pecadores.
Davi não pode morrer por Absalão, nenhum pai pode morrer pelo seu filho, mas o pai celestial providenciou uma morte no nosso lugar, Jesus morreu para que nós não morrêssemos. “Aquele que crê em mim ainda que esteja morto viverá”. – “Eu sou o caminho a verdade e a vida”, disse Jesus. Aquele que põe nele a sua fé, que crê que ele morreu pelos seus pecados, este nunca morre longe de casa, morre fisicamente, mas ressuscita para viver eternamente e viverá eternamente com ele.
Por mais que o seu pai lhe ame ele não pode morrer no seu lugar, por mais que seu filho lhe ame ele não pode morrer em seu lugar, por mais que qualquer pessoa das suas relações lhe ame não pode morrer em seu lugar e você não pode morrer no lugar de ninguém, mas Deus ama você muito mais do que qualquer pessoa e providenciou alguém que morreu pelos seus pecados e, porque Jesus Cristo morreu por nós, porque sofreu a morte que era para nós, nenhum de nós precisa morrer longe de casa, nenhum de nós precisa ficar longe de casa.
Continuar longe do pai, indiferente, insensível ou com o coração endurecido é uma insensatez. Se você é um pródigo que ainda não voltou, alguém morreu no seu lugar, a sua morte é desnecessária, volte para casa, receba o senhor Jesus Cristo como salvador, de-lhe a sua vida e reconcilie-se com o pai. Não morra longe de casa.