A afirmação de Miroslav Volf em “Exclusion and Embrace” de que “A paz de Deus é inseparável da justiça de Deus” é uma verdade teológica profunda e desafiadora. Longe de ser uma mera reflexão acadêmica, essa frase nos convida a repensar nossa compreensão de paz e justiça, especialmente no contexto da fé cristã.
Estudemos esse tema tão importante hoje: A Paz e Justiça de Deus no Mundo hoje.
Ela desmantela a ideia de uma paz superficial, que ignora a dor da injustiça, e aponta para uma paz genuína que só pode florescer onde a retidão divina é estabelecida.
Tradicionalmente, muitas concepções de paz se limitam à ausência de conflito. No entanto, Volf, assim como a tradição bíblica, nos ensina que essa é uma visão inadequada e, por vezes, perigosa. Uma “paz” que permite a opressão, a desigualdade e o sofrimento não é a paz de Deus.
Pelo contrário, ela pode ser uma forma de silenciamento e manutenção de sistemas injustos. A Bíblia, do Antigo ao Novo Testamento, consistentemente entrelaça os conceitos de shalom (paz integral, bem-estar completo) com a prática da mishpat (justiça, direito) e tzedakah (justiça, retidão).
Os profetas clamavam por justiça como pré-requisito para a verdadeira paz, denunciando a hipocrisia de rituais religiosos desacompanhados de ações justas.
A justiça de Deus,
Portanto, não é uma punição arbitrária, mas o restabelecimento da ordem divina quebrada pelo pecado e pela injustiça humana. Ela busca a correção, a reparação e a restauração das relações.
Quando Deus age com justiça, Ele não está apenas condenando o mal, mas também defendendo o oprimido e estabelecendo um fundamento para a verdadeira comunhão.
A cruz de Cristo é o ponto culminante dessa intersecção divina: nela, a justiça de Deus é satisfeita pelo sacrifício, e a paz é oferecida àqueles que se reconciliam com Ele. Não há paz com Deus sem o reconhecimento e a redenção de nossa injustiça, e não há paz verdadeira entre os seres humanos que não busque a retidão em suas relações.
Consequentemente, para os seguidores de Cristo, a busca pela paz não pode ser passiva. Ela exige um compromisso ativo com a justiça social, com a defesa dos marginalizados e com a transformação das estruturas que perpetuam a injustiça.
Viver a paz de Deus significa encarnar Sua justiça no mundo, denunciando a iniquidade e trabalhando incansavelmente para que o direito e a retidão prevaleçam. Somente quando os sistemas e as relações forem permeados pela justiça de Deus, poderemos vislumbrar a plenitude da paz que Ele deseja para a criação.
Como essa perspectiva sobre a paz e a justiça ressoa com suas próprias experiências e compreensões de fé?
Uma Conclusão Prática: Vivendo a Paz da Justiça
A inseparável união entre a paz de Deus e a justiça de Deus não é apenas um conceito teológico elevado; ela nos convoca a uma ação prática e transformadora em nosso dia a dia. Se cremos que a verdadeira paz não pode existir onde a injustiça impera, então nossa fé deve nos impulsionar a ser agentes dessa justiça no mundo.
Praticamente, isso significa que não podemos nos contentar com uma “paz” que ignora a dor do próximo, a desigualdade social ou a opressão. Significa que nossa oração pela paz deve ser acompanhada de um compromisso ativo em prol da retidão.
Onde podemos agir?
Em nossos relacionamentos: Buscando a honestidade, a equidade e o respeito, evitando fofocas, calúnias e discriminação.
Em nossa comunidade: Engajando-nos em causas que promovem a dignidade humana, a igualdade de oportunidades e o cuidado com os mais vulneráveis. Isso pode ser através do voluntariado, da defesa de políticas justas ou do apoio a iniciativas que combatem a pobreza e a marginalização.
Em nossas escolhas: Consumindo de forma consciente, apoiando empresas éticas e questionando sistemas que perpetuam a injustiça, mesmo que de forma velada.
Em nossa postura diante do erro: Não apenas condenando o mal, mas buscando a restauração e a reconciliação, seguindo o exemplo de Cristo que nos oferece graça e perdão.
Viver a paz de Deus, portanto, é viver a justiça de Deus em cada fibra da nossa existência. É ser luz em meio à escuridão, fermento na massa, e sal que preserva a integridade do mundo.
Que essa verdade nos mova a ser não apenas adoradores, mas também construtores de um mundo mais justo, onde a paz genuína possa finalmente florescer.
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Para aprimorar mais conhecimento: Deus no banco dos réus.
