“Não peço que os tire do mundo, mas que os guardes do mal” – Jo 17:15
Creio que não temos compreendido bem as conseqüências desta oração, por isso temos nos limitado a justificar os fracos resultados que obtemos em nossa luta diária nesta vida, com o fato que Jesus em Sua intercessão, rogou ao Pai que nos guardasse do mal.
Entretanto, aqui estamos, sujeitos a todos os problemas que qualquer ser humano enfrenta diariamente.
Eu percebo que toda vez que uma pessoa fala dos problemas que todos temos, este, procura fazer uma distinção entre os filhos de Deus e o mundo, como se bastasse apenas afirmar que, “apesar dos problemas que estamos passando, o Senhor tem nos guardado”.
Não estou negando que o Senhor nos tem guardado! Ele tem nos guardado e nos amparado. Mas, gostaria que você fosse sincero me respondendo apenas uma pergunta: QUANDO VOCÊ ESCUTA UMA AFIRMAÇÃO DESTA, VOCÊ FICA SATISFEITO?
Quero dizer: Você se satisfaz plenamente ao ouvir, que apesar de todos os problemas, o Senhor nos tem guardado? Você não acha, que alguma coisa está faltando?
Temos ouvido uma palavra que adotamos da Bíblia e que traduz bem esta situação que estamos vivendo: DESERTO!
Sim, muitas vezes parece que estamos passando pelo deserto.
Penso que teria sido muito melhor se o Senhor Jesus tivesse orado para que o Pai levasse a Sua Igreja ao invés de deixá-la neste mundo. Pense comigo, aqui estamos nós neste mundo, enfrentando toda a sorte de situações difíceis tais como: Caos financeiro, político e social. Nós estamos sujeitos às mesmas dificuldades que o nosso vizinho.
A Bíblia nos diz em Mateus 5:45, que Deus mesmo faz chover sobre justos e injustos. Quer um exemplo sobre esta afirmação?
“Todos os dias vemos as notícias dos conflitos entre os judeus e os palestinos, um dia é uma bomba que mata judeus num shopping, outro dia é um grupo de palestinos mortos pelo exército israelense em uma estrada qualquer. Isto nós já estamos acostumados a ouvir.
Coisa bem diferente, é quando ouvimos sobre um avião de missionários derrubado pela força aérea peruana, matando uma mãe e dois filhos de uma família de missionários americanos, conforme aconteceu a duas semanas atrás. E o detalhe é que não foi por engano!”
Mas como é possível algo assim acontecer? Não estranhamos o fato de palestinos e judeus morrerem todos os dias, mas nos sentimos mal ao saber que missionários foram mortos, não por guerrilheiros e nem por perseguição religiosa, mas pelas autoridades de um país! Como fica então a oração de Jesus?
Pensemos então, em algo mais, visualize o seguinte quadro:
“Um pai de família, desempregado, com o aluguel de sua casa atrasado, endividado com a escola de seus filhos, sem a menor condição de pagar o tratamento dentário de sua família. E se alguém ficar doente, então será um caos! Há falta de tudo em casa, e o pior é o olhar das crianças quando pedem para comprar algo, e que será impossível satisfazê-las.”
Se isto não for o deserto, então não sei mais o que é!
Talvez você pense que estou forçando uma situação com esta ilustração, mas olhe para o seu lado, e você verá muitas pessoas nesta mesma situação. Isto é mais comum do que podemos imaginar.
Por isso pergunto, como fica a oração de Jesus? Será que ela ainda está valendo? Será que Deus entendeu o que Jesus pediu? Senão, de que adianta orar, se Deus não respondeu a oração de Jesus, que garantia tenho que Ele ouvirá a minha?
Pense comigo, nós estamos no mundo, vivemos no mundo, nós a Igreja de Cristo! Estamos no mundo, e estamos sujeitos a todos os problemas do mundo! Quer um exemplo mais atual?
“A crise de energia por que está passando o Brasil, os EUA e muitos outros países, também nos afeta. Também estamos sujeitos aos apagões, às cotas, à sobretaxa, e aos cortes.”
Pois bem, estamos no mundo, e daí? Algumas pessoas que se alto proclamam filhos de Deus, afirmam categoricamente, que, “se estamos no mundo, então devemos nos amoldar ao mundo para mudarmos as circunstâncias. Já que somos ‘cidadãos do mundo’, não podemos nos ‘omitir’, nos ‘esconder’ ou fugir das nossas responsabilidades com a sociedade da qual fazemos parte. Então temos que nos envolver na política, nos esquemas financeiros, no comércio, nos trabalhos sociais, pois se nascemos e vivemos no Brasil, então somos cidadãos brasileiros.”
Quando na realidade, para os nascidos de novo, para uma nova vida, nascidos de Deus em Cristo Jesus para uma nova existência, não se pode dizer que somos brasileiros e nem cidadãos do mundo. O próprio Senhor Jesus disse em Jo 15:19: “…vocês não são do mundo, … eu os escolhi, tirando-os do mundo;…”. E em Efésios 2:19, o Apóstolo Paulo disse: “Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus” de um, “Reino que não é deste mundo” como está em João 18:36!
Então somos estrangeiros e forasteiros neste mundo. E como não pertencemos mais a este mundo, nossas obrigações, em primeiro lugar, deveriam ser com o Reino do qual pertencemos, o Reino dos Céus.
Calma! Eu não estou pregando um boicote quanto às nossas obrigações enquanto viventes neste mundo, nem com nossas obrigações civis. Mesmo porque, o próprio Senhor Jesus advertiu aos homens, que “dessem a César o que é de César”. No entanto, Ele também advertiu que “dessem a Deus o que é de Deus”, conforme está em Marcos 12:17.
Se analisarmos corretamente este texto com base naquilo que temos aprendido, iremos descobrir que temos vivido muito mais para César, muito mais para o mundo, do que para Deus. Se temos compreendido que a Deus pertencem todas as coisas, e todas as coisas Lhe são sujeitas, então veremos que a parte de César, nada mais é do que uma porção daquilo que Deus mesmo nos deu para cumprirmos com nossas obrigações civis. E portanto, a Deus, devemos dar o todo e não a sobra. A sobra deve ir para César e não para Deus.
Temos nos esquecido, que foi contra este mundo, que Jesus orou. Este mesmo mundo que O perseguiu e O matou é o mundo que em vivemos, e que também nos persegue e quer a nossa morte. E quando se fala de mundo, fala-se da instituição, fala-se do espírito que governa o mundo. Nunca das pessoas!
No entanto, aqui estamos! E no que diz respeito à oração do Senhor Jesus, de uma coisa podemos ter a certeza, o mundo poderá e irá nos perseguir assim como fez com Jesus, mas em Deus estaremos seguros.
Portanto fica claro o fato, que se temos que viver no mundo é por uma razão maior, que vai além do óbvio, além do “IDE”, além do “CHAMADO”, além do que já estamos “cansados” de ouvir.
Vamos então repensar como ficam os nossos problemas, as nossas dificuldades, os ímpios prosperando e seus negócios dando lucros, seus filhos estudando nas melhores escolas, possuindo os melhores carros e casas, e nós, os filhos de Deus, passando pelo deserto diariamente!
Faça comigo uma retrospectiva da sua vida! Coloque em uma coluna os momentos que você viveu em um oásis ou seja, situação financeira estável, harmonia em seu lar, segurança nos seus negócios, relacionamentos estáveis, saúde física e emocional e principalmente, saúde espiritual. E na outra coluna os períodos que você viveu em um deserto.
Mas não tente se enganar dizendo que em determinada época você viveu uma vida próspera nas finanças e no trabalho, esquecendo-se dos demais itens relacionados. A Bíblia indaga em Lc 9:25: “Pois que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder-se ou destruir a si mesmo? “. Ou seja, para Jesus, ou tem tudo ou não tem nada.
Se formos honestos, iremos afirmar que temos vivido a maior parte de nossa vida mais no deserto do que no oásis. E digo mais, a única razão para isso, é porque “O DESERTO, É O MELHOR LUGAR”.
Você vai pensar que eu fiquei maluco, ou que virei um conformista ou ainda que esta é uma nova doutrina. A doutrina masoquista. Ora, não inventaram a doutrina da prosperidade?
Volte comigo ao texto de Mc 12:17, e com base no que acabei de falar sobre, ser, o Deserto o Melhor Lugar, é preciso deixar claro que temos dado muito mais crédito a César, pelas situações que temos vivido do que propriamente a Deus. Se temos que dar a César o que lhe corresponde, daquilo que Deus nos dá, e a Deus o que é de Deus, e se o que é de Deus, é o todo, então porque dar a César o crédito pelas situações que temos enfrentado quando na verdade o que estamos passando é pela vontade soberana de Deus?
Agora, nos vemos diante de uma nova possibilidade. Diante de uma nova ênfase para as circunstâncias que nos cercam e nos envolvem. Uma nova forma de “encarar” o “deserto” que estamos atravessando. Uma nova postura diante das circunstâncias que nos é requerida pelo Senhor a partir de agora.
Irei demonstrar pelas Escrituras, que para nós, filhos e filhas de Deus, servos e servas do Senhor Jesus Cristo, o lugar onde estamos e nas situações em que nos encontramos, é o lugar onde devemos estar, por ser o melhor!
Nada de conformismo ou determinismo ou masoquismo. Mas uma nova atitude diante de tudo e de todos como verdadeiras testemunhas de Cristo. Eu sei que não será fácil, pois nunca é fácil derrubar aquilo que está instituído, como o pessimismo, como a negação da vontade de Deus por acharmos que o melhor para nós deve ser segundo o nosso padrão.
Não será fácil, mas uma coisa é certa, que depois do sacrifício de Cristo, tudo o mais, é menos difícil. Amém?
Desertos na Bíblia
Todos nós já conhecemos ou temos alguma noção de fatos na Bíblia envolvendo pessoas e desertos. Os mais conhecidos, sem dúvida são: Abrão em viagem até onde Deus o levasse; José sendo levado como escravo até o Egito, Moisés e o povo de Israel saindo do Egito; Elias fugindo da ira de Jezabel, se escondeu no Monte Horebe; Davi fugindo da ira do rei Saul. Temos também, no N.T. Jesus no deserto para ser tentado e João Batista, um freqüentador assíduo do deserto.
Várias vezes no A.T., vemos situações ocorrendo entre os desertos de PARÃ; SUR; SIM; SINAI e ZIM. Já no N.T., temos o grande deserto da JUDÉIA.
Rapidamente, vamos relembrar alguns fatos importantes na vida de algumas pessoas, relacionadas a desertos.
Mas antes, creio ser fundamental ressaltar como princípio o seguinte: as Escrituras muitas vezes trata determinados assuntos de forma figurada, e não na exatidão do termo. Temos muitos exemplos disso, tais como a serpente que às vezes é citada como um réptil mesmo, mas às vezes, ilustrando tanto o mal como o bem, como no caso da serpente de bronze. Também temos o caso do fermento figurando o mal, o mundo ou ainda o Reino de Deus, além do sub produto de pão ou bolos.
E assim, temos vários exemplos que poderíamos relacionar para mostrar que nem sempre um objeto ou lugar ou animal, pode ter o mesmo significado. Isto acontece também com o deserto muitas vezes mencionado na Bíblia, pois a palavra pode tanto aparecer especificando uma área geográfica como uma situação espiritual, entre outras possibilidades.
A palavra “deserto” não significa necessariamente um deserto como o SAARA ou o da ARÁBIA, mas um lugar excessivamente solitário. Existia uma forma de devoção religiosa tanto por homens como por mulheres, por razões profundamente espirituais, sem a necessidade de quaisquer votos, o retiro ou isolamento no “deserto”.
Assim posto, iremos compreender melhor a situação vivida por muitos servos de Deus no passado, e com isso, aprendermos uma lição que poderá mudar a nossa vida, ou no mínimo, aumentar a nossa fé e confiança em Deus.
Comecemos por HAGAR:
Mas quem foi Hagar? Qual a sua importância neste contexto?
Para quem não sem lembra, Hagar era a serva pessoal de Sarai, esposa de Abrão. Era uma egípcia dada como parte dos despojos do Egito, quando, de passagem por lá, o faraó tomou Sarai por concubina, imaginando ser, ela, irmã de Abrão. Após Deus ter ferido o faraó com uma grave doença, eles foram expulsos do Egito com bens e servos como despojo.
Devido à idade avançada de Sarai, e não crendo na promessa que Deus dera a Abrão, que faria dele uma grande nação, Sarai convenceu Abrão a se deitar com Hagar e ter um filho dela que por direito, passaria a ser de Sarai e Abrão. Deste relacionamento, nasceu Ismael.
Quando Hagar soube que estava grávida, começou a desprezar a esposa de Abrão, que deu a ela o direito de castigar sua serva como quisesse. Esta, então acabou fugindo! E para onde foi que ela fugiu?
Para o Deserto de Sur. Ali começa desenrolar o propósito de Deus, tanto na vida desta desprezada personagem, como por conseguinte, na vida de Abrão. Ali em meio ao deserto, em meio à solidão, lhe aparece o Anjo do Senhor com uma ordem – Gn 16:7-9, e uma bênção – Gn 16:10,11. Ela voltou e se humilhou conforme a ordem que recebeu.
Mas vindo o tempo do cumprimento da promessa de Deus, Sarai concebeu e deu a luz o filho da promessa, Isaque. Quando este desmamou, Sara, se irrita com Ismael que ri de Isaque, por isso, Abraão expulsa Hagar e Ismael do acampamento. Abraão lhes prepara uma provisão de pão e água, e os manda embora. Para onde desta vez? Para o Deserto de Berseba – Gn 21:14-16.
Ali, onde parece não ter mais saída, onde não há mais esperança, onde não há mais garantias, e tudo parecia estar perdido, as provisões acabaram, não havia mais onde se agarrar, só restava aguardar que a morte levasse diante de seus olhos a Ismael e depois a ela também!
Um Pensamento: Devemos sempre nos lembrar, que: “É no deserto, quando se pensa em fim de linha, onde brotam fontes de águas e uma nova esperança”. – Gn 21:15-21.
MOISÉS:
Qual a maior prova pela qual Deus nos faz passar? A resposta em uma palavra: ESPERAR. Se Deus lhe falar para escalar uma montanha e alcançar o cume, você logo vai. Mas se Ele lhe ordenar a sentar-se embaixo, no sopé da montanha, e esperar, você não suporta. A maior prova da nossa fé é ter que esperar.
Provavelmente o personagem mais maduro de toda a Bíblia é Moisés. Como foi que ele amadureceu? Através de oitenta anos de deserto. Quer ser como Moisés?
A Bíblia registra uma das maiores tarefas já dadas por Deus a um homem. Quem era este homem? Seu nome era: “tirado das águas” (Ex 2:1-10), parece até que seu nome seria uma profecia de sua vida.
O filho adotivo de uma princesa, filha de faraó, deveria ter uma educação de príncipe, e por isso, foi ele, instruído em toda a literatura egípcia (At 7:22), que nesse tempo excediam em civilização a qualquer outro povo do mundo.
Moisés estava sendo preparado para, talvez, herdar o trono do faraó. Era conhecedor de todos os costumes da corte, experimentou a pompa, a riqueza e a glória de um príncipe do Egito. Mas Deus tinha um propósito muito mais elevado para Moisés do que o de ser herdeiro do trono dos faraós. Para a grande obra para o qual fora escolhido – o de libertador de seu povo – era necessário muito mais do que isso tudo!
Era necessário ter com os escorpiões e serpentes, seria necessário ir para o deserto. Ali, na escola de Deus, conheceria a dura realidade da vida, ali, veria que todo o seu conhecimento, toda a sua cultura e força física, de nada serviriam, sem o devido tratamento que lhe estava destinado.
Outrora, o príncipe do Egito, implacável nos seus atos de príncipe matou um egípcio, agora um servo, reconhece a sua incapacidade diante da sua chamada, passa a se transformar de um guerreiro para o homem mais manso sobre a face da terra e o mais paciente. Capacitado a ouvir a voz do Altíssimo e de estar em Sua santa presença. Totalmente transformado pela escola de Deus, o deserto.
Antes seu lar eram os palácios do Egito, agora, eram as areias quentes e secas do deserto de Sinai. É agora que seu nome parece ter mais significado – tirado das águas, colocado no deserto – seu último lar.
Este tempo no deserto, não seria o de uma etapa, fase ou passagem, este seria o tempo de sua vida. Dos seus 120 anos ele viveu 80 anos indo e vindo, por vários desertos.
ELIAS
Jeová é o meu Deus, um dos maiores profetas do A.T., um homem peludo, que andava cingido sobre os rins com uma cinta de couro, aparece na história de um dos piores reis de Israel, chamado Acabe e Jezabel a rainha. Mulher idólatra e dominadora.
Parece que a principal função de Elias, era o de atormentar Acabe e esta mulher terrível. Na primeira ocasião o profeta aparece em cena, com uma terrível profecia para o rei e a nação, que viriam anos de seca extrema (1 Rs 17:1). Pela ordem do Senhor, Elias vai para leste do Jordão junto ao riacho de Querite, onde iniciaria na escola de Deus (1 Rs 17:2-6)
Ele passa meses por um deserto de solidão e total dependência de Deus. O Senhor ordenou que ali, ele ficasse, bebendo daquele riacho e sendo alimentado pelos corvos que lhe traziam comida todos os dias. Para muitas pessoas este não seria propriamente um deserto, pois ele tinha tudo o que era necessário para sobreviver em meio a uma estiagem. Sua situação era bem cômoda, não lhe era exigido nenhum esforço e nenhum trabalho. Era uma vida mansa!
Mas apesar da situação parecer a melhor, ele estava só e na dependência de ser alimentado por corvos! Você pode imaginar uma situação como esta?
Entretanto, o comodismo e a apatia chegaram! Com o tempo, ele não esperava mais em Deus, mas sim nos corvos e no riacho que passava logo ali. Por isso, num belo dia, quando ele acorda como fazia sempre, saiu para beber água e se lavar, quando teve a sua primeira decepção, o rio que lhe servia com água fresca todos os dias, secou.
Talvez como as águas daquele rio, começou a secar a sua confiança. E não era só isso, ele voltou para caverna a fim de tomar o seu café da manhã, quando então descobriu algo mais. Acabou a sua mordomia! Não havia pássaros não havia comida, não havia mais nada.
Um Pensamento:
“Este é o momento decisivo por que todos nós passamos em situações de grande dificuldade. Temos duas decisões a tomar: Ou lutamos com as nossas próprias forças e decisões a fim de tentar sair do deserto que estamos passando, ou fazemos como Elias fez, parou diante do ribeiro em meio à seca e da possibilidade de morrer de fome, para ouvir a voz de Deus a fim de se salvar daquela situação”. (1 Rs 17:8,9)
Pense comigo:
“Se Deus é soberano, e nós reconhecemos e cremos na intervenção e no controle dEle em todos os assuntos do universo, inclusive os da nossa vida, porque temos tanta dificuldade em compreender que quando estamos no “deserto” estamos porque assim Deus O quis! O “deserto” em nossa vida não é uma fase que estamos vivendo por razões aleatórias à vontade de Deus, mas por intervenção divina. É a oportunidade que temos para ouvir a voz do Senhor”.
“Não foram as minhas mãos que fizeram toda estas coisas?” (At 7:50; Is 66;1,2).
O deserto de Elias não acabou! Passam-se meses, e Elias apresenta-se diante de Acabe, por ordem do Senhor. Segue-se daí a cena no Monte Carmelo, os profetas de Baal são mortos por ordem de Elias, e como conseqüência, Jezabel decreta a morte do profeta que por medo corre para salvar a sua vida (1 Rs 19:3), para o Deserto de Zim entre Berseba e o Sinai.
Que coisa! Ai está o profeta do Senhor, debaixo de um zimbro, um pequeno arbusto típico da região desértica do Sinai, que mal serve para dar sombra, pedindo ao Senhor que lhe tirasse a vida pois já não suportava mais as pressões do seu encargo (1 Rs 19:4). Estava com medo de ser morto a mando de uma “louca”, e com medo de enfrentar o seu “deserto”.
Um Pensamento:
“O deserto pode parecer ruim, mas é o lugar das bênçãos de Deus. Preocupe-se se você está vivendo muito mais no oásis do que no deserto.”
Quando ele só pensava em morrer, assim como nós, quando achamos que o nosso deserto é o lugar do sofrimento, da angustia, da solidão, sempre vem o Senhor a fim de trazer a bênção inigualável que só é possível contemplar quando não há mais forças, mais recursos, mais nada.
Elias, agora é acordado por um anjo que lhe trás comida. Não são mais os corvos, mas o próprio Senhor que lhe vem em socorro! Em 1 Rs 19:6, é lindo ver, que enquanto Elias dormia, talvez pensando na morte como solução, o anjo, ao seu lado, preparava-lhe a comida fresca e saudável no fogo. O que acontece dois dias seguidos.
O Senhor lhe dava forças não para sair do deserto, mas para prosseguir em uma longa jornada, de quarenta dias e noites, até o monte do Deus, o monte Horebe no deserto de Sinai (1 Re 19:8). Aquele homem que outrora só pensava na morte como solução de seus problemas, contemplou a face de Deus (1 Rs 19:11), se deleitou com a presença do Altíssimo, foi-lhe restaurado o chamado e a força do Senhor em sua vida.
Um Pensamento:
“Talvez como Elias, estamos sempre esperando que Deus venha em nosso socorro com poderosos feitos, milagres como Mar se abrindo diante de nós, ventos, terremotos e fogo, quando na verdade lá mesmo, no deserto, o Senhor virá com voz mansa e suave,” (1 Rs 19:11,12).
Ainda encontramos muitos outros exemplos como estes, tais como Davi ao fugir para as cavernas com medo do rei Saul (experiência maravilhosa que iremos dedicar uma mensagem); Jó em sua tremenda prova; Daniel sozinho na causa do Senhor; Oséias tendo de tomar sobre si o pecado de Israel, casando-se com uma prostituta; João o Batista sendo forjado no calor do deserto, tornou-se o maior de todos os profetas; Paulo em sua cegueira teve que depor todas as suas armas perante o Senhor Jesus.
E por fim, o próprio Senhor Jesus em seu deserto que não foram apenas quarenta dias, mas o tempo de Seu ministério, pois sobre si estavam todos os desertos de todos os homens! Por isso, só dEle, foi possível dizer como disse Isaías: “…homem de dores e experimentado no sofrimento…” – Is. 53:3.
Para finalizar, quero deixar mais alguns pensamentos e textos das Escrituras que o Senhor têm me dado nestes últimos dias:
“Nós temos nos acostumado entender a experiência de Jó na forma como os fatos ocorreram. Precisamos aprender a nos colocar nas situações e olhar de vários ângulos, como este: Temos Jó, um homem muito rico e poderoso de sua época, e temente a Deus. O diabo vem na presença de Deus, e O acusa de favorecê-lo com riquezas e abastança, por isso a razão de Jó ser temente a Deus, diz o diabo. Então Deus permite que o diabo lhe tire tudo, patrimônio, filhos e a saúde, a fim de se provar a fidelidade de Jó. Segue-se, então, que Jó passa por um grande deserto.
Imagine agora, se a situação fosse inversa: Jó um homem extremamente pobre, ou, como costumamos dizer, vivendo continuamente num deserto, mas fosse temente a Deus. O diabo se aproxima de Deus usando o fato de Jó ser um homem pobre como a única razão da sua fidelidade. Então Deus lhe permite que fosse dado a Jó de todas as riquezas do mundo para provar a sua fidelidade.
O deserto não tem haver com escassez ou fartura, nem com saúde plena ou doenças persistentes.
O deserto, é o lugar onde podemos ver os milagres de Deus. A terra prometida, é o lugar de descanso, Israel, nunca descansou, porque a terra prometida é a eternidade com Deus. O deserto é agora onde podemos ver Deus em Sua glória e soberania, agindo em nossa vida.”
“O povo que saiu do Egito, passou 40 anos vagando pelo deserto e não entrou na terra prometida, porque não aprendeu a ver a mão de Deus agindo a seu favor no deserto.”
“Se você quer entrar na terra prometida, saiba que o caminho é pelo deserto”.
Textos:
Deuteronômio 8:15,16 – O Senhor faz com cada um de nós o mesmo que fez com Israel: “Ele os conduziu pelo imenso e pavoroso deserto, por aquela terra seca e sem água, de serpentes e escorpiões venenosos…” a fim de provar o Seu imenso amor e cuidado, como fez: “Ele tirou água da rocha… e os sustentou no deserto com maná…, para humilhá-los e prová-los, a fim de que tudo fosse bem…” NVI
Deuteronômio 1:31 – “Também no deserto vocês viram como o Senhor, o seu Deus, os carregou, como um pai carrega seu filho, por todo o caminho que percorreram até chegarem a este lugar.” NVI
Isaías 32:13,15 – “Sobre a terra do meu povo virão espinheiros e abrolhos (roseiras bravas) … Até que se derrame sobre nós o Espírito lá do alto; então o deserto se tornará em campo fértil (ou pomar), e o campo fértil (pomar) pareça uma floresta.” RA
Isaías 43:19 “Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo! Vocês não a reconhecem? Até no deserto vou abrir um caminho e riachos no ermo,” NVI
2 Crônicas 20:6 “… Senhor, Deus dos nossos antepassados, não és tu o Deus que está nos céus? Tu dominas sobre todos os reinos do mundo. Força e poder estão em tuas mãos, e ninguém pode opor-se a ti.” NVI
Romanos 8:18 – “Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada.” NVI
Leiam também os Salmos que Davi escreveu quando estava no deserto nesta ordem ao que parece a ordem que foram escritos, entretanto, convém ressaltar, que a história de Davi em tempos de deserto, são tão ricas em ensinamentos que deixamos para tratarmos em separado deste estudo:
Salmo 142 – quando se achava prostrado em seu momento mais sombrio;
Salmo 57 – quando estava de joelhos; e
Salmo 34 – quando ficou de pé.
Salmo 63