Novo ano, novo tempo

Diante de expectativas, desejos, esperanças que surgem num dia singular como este, temos que concordar com o escritor inglês Charles Lamb:

Ninguém observa o 1º de janeiro com indiferença”.

Esse é um momento em que encontramos as pessoas reflexivas, por vezes com esperanças, por vezes com medo. É o medo do novo, do desconhecido, da página em branco que precisa ser escrita. Também já dizia um poeta de nossos dias que “o barulho dos fogos de artifícios parecerem representar a necessidade que temos de abafar o barulho que encontramos dentro de nós nesta época Reveillon”.

As pessoas querem ter a segurança de encontrar um futuro previsível para um novo tempo. Vemos nos jornais páginas e páginas cedidas às previsões para um novo ano, horóscopos, mapas astrais, pessoas que buscam videntes, tarô, jogo de búzios, quiromancia e tantas outras opções que se propõem a responder sobre um futuro incerto. Infelizmente também, ainda vemos alguns cristãos abrindo mais os jornais e revistas nas páginas do horóscopo, que abrindo a Bíblia…

Lembremos das palavras do salmista:

“Entrega teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais Ele o fará”.

Ano novo, desafios novos, horizontes novos, relacionamentos novos, compromissos novos, vitórias novas, mas também dificuldades novas, conflitos novos, responsabilidades novas, tudo depende de como acolhemos um novo tempo. Entretanto, a certeza que trazemos em nosso coração, meus irmãos e irmãs, é que o nosso Deus continua o mesmo, como diz o texto de hoje em Ex 34:1-8:

“Compassivo, clemente, longânimo e grande em misericórdia e fidelidade”.

“Deus é fiel” é uma afirmação comum em nossos dias. Vemos e ouvimos essa afirmação com freqüência ao nosso redor. Quem nunca testemunhou essa citação em alguns adesivos de carro pelas ruas de nossas cidades?

Mas a pergunta é: Somos fiéis a Deus?

Particularmente nunca vi um adesivo que afirme “Eu sou fiel a Deus”… Mesmo assim continuamos em cada amanhecer provando da fidelidade do Senhor em nossas vidas.

Então, se sabemos que ele é fiel, por que o medo do novo?

Devemos gastar nossas energias diante de um novo tempo nos preocupando com outras ações, na certeza que Deus tem cuidado de nossas vidas, pois hoje ele é EMANUEL (Deus conosco).

Talvez possamos tomar pelo menos três atitudes diante deste momento novo que se inicia.

A primeira delas é vista pelos olhos da fé em Êxodo 14:15, quando o povo de Deus fugindo do exército de Faraó se depara com um novo obstáculo em seu caminho; o mar. Só havia um caminho a seguir, e uma atitude a tomar, mas o povo clamava a Deus e nada fazia… Então o Senhor disse ao povo: Marchem!

Nenhum mar em nossas vidas vai se abrir sem que marchemos, sem que a planta de nossos pés pise nas águas desconhecidas.

Devemos marchar em frente! Não fiquemos só clamando a Deus por nosso futuro, pois Ele nos diz hoje também: Marchem!

Nunca esqueçamos que toda oração precede uma ação. Então não fiquemos estáticos; marchemos!

Marchemos como filhos de Deus, como povo, juntos, unidos como família de Deus.

Em segundo lugar, diante do novo tempo devemos observar onde temos ‘descansado’ as nossas mãos?

No Evangelho de Lucas 9:60-62, vemos Jesus pondo a prova um jovem que queria seguir junto com ele a jornada de um novo tempo, mas que se inquietava em despedir-se dos parentes a continuar a marcha. A resposta de Jesus nos faz lembrar de onde temos descansando as nossas mãos. Disse Ele ao jovem:

“Quem descansa a mão no arado e,ilhos de Deus, como uamos provando a fidelidade do Senhor em nossas vidas. olha para trás não é apto para o Reino de Deus”.

Uns têm descansado as mãos no bolso, outros embaixo dos braços, outros na vida alheia, outros em maus sentimentos…

Deus nos chama a repousar a mão no arado, na construção do novo campo, na preparação do novo terreno, na responsabilidade de semear as sementes que serão os frutos do amanhã.

“Por a mão no arado” é sinal de compromisso com o Deus que é fiel, é comprometer-se com a fidelidade a esse Deus.

Hoje, se posso estar aqui e compartilhar de meu ministério com esta comunidade de fé, é porque escolhi pelo arado e não voltei para me despedir dos meus parentes. Como alguns de vocês sabem, quando saí de Recife há um ano atrás, jamais imaginei que estaríamos aqui, eu e minha esposa. Diante de nossa nova jornada, não voltei para me despedir dos meus parentes, e se o fizesse certamente não estaria aqui entre vocês testemunhando a fidelidade de Deus.

A Marcha exige de nós compromisso! Não olhemos para trás com o desejo da volta, olhemos para frete e trabalhemos. O compromisso com Deus, com a sua obra, com sua igreja, com o propósito que Ele tem para a vida de cada um de nós é a marca com a qual ferimos a terra que aramos e vamos semear nosso futuro.

Onde temos descansado nossa mão? Qual o nosso compromisso com Deus e sua obra? Qual o nosso compromisso com a esta comunidade chamada Catedral do Mediador? Qual o nosso compromisso com o Reino de Deus?

Marchemos na certeza que diante do novo tempo temos que ter compromisso.

Por fim, temos que ter uma direção, um alvo, um ideal. Ninguém chega a lugar nenhum se não marchar na direção de um ideal, pois sem a direção do alvo nos perdemos pelo caminho.

Muitos ministérios têm inspirado minha caminhada ministerial, mas hoje lembro de um deles em especial, no meu ministério entre vocês. O ministério do Reverendo Virgínio Pereira Neves, que assim como eu, no quarto ano de sua ordenação assumiu a reitoria desta comunidade e veio a ser em 1950 o primeiro Deão desta Catedral. Em 1938, na ciência de que o povo de Deus não pode marchar sem coração e sem direção, escreve as seguintes palavras que nos são tão cabíveis no dia de hoje:

“Todos nós marchamos em direção de um ideal, de sorte que a elevação da vida ou a proporção dos empreendimentos dependem do ideal. Se o ideal é inatingível pelo fato de ser ideal, fiquemos ao menos no caminho, mas sempre em sua direção”.

O apóstolo Paulo na carta aos Filipenses capítulo 3:13-16 nos ajuda e indica que devemos avançar para as coisas que estão diante de nós, prosseguindo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.

Qual é o nosso ideal senão Cristo?

Estamos satisfeitos onde estamos e como estamos, ou temos nos dirigido ao ideal que está em Cristo Jesus?

Mas a nossa marcha aponta em sua direção?

Somos chamados por Deus a determinar alvos em Cristo para nossas vidas e seguirmos com esse propósito para os alcançar também em nossas famílias, nossos relacionamentos, nossa igreja, nossa profissão, nosso ministério, nossos sonhos…

Meus queridos irmãos, marchemos! Coloquemos a mão arado! Avancemos para o alvo!

Deus tem cuidado de nós. Cabe-nos escolher se queremos que Ele cuide de nós ou não. A escolha é nossa…

Ele continua o mesmo; sempre Fiel e grande em misericórdia.

Que neste ano de 2006 possamos Marchar, nos Comprometer e Prosseguir para o Alvo juntos.

Que Todos nós estejamos unidos como família neste momento novo, neste novo tempo.

Feliz Ano Novo! Que Deus continue nos abençoando e cuidando de nós!

Amém!

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