Hoje vamos falar sobre INVEJA.
Inveja segundo o dicionário é um misto de ódio e desgosto provocado pela prosperidade ou alegria de outra pessoa.
É importante destacar logo de início a diferença entre inveja e cobiça. “A pessoa cobiçosa quer possuir os bens do vizinho, enquanto a pessoa invejosa lamenta esses bens.” (W.F. May).
Inveja é um sentimento que infelizmente toca a todos nós, em algumas pessoas com mais intensidade e em outras menos.
A Bíblia está cheia de histórias sobre relações de inveja. Logo no capítulo 4 de gênesis a gente vê o relato de Caim e Abel. Um era agricultor e o outro pastor de ovelhas.
Na hora de fazer a oferta a Deus, Abel levou o seu melhor, enquanto Caim, apesar de levar algo bom daquilo que plantava, fez isso com uma má intenção.
(ler 1 João 3:12 – “Não como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas”. O motivo da recusa estava na intenção dúbia da oferta de Caim.)
Caim ficou irritado e indignado porque Deus aprovou a oferta de seu irmão e não a sua. E ele fez o quê?
Matou seu irmão, inaugurando o primeiro homicídio da história.
O pecado original, com Adão e Eva, que começou destruindo a nossa relação com Deus (vertical), agora passa a destruir nossa relação o próximo (horizontal).
Aqui já podemos aprender uma lição – quando desprezamos a nossa união com Deus, não demorará muito para desprezarmos também a nossa união com nossos irmãos e irmãs. E o contrário também é verdade, quanto mais fortalecemos nosso relacionamento com Deus, mais fortaleceremos nossa relação com o próximo.
Caim invejou aquilo que seu irmão recebeu, a aprovação de Deus.
A inveja se fortalece em nós sempre em direção aos outros, por aquilo que fulano tem que eu não tenho, por aquilo que ciclano é que eu não sou.
E por vezes esses sentimentos vão crescendo dentro de nós…
Aquela irmã é mais amada que eu, as pessoas têm mais consideração por ela do que por mim…
Aquela irmão tem mais dinheiro, um emprego melhor que o meu…
Aquela mulher tem um marido melhor, aquele homem tem uma esposa melhor…
Aquela irmã tem filhos melhores que o meu…
Aquela amiga ou amigo se dá melhor com as pessoas do que eu…
Aquele parente tem mais dinheiro do que eu…e acabo me entristecendo ao invés de me alegrar com a conquista dele ou dela.
A gente olha para as pessoas e vê a abundância, olhamos para nós e vemos a falta.
Eu não sou amada, eu não tenho dinheiro, não tenho isso ou aquilo….
E até perguntamos para Deus se isso é justo para conosco. Porque fazemos tanto, nos esforçamos para ser crentes fiéis e parece que tudo continua nos faltando, porque a gente compara. ISSO É INVEJA.
Nem sempre percebemos a inveja dentro de nós. Porque reconhecer essa inveja fere o nosso orgulho.
Quem é que vai admitir que tem inveja de alguém? Dói fazer isso, é expor demais o que sentimos. Por isso, a gente a deixa a inveja ali quietinha em um canto do nosso coração, mas a verdade é que ela não fica quietinha, ela vai conturbando nossas relações, como um fermento, que incha dentro do bolo.
Quando a gente corta o bolo dá para dizer, aqui nessa parte do bolo está o fermento?
Não, porque o fermento está no bolo inteiro. Assim é a inveja, ela toma conta de todo o nosso coração, fazendo com que a gente olhe para a vida a partir da comparação com o outro, valorizando mais aquilo que nos falta.
Uma pitadinha de fermento incha todo o bolo, assim também é a inveja, um sentimento que podemos achar que que está ali guardadinho, mas que acaba por interferir em toda a nossa vida, dilatando meu olhar em direção à falta.
Alguém pode dizer: Alynne, eu descobri que sou invejosa sim, um pouquinho só, mas sou. O que faço?
Você e eu temos que usar esse sentimento ruim de forma positiva.
Transformar a inveja numa vontade de ser melhor, em um interesse por si mesmo.
A primeira coisa é admitir que tem esse sentimento.
A segunda é admitir que algo nos falta, reconhecer que sempre alguma coisa vai nos faltar na vida.
A terceira é entregar essa falta a Deus.
“Senhor eu sei que tenho inveja, que sou carente, mas quero entregar isso diante de ti. Quero que teu amor venha sobre mim e supra todas as minhas faltas. E assim a gente permite que o amor incondicional de Deus nos preencha e transforme a inveja em paz interior.”
É importante a gente lembrar que somos únicos e podemos ser felizes com o que somos e com o que temos. Se você fosse do jeito de fulano e ciclano você seria você mesmo? Se tivesse o que beltrano tem você seria você mesmo?
Por vezes queremos ser alguém que no fundo não somos. A melhor coisa é valorizarmos nossa identidade, fortalecermos nossos pontos positivos e trabalhar os negativos com paciência.
Precisamos estar em harmonia com aquilo que somos e temos. Ser gratos por nossa vida e reconhecer que somos humanos, que vez por outra vamos ter inveja, mas que precisamos fazer o exercício constante de entregar essa falta a Deus, que conhece mais do que ninguém o nosso coração.
Vamos fazer um exercício da gratidão para finalizar.
Pense em algo que você é e que gosta (ex: alegre, carinhosa, bondosa, calma, confiável…), pense também em algo que você tem ( um companheiro ou companheira, filhos, uma casa, por mais que seja alugada, comida, emprego)
Vamos agradecer a Deus por isso que somos e temos!
Cada um ora e agradece por algo que é e tem.
AMÉM.
Autora: Alynne Sipaúba
Teóloga e Jornalista
Fiz teologia na Faculdade Teológica Sul Americana
Reconhecida pelo MEC – Online em 3 anos.