Neste Sermão vamos aprender sobre a conexão do Senhor com a cidade.
INTRODUÇÃO
Começando por Babel, a cidade que não deu certo (Gn 11) e terminando com a Nova Jerusalém, a perfeita cidade celestial (Ap 21), a história bíblica é, do começo ao fim, uma história de cidades. Quero encorajar você a ler sua Bíblia focado nesta ideia chave, pois neste ano, de modo prioritário, nossas reflexões dominicais estarão voltadas para o cumprimento de dois aspectos importantes de nossa missão na cidade: oração e evangelização. Neste sentido o texto de hoje é uma importante base para a nossa caminhada…
Para compreendê-lo melhor voltemos a Gn 18:1-15; O v. 1 é claro em afirmar que “o Senhor apareceu a Abraão nos carvalhais de Manre”. Na verdade ele viu três homens (v.2) e a um deles ele chamou de “Senhor”. Gn 19:1 diz que estes dois homens eram “anjos”. Este aparecimento na teologia chamamos de “teofania” = (Theo = Deus, Fania=manifestação) – é Deus se manifestando temporariamente em forma humana para cumprir um propósito específico. Abraão, com muito prazer, ofereceu ao Senhor e aos anjos o que ele tinha de melhor: água e repouso (v. 4), pão (v. 5), novilho (v. 7) coalhada e leite (v. 8). Na sequência, apesar da incredulidade de Sara, ele recebeu a confirmação de que Deus lhe daria um filho, apesar da velhice (v. 9-15).
Em 2018 estamos focados numa importante visão: “Conectados ao Senhor e à cidade”. Hoje quero destacar A CONEXÃO DO SENHOR COM A CIDADE para no final reafirmarmos nosso lugar nesta conexão.
I – O SENHOR VÊ A CIDADE
(v. 16 a “Tendo-se levantado dali aqueles homens, olharam para Sodoma….”).
O texto diz que os homens (“o Senhor e os anjos”) levantaram-se e “olharam para Sodoma” (v. 16, 18:2; Agar – 16:13 “Tú és Deus que vê”). Este “olhar” divino do passado é o mesmo olhar divino do presente: apesar dos homens, muitas vezes, ignorarem Deus na cidade, vivendo nela como se Ele não existisse, Ele continua profundamente conectado com tudo que ocorre na cidade……
II – O SENHOR TEM PARCEIROS NA CIDADE
(v. 16b-19 “…. e Abraão ia com eles, para os encaminhar….”)
Abraão é citado nas Escrituras como “amigo de Deus” (II Cron 20:7; Is 41:8; Tg 2:23). Por isso, entre ele e Deus havia uma intimidade tão grande que lhe permitiu conhecer antecipadamente os Seus planos em relação a Sodoma e Gomorra (v. 17). Esta amizade não foi circunstancial, mas fruto de um plano eterno e sábio pelo qual Deus decidiu em Abraão abençoar todas as nações da terra (v.18, Gn 12:1-3). Esta aliança se deu: por uma iniciativa divina, envolvendo a descendência de Abraão e deveria ser traduzida numa prática sincera da justiça e do juízo (v. 19).
Assim como Abraão foi parceiro de Deus na concretização de Seus planos para Sodoma e Gomorra, o Senhor hoje nos chama para sermos Seus amigos, instrumentos da concretização de Seu grande propósito para a nossa cidade. Não estamos aqui, simplesmente, para cuidar da nossa agenda e interesses, mas para cuidar da agenda de Deus e dos Seus interesses na cidade.
III – O SENHOR REAGE AO PECADO DA CIDADE
(v. 20-21 “…. o clamor de Sodoma e Gomorra tem se multiplicado e o seu pecado se tem agravado muito….”)
O Senhor não só vê a cidade, mas também faz sobre ela um diagnóstico preciso: o “clamor”, no sentido de “rebelião” da cidade multiplicara e o seu “pecado” se agravara, ou seja, havia em Sodoma e Gomorra uma maldade generalizada (13:13), inclusive marcada por uma forte podridão sexual (19:5). O agravamento do pecado era tão intenso que Deus decidiu destruir a cidade……
Assim como no passado, nossa cidade, em vários aspectos, experimenta o avanço do pecado: drogas, violência, alcoolismo, liberalidade sexual, desagregação familiar, desrespeito às autoridades, corrupção, injustiça, mercantilização da fé, devastação da natureza…… e o Senhor também hoje reage ao pecado da nossa cidade!
IV – O SENHOR SALVA A CIDADE
(v. 22-32 “Abraão permaneceu ainda na presença do Senhor….”)
1. Salva a cidade pela oração perseverante (v. 22) – a ida dos “homens” para Sodoma sinalizava a proximidade do juízo divino. Abraão, porém, decidiu permanecer na presença do Senhor, não como uma formalidade religiosa, mas com uma certeza instalada em seu coração: “sou um representante de Deus na cidade, mas também um representante da cidade diante de Deus; se eu permanecer perto de Deus lutando pela cidade Ele irá abençoá-la”.
2. Salva a cidade por amor aos Seus escolhidos (v. 23-32) – a oração “exploratória” de Abraão pela cidade teve pelo menos dois discernimentos: sua insignificância – transparentemente, mas com muito cuidado, sabendo ser ele “pó e cinza”(v.27), ele foi persistentemente “atrevido” (v. 27, 31); a significância do povo de Deus numa cidade – Abraão compreendeu que se houvesse gente de Deus em Sodoma e Gomorra, elas seriam salvas pois ELE sempre abençoa toda a cidade por amor dos seus escolhidos (v. 26, 29, 30, 31, 32), quer sejam estes muitos (50) ou poucos (10)…..
3. Certos de que somos seus “embaixadores”, o Senhor em Cristo convoca-nos a sermos sal e luz, instrumentos de Seu poder salvífico na cidade….
CONCLUSÃO
V. 33 – “Tendo cessado de falar a Abraão, retirou-se o Senhor; e Abraão voltou para o seu lugar”. A conversa de Abraão com Deus foi encerrada, mas a sua responsabilidade como um agente de transformação da história foi cumprido. A sequência de Gênesis evidencia que, por não ter encontrado nenhum justo nas cidades de Sodoma e Gomorra, a condenação delas veio a se concretizar (19:23-29). Este desfecho terrível reafirma o que aprendemos hoje sobre a CONEXÃO DO SENHOR COM A CIDADE….
1. A conexão do Senhor com a cidade está fundamentada na Sua misericórdia e na sua justiça – Deus é misericordioso (Jr 31:3“com amor eterno eu te amei, por isso com benigdade eu te atraí”), não quer condenar, mas é justo, precisa punir o pecado (Ez 18:4b “… a alma que pecar essa morrerá”). Este dilema foi resolvido por Jesus (Is 53:6 “todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre Ele (Jesus) a iniquidade de todos nós”). Em Cristo se estabelece uma conexão salvadora plena e real com Deus! Mas aqueles que resistirem a Jesus serão condenados (Jo 3:18 “quem Nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus”).
2. A Sua misericórdia se plenifica através da oração específica do Seu povo – Jr 29:7 “Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz”; Jr 29:12-13 “Então, me invocareis, passareis a orar a mim, e eu os ouvirei. Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração”. Jesus é a ponte que une o homem a Deus, mas a oração é o canal pelo qual esta ponte torna-se efetiva, concreta, definitiva e transformadora!
3. A oração do Seu povo pela cidade exige medidas práticas: priorização; momento definido; agenda definida (ex – cartão da igreja de Guiratinga); perseverança.
Que o Senhor nos conserve firmes neste propósito de sermos sinais de Sua conexão com a nossa cidade…..
Autor: PR. Jair Francisco Macedo
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