O exercício das disciplinas espirituais, entre elas a oração e o jejum, sob a liderança e a capacitação do Espírito Santo, é de fundamental importância para a nossa comunhão diária com Deus Pai e o próximo, para o nosso crescimento e fortalecimento espiritual, e para vivermos com bom êxito para o serviço, testemunho e glória de Jesus Cristo.
INTRODUÇÃO
A campanha dos “40 DIAS DE JEJUM E ORAÇÃO”. Esta campanha, que envolve centenas de igrejas e milhares de discípulos de Jesus Cristo espalhados pelo Brasil, tem como ênfase a evangelização e como resultado da ação do Espírito Santo nós queremos ver: Vidas comprometidas com Deus e sua Palavra; Igrejas crescendo; Declínio da maldade; e, Cristo glorificado em nossa nação. Versículo chave da campanha – “Vão pelo mundo e preguem o evangelho a todas as pessoas”, Marcos 16.15.
I. Aprendendo a orar e a jejuar
1. Oração.
“Na oração, na verdadeira oração, começamos a pensar os pensamentos de Deus à sua maneira: desejamos as coisas que deseja, amamos as coisas que ele ama. Progressivamente, aprendemos a ver as coisas da perspectiva divina” (Richard Foster).
Na época de Jesus, líderes ensinavam os seus discípulos a orar, assim como o fez João Batista, e os discípulos pediram a Jesus – “Certo dia Jesus estava orando em determinado lugar… Um dos seus discípulos lhe disse: “Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou aos discípulos dele”, Lucas 11.1.
Tal pedido revelava:
– O desafio proveniente da vida de Jesus e Seu hábito de orar;
– A humildade dos discípulos ao reconhecerem que precisavam aprender a orar.
Diante de tal pedido Jesus respondeu: “Quando vocês orarem, digam: “Pai! “Santificado, seja o teu nome, venha o teu reino…”
A oração padrão de Jesus nos ensina que:
– Orar é entrar na presença de Deus Pai ( ‘abba’ – modo como uma criança se dirigia ao seu pai humano) e falar com Ele, numa atitude de reverência e sujeição a Sua vontade (Nos tornamos filhos de Deus ao crer em Jesus Cristo… João 1.12);
– Aquele que ora deve reconhecer que Deus deve ser reverenciado, e que Ele tem autoridade, poder e é misericordioso (perdoa);
– Aquele que ora deve ter confiança que Deus diariamente supre as suas necessidades, e Dele deve depender para ter vitória nas tentações e na luta contra o pecado; que ele deve perdoar aos outros, assim como Deus o perdoa em Cristo.
2. Jejum
Algumas pessoas têm exaltado o jejum religioso elevando-o além das Escrituras e da razão; e outras o têm menosprezado completamente (John Wesley).
O jejum na Bíblia refere-se à abstenção de alimentos para finalidades espirituais. Pode ser um jejum total (Lc 4.2ss), ou parcial (Dn 10.3).
Há ainda um jejum absoluto (Et 4.16; At. 9.9). Jejuar não é um mandamento, mas é o exercício de uma disciplina espiritual que deve ser observado pela igreja de J esus Cristo enquanto aguarda a segunda vinda do Noivo (Mt 9.15; At 13.2,3; Mt 25.6). (Richard Foster).
Objetivo do jejum – M t 6.16-18
A. Centrar-se em Deus –
Lc 2.37; At 13.2 (cf. Mt 6.16; Zc 7.5) – jejuar não é negociar com Deus, para parecer espiritual, buscar benefícios físicos, buscar poder espiritual etc.;
B. Revelar o que controla o nosso coração –
SL 69.10; 1 Co 6.12; 9.27 – por vezes nosso coração é controlado por ira, amargura, vaidade, medo, futilidades etc.
II. Alguns desafios para a prática do jejum e oração:
1. É importante e necessário buscar a Deus… Lc 18.1-8
Assim como a viúva foi a juiz e insistiu até ter o seu pedido atendido, também devemos buscar a Deus em oração – sem desistir, sem desanimar, Lc 18.1.
Tiago nos alerta que quando pedimos mal, Deus não atende a nossa oração. Pedir mal é “… pedir por motivos errados, para gastar em seus prazeres”, Tg 4.3.
O apóstolo João escreveu: “… se pedirmos alguma coisa de acordo com a vontade de Deus, ele nos ouvirá. E se sabemos que ele nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que temos o que dele pedimos”, 1 Jo 5.14,15. João condiciona o pedir segundo a vontade de Deus para sermos ouvidos e atendidos.
Jesus Cristo nos ensinou a pedir em Seu Nome – “O que vocês pedirem em meu nome, eu farei”, João 14.14; 15.16; 16.24. Não há nenhum versículo na Bíblia que faça qualquer menção a orar em nome de Maria ou de qualquer outra pessoa. Temos que orar em Nome de Jesus Cristo. ‘Nome’ refere-se a totalidade do caráter de Cristo, e a suficiência de sua Pessoa e Obra (morte pelos pecados e ressurreição) na mediação perante Deus Pai.
Tendo em vista a necessidade de pedir bem, segundo a vontade de Deus e em Nome de Jesus Cristo, o ensino de Jesus é: peçam, busquem e batam (cf. Lc 11.9,10).
2. Perseverar em oração é demonstração de fé
A parábola da viúva diante do juiz nos ensina outro princípio sobre a oração, que é princípio da perseverança, da importância de não desanimar, de não desistir.
Quando temos algo para pedir, para interceder diante de Deus, nós devemos fazer “dia e noite” até Deus responder.
“Acaso Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele dia e noite? Continuará fazendo-os esperar? Eu lhes digo: Ele lhes fará justiça, e depressa…”, Lc 18.7.
Como facilmente desistimos diante de situações, nas quais Deus parece demorar em atender.
Perseverar demonstra fé, confiança em Deus – “… Contudo, quando o Filho do homem vier, encontrará fé na terra?”, Lc 18.8.
Ore com fé e perseverança sabendo que Deus responderá, e sua resposta poderá ser “sim” ou “não”. Seja qual for, sua resposta será o melhor para nós como demonstração do Seu grande amor e poder.
Ele poderá dizer “sim”, como no caso de Jabez que pediu a Deus: “Ah, abençoa-me e aumente as minhas terras! Que a tua mão esteja comigo, guardando-me de males e livrando-me de dores”. “E Deus atendeu ao seu pedido”, 1 Crônicas 4.9,10.
Deus também poderá dizer “não”, como no caso de Paulo – “Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar. Três vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim. Mas ele me disse: “Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza…””, 2 Coríntios 12.7-9.
3. Buscar a Deus com um coração humilde
A parábola do fariseu (homem religioso) e do publicano (cobrador de impostos, e visto como ‘pecador’ pelos fariseus e judeus), foi citada por Jesus por causa de “alguns que confiavam em sua própria justiça e desprezavam os outros” (Lc 18.9).
O fariseu com uma atitude soberba e de auto confiança disse que não vivia roubando, adulterando e nem corrompendo como os demais homens. E que jejuava e dava o dízimo, Lucas 18.10-12.
O que ele fazia estava correto, procurando inclusive fazer mais do que a lei exigia. No entanto seu erro estava em confiar em si mesmo, em seus méritos e obras pessoais, em abrigar orgulho no coração e Ter uma atitude de superioridade e de desprezo para com os outros.
Não havia nele humildade, nem consciência do pecado e da sua necessidade de Deus. E, isto o tornava condenado e rejeitado na presença de Deus “pois quem se exalta será humilhado…”, Lucas 18.14.
A semelhança do fariseu quantas vezes não corremos o perigo de achar que Deus vai responder as nossas orações porque somos mais justos que os outros e/ou por causa das coisas que fazemos no contexto religioso. Puro engano e tolice!
Mas, o publicano teve uma atitude oposta a do fariseu. Ele agiu com humildade, não tendo coragem de erguer os olhos para os céus. Manifestou tristeza ao bater no peito, e seu único pedido era “Deus tem misericórdia de mim, que sou pecador”, Lucas 18.13. Ele suplica ‘hilastheti’, significando que Deus removesse a sua ira. Ele reconhece-se pecador, digno da ira de Deus e clama pela misericórdia e o perdão divino.
Com resultado da sua atitude sua oração foi ouvida, atendida e achou o perdão divino, “…. foi para casa justificado diante de Deus… Pois quem se humilha será exaltado”, Lucas 18.14.
É como a mesma atitude do publicano que devemos entrar na presença de Deus, em jejum e oração.
O apóstolo Pedro escreveu: “… “Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graças aos humildes”. Portanto, humilhem-se debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele os exalte no tempo devido. Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês”, 1 Pedro 5.5-7.
A oração de Daniel, registrada em Daniel 9, nos revela esse exemplo de humildade quando ele diz: “… Não te fazemos pedidos por sermos justos, mas por causa da tua grande misericórdia…”, v. 18.
Será que não temos tido respostas as nossas orações, por que temos buscado a Deus confiados na nossa justiça, nos nossos méritos, ou por que nos achamos mais dignos e merecedores do que os outros? Se essa for a nossa postura, nós devemos reconhecê-la como pecado, nos arrepender e voltarmos para Deus em humildade.
4. Confiar que Deus dá boas dádivas a quem O busca.
Estas parábolas nos revelam que Deus dá boas dádivas a quem ora, a quem pede.
“Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está nos céus dará o Espírito Santo a quem o pedir!”, Lucas 11.13 ((nota: o Espírito Santo já foi dado (cf. Jo 7.37-39; At 2), e aquele que crê em Jesus Cristo já tem o Espírito Santo (cf. Ef 1.13,14; Rm 8)).
Na parábola de Lucas 18, podemos perceber que se um juiz injusto que não temia a Deus e nem se importava com o homens, pode fazer o bem, “Acaso Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele dia e noite? Continuará fazendo-os esperar? Eu lhes digo: Ele lhes fará justiça, e depressa…”, vv. 7,8.
Com certeza a maior benção é a doação do Espírito Santo, o que garante que somos pertencentes a Deus e somos herdeiros da vida eterna em Cristo Jesus.
Lucas 11.13, faz menção a ‘pedir’ o Espírito Santo! O que naquele contexto era natural pois o Espírito Santo da promessa ainda não havia sido dado.
Conforme o Evangelho de João, capítulo 7.37-39, até aquela altura o Espírito Santo ainda não havia sido dado, pois Jesus ainda não havia sido glorificado. Essa mesma passagem esclarece que a condição básica para receber o Espírito Santo era crer em Jesus Cristo.
Pedro em Atos 2, no dia de Pentecostes revela que o Espírito Santo foi dado, pois Jesus após a Sua ressurreição foi glorificado, tendo subido aos céus e assentando-se a direita do Pai (v. 33).
O apóstolo Paulo em Efésios 1.13,14 nos ensina que aquele que ouve o Evangelho de Jesus, a palavra da verdade, e crê, é selado com o Espírito Santo.
O mesmo Paulo em Romanos 8, um dos capítulos que mais menções faz ao Espírito Santo, deixa claro que quem tem o Espírito é de Cristo, e quem não tem o Espírito não é de Cristo. E ele continua “… da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis”, v.26.
O Deus que nos dá Seu Filho e nos dá o Espírito Santo, com certeza tem prazer em nos abençoar e atender as nossas orações conforme a Sua vontade.
Ao nos aproximarmos de Deus devemos crer que Ele existe e galardoa aqueles que O buscam (Hebreus 11.6).
Conclusão
“40 DIAS DE JEJUM E ORAÇÃO”, tem como ênfase a evangelização e como resultado da ação do Espírito Santo nós queremos ver: Vidas comprometidas com Deus e sua Palavra; Igrejas crescendo; Declínio da maldade; e, Cristo glorificado em nossa nação.
Versículo chave da campanha – “Vão pelo mundo e preguem o evangelho a todas as pessoas”, Marcos 16.15.
Lembre-se: O exercício das disciplinas espirituais, entre elas a oração e o jejum, sob a liderança e a capacitação do Espírito Santo, é de fundamental importância para a nossa comunhão diária com Deus Pai e o próximo, para o nosso crescimento e fortalecimento espiritual, e para vivermos com bom êxito para o serviço, testemunho e glória de Jesus Cristo.
Domingos Mendes Alves