Neste sermão aprenderemos sobre o risco de perder.
Texto: João 3.16
“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
Introdução à serie
Deus permitindo, hoje e nos próximos três domingos, investiremos o nosso tempo juntos refletindo sobre as palavras de João 3.16.
“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
Não é exagero afirmar que este é um dos textos mais conhecidos e mais amados da Bíblia; se não for o mais querido. Penso ser ele o primeiro que todos nós cristãos memorizamos e que prontamente recitamos. Por tanta familiaridade, nós corremos o risco de perder o que há de tão profundo e tão verdadeiro nessas palavras preciosas.
A essência do evangelho
O nome que daremos a essa série de quatro mensagens será “A essência do evangelho”, já que o conteúdo desse versículo nada mais é do que um resumo maravilhosamente completo do evangelho de Cristo – um extrato concentrado da mensagem da graça de Deus.
“Evangelho” vem do grego “evangelion”. Timothy Keller informa que esse termo diferencia a mensagem do cristianismo de todas as outras religiões. “Evangelion” eram as boas notícias dos grandes eventos do momento ou da história. Por exemplo: “evangelion” da vitória do exército na guerra, “evangelion” da ascensão do novo rei… mas não era só isso.
A boa notícia ou “evangelion” transformava completamente a vida do cidadão que a ouvia e, diante dos novos fatos, requeria dele uma mudança completa de atitude. Dessa forma, Evangelho é a notícia do que Deus fez para chegar até nós e nos levar até Ele; Evangelho não é conselho do que nós devemos fazer para chegar até Deus. Isso nos diferencia de todas as outras religiões. Nós temos o Evangelho da graça.
Então, que notícia é essa de Deus para nós? João 3.16 nos revela a essência dessa notícia – é um extrato concentrado do evangelho.
Observação
Nem tudo que é importante sobre o evangelho está mencionado aqui em João 3.16; por exemplo: a glória de Deus, a eleição e a predestinação, o chamado eficaz, a regeneração, a justificação, a santificação, a morte expiatória de Cristo, etc. Nada disso está nesse texto!
No entanto, o que está inserido aqui é tão preciosamente essencial, tão precisamente definido e tão poderosamente simples que não há muitos outros versículos tão ou mais importantes para um resumo do Evangelho do que este de João.
Jo 3.16| “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
O que veremos aqui sobre o evangelho será:
- O risco de perecer (17/01)
- A prova de amor (24/01)
- A exigência de fé (31/01)
- A promessa de vida eterna (07/02)
A doçura do evangelho
Ao provar cada verdade deste versículo, semana após semana (hoje e nas próximas três semanas), minha oração é que todos nós possamos sorver e deliciar a doçura que é o evangelho. Cada uma dessas quatro verdades sobre as boas novas de Cristo (o evangelho) é indescritivelmente grande, profunda e importante para as nossas vidas. Elas são infinitamente mais essenciais do que qualquer outra coisa.
Portanto…
- Que Deus nos chacoalhe e nos acorde para a imensidão, para a grandeza, para a importância, para a seriedade e para o esplendor da suprema verdade que está revelada em João 3.16.
- Que o Senhor torne esse versículo real para nós – mais real do que qualquer coisa que tocamos, som que ouvimos, cheiro que sentimos, sabor que provamos e sensação que experimentamos em todos os instantes da existência.
- Que o Senhor nos dê o sabor espiritual das verdades de João 3.16. Elas são um tipo de mel espiritual.
Como você descreve o mel, por exemplo, para alguém que não tem as papilas gustativas? Lembrando que as papilas gustativas são responsáveis pelo reconhecimento do sabor das diferentes substâncias. Aliás, como você descreve o sabor ou o gosto? A única forma de alguém se persuadir de que o sabor do mel é doce e de que aquela doçura é real é provando do mel. É provando que se “vê” (que se sente) o sabor.
Esse provar e ver é obra do Espírito Santo, acordando ou fazendo reviver a nossa alma para as verdades espirituais de João 3.16. Isso é novo nascimento, é salvação, é avivamento, é despertamento, é consagração, é fervor. Então, por favor, ore comigo, interceda comigo para que todos nós possamos provar e ver a doçura do evangelho conforme ele está revelado em João 3.16.
Jo 3.16| “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
Ainda sobre o sabor. Falo agora para aqueles que já provaram do evangelho, mas não estão sentindo o seu sabor, pois perderam as “papilas gustativas da alma”.
Você sabia que se os apreciadores de café, por exemplo, desejam realmente sentir o gosto do café, eles terão que degustá-lo sem açúcar? Isso mesmo: beber café sem açúcar ou sem adoçante.
Nossas papilas gustativas percebem primeiro o sabor do açúcar e também acentuam o sabor do açúcar, anulando alguns dos principais sabores do café. Dessa forma, dizem os especialistas, a maioria dos apreciadores de café passam a vida inteira bebendo café e não degustam de fato ou por inteiro o sabor dele. É por isso que em alguns estabelecimentos, além do café, nós somos servidos de um copinho d’ água com gás e um pedacinho de chocolate. Por quê? Nas palavras de um especialista no assunto (um barista):
Água com gás | Já presenciei pessoas mexendo o café e colocando a colher no copo com água. Engraçado para mim, mas óbvio para quem não sabe. A água, preferencialmente com gás, limpa, prepara e aguça as papilas gustativas para a degustação. Eu sempre brinco que, quando o café for bom, toma-se antes a água para melhor degustá-lo, mas se for ruim, guarde a água para depois!
Pedaço de chocolate | O chocolate oferecido por alguns estabelecimentos não serve para adoçar o café, mas além de cortesia, finaliza e complementa a degustação. Muitas vezes realçando atributos deixados pelo gostinho do café.
Que o Senhor, pela Palavra, limpe todo e qualquer sabor que nos esteja impedindo de sorver e degustar o evangelho de Cristo expresso aqui em João 3.16; que ele prepare e aguce as “papilas gustativas” da alma de todos nós; que o Espírito Santo realce o sabor do doce evangelho de Deus.
O risco de perecer
A verdade sobre esse texto para nós hoje à noite é bem simples, apesar de, provavelmente, ser uma das coisas mais importantes para nós sabermos em toda a nossa existência na terra. Isto é: Você e eu (e todos os demais cidadãos deste planeta) pereceremos se não depositarmos a nossa fé exclusivamente em Jesus Cristo.
À parte de Cristo, todos nós pereceremos. Sei que é duro e bastante controverso o que acabei de dizer, mas é a pura verdade do evangelho de Cristo. Portanto, pensem comigo sobre três indagações:
- O que é perecer?
- Por que todos nós pereceremos se não crermos em Cristo?
- Qual a utilidade de uma notícia tão ameaçadora?
Limpem suas papilas gustativas e bebam comigo… Provem e vejam a doçura do evangelho nesta verdade tão fundamental: “O risco de perecer”.
1. O que é perecer?
O verbo “perecer” é um daqueles cuja definição dos dicionários, além de não ser suficiente, pode até ser enganosa se comparada à luz do seu significado bíblico. Por exemplo: Aurélio diz que perecer é…
Deixar de existir; ter fim; acabar, findar. Morrer. Ser destruído, assolado ou devastado.
Ou seja, pela definição pura e simples do verbo em nosso vernáculo, “perecer” significa aquilo que a maioria comumente pensa: “Morreu, acabou!” Mas, à luz da Bíblia, à luz do evangelho, perecer está longe de ser “Morreu, acabou!”.
1.1 – Perecer é… estar sob a ira de Deus
Jo 3.18 | Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus.
A questão não é simplesmente morrer, mas já estar sob a condenação de Deus, o que piorará infinitamente mais após a morte.
A condenação ou o juízo de Deus sobre toda a criação podem, por exemplo, ser notados nas catástrofes naturais. Não é a “mãe natureza” que está nervosa com a forma como nós a tratamos, mas é Deus que está irado por termos tripudiado a sua glória. Por isso é que lemos:
Jo 3.36 | Quem crê no Filho tem a vida eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele”.
O que João ensina é que se somos impedidos de perecer, tudo é por causa do amor de Deus que nos resgata da ira de Deus. Perecer, portanto, significa permanecer sob a ira de Deus por se recusar a crer no Filho.
1.2 – Perecer é… tormento ardente
Em outro livro seu, João descreveu o tormento de alguém que perece, da seguinte forma:
Ap 14.10 | também beberá do vinho do furor de Deus que foi derramado sem mistura no cálice da sua ira. Será ainda atormentado com enxofre ardente na presença dos santos anjos e do Cordeiro.
Perecer não é, como alguns dizem: “Morreu, acabou!” Perecer é permanecer existindo eternamente em tormento ardente no inferno.
1.3 – Perecer é… separação da glória de Deus
Veja como Paulo descreve o que é perecer:
2Ts 1.9 | Eles sofrerão a pena de destruição eterna, a separação da presença do Senhor e da majestade do seu poder.
Aqui neste mundo, Deus se revela a nós em milhares e milhares de maneiras a cada dia, se quisermos ver, claro! No inferno, porém, os que perecem serão cortados de toda a sua gloriosa presença; eles experimentarão apenas a ira de Deus.
1.4 – Perecer é… castigo irreversível e eterno
Em João 3.16, perecer é o oposto de “vida eterna”; logo, perecer é “perecer eternamente”. Além de João e de Paulo (2Ts 1.9), Jesus também falou da duração deste estado de perecimento:
Mt 25.46 | “E estes irão para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna”.
Além de eterno, o estado de perecimento é irreversível. Na parábola do Rico e Lázaro, Jesus disse que há um abismo intransponível entre vida eterna e castigo eterno (Lc 16.26).
O que é perecer?
Perecer, pois, significa permanecer sob a ira de Deus; será um tormento ardente, eterno e irreversível de castigo após a morte; é a separação da glória de Deus.
Que grande momento é este para você fugir da ira de Deus! Hoje poderá ser o tempo aceitável do Senhor para você.
2Co 6.2 | Pois ele diz: “Eu o ouvi no tempo favorável e o socorri no dia da salvação”. Digo-lhes que agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação!
A notícia maravilhosa de João 3.16 é que “Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
2. Por que todos nós pereceremos se não crermos em Cristo?
A resposta bíblica mais simples para essa pergunta é que todos nós pecamos e, por isso, fomos “destituídos da glória de Deus” (Rm 3.23).
Em Romanos 6.23 Paulo diz que “o salário do pecado é a morte”, isto é: perecer eternamente. Todos nós pecamos. Pecadores merecem perecer; assim como criminosos merecem a punição do juiz.
Agora, por que o pecado é algo tão sério a ponto de merecer o perecimento ou a condenação eterna?
- Sabe aquele sentimento que fica na gente quando fazemos o melhor de nós para alguém, desejando ajudá-lo, servi-lo, alegrá-lo, enfim, dar a ele o que nós temos de mais precioso (nosso amor, por exemplo), mas a pessoa rejeita, esnoba, age com indiferença… Não fica um sentimento de tristeza, de raiva e de melancolia no coração? Por quê? Fomos criados para trocar afetos de amor e de gratidão.
Pois bem, sem entrar no mérito ético da questão acima, veja…
- Deus é a pessoa mais digna do universo. A sua grandeza e o seu valor são infinitos. Todas as coisas são medidas pelo padrão dele, o Criador. Ele é a verdade. Ele é o caminho. Ele é a vida. Ele é o início e o fim de todas as coisas. Tudo e todos dependem dele para todas as coisas. Devemos, pois, a ele confiança perfeita, lealdade total, amor, adoração, honra, louvor, respeito, obediência… simplesmente porque ele nos fez, nos possui e nos sustenta.
- Portanto: rejeitá-lo, não crer nele, desobedecê-lo, negligenciá-lo e não ter mais prazer nele do que em qualquer outra coisa… isso, e muito mais, são insultos e pecados de magnitude infinita. Sendo ele um Ser infinito, de valor infinito, de honra infinita… um crime contra ele (o desprezo da sua glória), merece castigo eterno, merece perecimento.
Quanto mais essas verdades se assentam no coração da gente, mais João 3.16 se torna precioso:
“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
3. Qual a utilidade de uma notícia tão ameaçadora?
Qual a utilidade de uma notícia tão ameaçadora? Amor.
O ponto não é assustar, não é impor medo ou terror, mas alertar para o caminho da paz e da salvação na hora do medo.
Todos nós enfrentaremos a morte. Temos certeza disso, gostemos ou não gostemos. A morte é o maior de todos os nossos medos. Por quê?
- Não é simplesmente porque nós não queremos deixar as pessoas e as coisas que amamos para trás; não é só porque nos importamos com a situação daqueles que nós deixaremos; não é pelo medo do desconhecido.
- Há no coração de todos nós o senso de prestação de contas. Deus nos fez assim. Esse medo nasceu no momento que, pelo pecado, nós nos afastamos de Deus. Todos nós sabemos que um dia estaremos face a face com o Criador. Isso não só causa medo, mas é a raiz de todos os medos.
Então, que fazer? Crer para não perecer. Depositar a fé em Cristo.
John Newton ficou famoso pelo hino que compôs: “Amazing Grace” (“Preciosa a graça de Jesus”, 314 HCC).
Preciosa a graça de Jesus, que um dia me salvou.
Perdido andei, sem ver a luz, mas Cristo me encontrou.
A graça, então, meu coração do medo me libertou.
Oh, quão preciosa salvação a graça me outorgou!
Promessas deu-me o Salvador, e nele eu posso crer.
É meu refúgio e protetor em todo o meu viver.
Perigos mil atravessei e a graça me valeu.
Eu são e salvo agora irei ao santo lar do céu.
Antes, porém, ele era um perdido pecador.
Nasceu em 1725. Tornou-se um capitão dos mares e traficante de escravos. Converteu-se a Cristo depois de uma série de perigos terríveis que o chocaram e chamaram a sua atenção para a seriedade das coisas espirituais; fê-lo pensar sobre céu e inferno.
Certa vez, em uma de suas viagens em alto-mar, o navio quase naufragou. A vida dele ficou por um fio. Após esse sério episódio, enquanto Deus ainda estava nesse processo de transformá-lo, John Newton estava caçando em alguma floresta do povoado de Londonderry, na Irlanda. Então ele conta:
Enquanto eu subia num barranco, carregando a minha espingarda pendurada às minhas costas, ela disparou raspando o meu rosto; tão rente foi o disparo, que a pólvora queimou o canto do meu chapéu.
John Newton interpretou essas experiências como a forma de Deus atraí-lo para si, ensinando-lhe a temer o seu nome. Diante do medo da morte, o único lugar onde ele encontrou alívio para o medo foi nos braços de Deus. Na “Preciosa Graça de Jesus”.
Converteu-se a Cristo e compôs “Amazing Grace” onde, na segunda estrofe, se canta:
A graça, então, meu coração
do medo libertou.
Oh, quão preciosa salvação
a graça me outorgou!
Preciosa a Graça de Jesus
314 HCC
A tradução livre do original inglês é mais completa e bela em sua mensagem:
Foi a graça que ao meu coração ensinou temor
E a graça dos meus medos me libertou
Quão preciosa aquela graça a mim pareceu
Na hora em que o meu coração creu.
Amazing Grace
John Newton
Que o Senhor traga libertação ao seu coração, livrando-o do medo da morte, do medo de partir e deixar essa vida…
Que o Senhor te dê vida eterna, conforme a mensagem de João 3.16…
“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”
O risco de perecer
Existe o risco de perecer, mas você pode sair daqui seguro. Creia em Cristo Jesus, glorifique a Deus em sua vida, admire a glória de Jesus.
2Ts 1.9-10 | 9 Eles sofrerão a pena de destruição eterna, a separação da presença do Senhor e da majestade do seu poder. 10 Isso acontecerá no dia em que ele vier para ser glorificado em seus santos e admirado em todos os que creram, inclusive vocês que creram em nosso testemunho.
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