Se você tem
Comida na geladeira;
Roupas no armário;
Um telhado sobre sua cabeça;
Um lugar para dormir;
Então você é mais rico que 75% da população mundial.
Se você tem algum dinheiro no banco e um pouco na carteira, está entre os 8% mais ricos do mundo, isto é, 92% da população do mundo vivem com menos que você!
Se nunca experimentou o perigo de uma batalha, a solidão de um cativeiro, a agonia da tortura ou a dor da fome, está à frente de 500 milhões de outras pessoas no mundo.
Se você freqüenta uma igreja sem medo de ser importunado, preso, torturado ou morto, é mais abençoado que 3 bilhões de pessoas no mundo.
Saber disso não deve criar em você sentimento de culpa, mas gratidão a Deus por Ele ter lhe permitido esta situação privilegiada. Porém, é preciso se sentir incomodado. A culpa deve ser a de ignorarmos os homens, mulheres e crianças deste mundo que não têm o que temos.
Gastar a maior parte de nosso tempo, dinheiro e recursos apenas conosco e com nossa família é uma culpa legítima.
Vamos dizer que algo está começando a se movimentar em sua alma enquanto você pensa nisso.
Rendição
“ceder”, “desistir”, “admitir derrota”, “baixar a guarda”, “submeter-se”, “recuar”, “entregar-se”… Rendição implica em fracasso, uma decisão tomada quando nenhuma outra é possível. Até aqueles que já reconheceram Jesus como seu Salvador e Senhor tem dificuldade para entregar sua vontade pessoal a Ele diariamente. Exercemos controle demais, somos muito orgulhosos.
Mas da perspectiva de Deus, render-se à vontade divina tem apenas conotações positivas.
Render-se significa que chegamos ao fim de nossa independência em relação a Deus, ao fim de nossa confiança na auto-suficiência e ao fim de nossa insistência em não precisar Dele.
“Deus me escolheu para ser uma pessoa comum” – pode ser uma conclusão que você tenha chegado.
Examine o exemplo de Maria.
“Eu sou uma serva de Deus, que aconteça comigo o que o Senhor acabou de me dizer” Lucas 1.38 – NTLH
Ela viu seu filho cruelmente massacrado, colocado num túmulo, ressuscitado, e depois indo embora para sempre, dessa vez para o céu. Será que dizer “sim” traria, em algum momento, alegria para sua alma? Mais adiante, em Atos, ficamos sabendo que Maria estava entre os 120 discípulos acomodados no cenáculo e, provavelmente, estava lá quando o Espírito Santo desceu aos fiéis. Finalmente, a libertação, a redenção, as respostas para as perguntas. Maria não esperou tudo ficar claro para se entregar a Deus! Ela simplesmente disse: “Cumpra em mim o Seu querer”.
Considere isso: querer servir a Deus em algumas condições, mas não em outras, é servi-Lo à própria maneira; não impor limite em sua submissão a Deus, entretanto, é realmente morrer para si mesmo. É assim que se louva a Deus.
I – A RENDIÇÃO ARRISCADA…
1. IMPLICA EM ABRIR MÃO DO “MEU EU”.
“Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, este a salvará” Lucas 9.24
“Assim como a maioria dos adultos, dedico boa parte do meu tempo, minha energia e meu dinheiro para controlar, polir, proteger e defender meu pequeno reino particular” …
“nesse reino, existe muito pouco espaço para os que não querem fazer as coisas do meu jeito, que não concordam em que sou a pessoa mais importante que existe. Quando os outros me tratam como eu “mereço”, então podemos nos entender.” Kay, pg 32.
Mas Deus nos ama mesmo assim.
Cl 1.13,14
“Pois ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados.”
Depois de uma amostra do amor que Deus tem por você, é possível relaxar e já não se esforçar tanto para administrar a sua vida sozinho. Somos amados, e isso nos leva à rendição.
Ef 3.16-19
“Oro para que, com as suas gloriosas riquezas, ele os fortaleça no íntimo do seu ser com poder, por meio do seu Espírito, para que Cristo habite no coração de vocês mediante a fé; e oro para que, estando arraigados e alicerçados em amor, vocês possam, juntamente com todos os santos, compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que vocês sejam cheios de toda a plenitude de Deus.”
Mc 8.34-37
“Então ele chamou a multidão e os discípulos e disse: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo evangelho, a salvará. Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderia dar em troca de sua alma?”
“Tomar a cruz” é uma atitude de obediência radical a Deus em que você, por vontade própria, aceita qualquer conseqüência pelo bem de Jesus. É concordar com Deus que o caminho Dele é o melhor em qualquer situação e escolher a obediência a Ele acima de qualquer autoridade, sem levar em conta o que você pensa sobre o assunto. Esse “morrer” para a própria vontade e para o autocentrismo não acontece facilmente dentro de nós. São necessários anos e anos de prática e o processo abrange os maiores e menores detalhes de nossa vida.
Todos os dias, por meio de circunstâncias que cruzam o nosso caminho, Deus nos concede oportunidades para tomarmos a nossa cruz e morrermos para nós mesmos.
Podemos escolher a atitude da mulher de Jó ou preferir a atitude de Jó.
Kay queria muito ser usada por Deus. Ele a fez ver como Ele a tinha feito para ser “normal” e ela, vendo isso, teve paz e criou a expectativa de que, um dia, Deus a usaria para Seus propósitos. Mas os dias se transformaram em meses, e os meses em anos. Rick se transformou no líder cristão famoso, e ela foi vivendo circunstâncias que a afastavam do ministério. Ela foi se sentindo como que “colocada em uma estante”. Um dia, ela se percebeu com inveja de seu esposo. Não torcia mais por ele, mas o criticava. Não se alegrava mais com as vitórias e sucessos, mas se ressentia com a falta dessas coisas em sua vida. “O reino do meu eu veio à tona com força total”. Mas ela viu a feiúra de sua alma e foi para o Senhor para analisar a situação, o que resultou em outro passo na rendição arriscada: uma oração de entrega em que ela se dispunha a ficar para sempre em qualquer posição que o Senhor a colocasse. Isso a libertou de ficar se comparando a Rick – parou de se preocupar com o que aconteceria a si mesma. E finalmente chegou a paz. A rendição sempre traz a paz.
Veja a situação de Pedro:
João 21.18-22.
“Digo-lhe a verdade: Quando você era mais jovem, vestia-se e ia para onde queria; mas quando for velho, estenderá as mãos e outra pessoa o vestirá e o levará para onde você não deseja ir”. Jesus disse isso para indicar o tipo de morte com a qual Pedro iria glorificar a Deus. E então lhe disse: “Siga-me!” Pedro voltou-se e viu que o discípulo a quem Jesus amava os seguia. (Este era o que estivera ao lado de Jesus durante a ceia e perguntara: “Senhor, quem te irá trair?”) Quando Pedro o viu, perguntou: “Senhor, e quanto a ele?” Respondeu Jesus: “Se eu quiser que ele permaneça vivo até que eu volte, o que lhe importa? Quanto a você, siga-me!”.”
Pedro fez o que a maioria de nós faria: olhar em volta e examinar o grupo, perguntando: “bem, e ele?”. Jesus responde simplesmente: “siga-me você”.
Há uma oração dos puritanos, do século XVII:
“Senhor, a ti pertencemos. Usa-nos para o que quiseres e onde quiseres; seja para cumprir alguma tarefa ou para sofrer por causa do seu nome; dispõe de nossa vida ou dispensa-nos; conforme o teu querer; exalta-nos ou humilha-nos; enche-nos ou despoja-nos; concede-nos tudo ou deixa-nos sem nada. Livremente e de todo coração, nós nos submetemos à tua vontade. E agora, glorioso e bendito Deus, Pai, Filho, e Espírito Santo, tu és o único Deus e nós, o teu povo. Assim seja! E que o pacto que firmamos na Terra seja confirmado nos céus. Amém”.
2. IMPLICA EM ACEITAR O MODO DE DEUS FAZER.
“Provem e vejam como o Senhor é bom. Como é feliz o homem que nele se refugia” Sl 34.8
Seis meses depois da primeira visita à África, Kay recebeu o diagnóstico de câncer de mama. Não foi um tipo light de enfermidade – foi agressivo e difícil. As quimios a deixaram totalmente arrasada, lidando com médicos insensíveis e com os piores resultados de exames e procedimentos (veja a pg. 68 do livro).
Mas ela atesta: o sofrimento permitiu que as coisas supérfluas da vida normal fossem removidas, expondo a fé a um teste de realidade. Isso permitiu descobrir os furos, inconsistências e pontos fracos no relacionamento com Deus, dos quais ela não se havia dado conta.
Na tempestade, ela “se amarrou” ao mastro – amor de Deus, e correu para Ele em sua dor ao invés de correr Dele.
Além disso, hoje ela pode realmente se identificar com quem luta contra a morte.
E não foi só um câncer, um melanoma a atingiu um ano e meio depois do tratamento do câncer de mama. Mas o segundo diagnóstico apenas reforçou a determinação de viver a vida deliberadamente, sem momentos perdidos.
Kay passou da simpatia para a empatia – agora ela sabia o que era correr o risco de morrer.
2 Co 1.3-7
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos consola em todas as nossas tribulações, para que, com a consolação que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações. Pois assim como os sofrimentos de Cristo transbordam sobre nós, também por meio de Cristo transborda a nossa consolação. Se somos atribulados, é para consolação e salvação de vocês; se somos consolados, é para consolação de vocês, a qual lhes dá paciência para suportarem os mesmos sofrimentos que nós estamos padecendo. E a nossa esperança em relação a vocês está firme, porque sabemos que, da mesma forma como vocês participam dos nossos sofrimentos, participam também da nossa consolação.
A maneira de Deus fazer as coisas pode não ser claramente entendida em um primeiro momento, mas confiar Nele sempre revelará que Ele fez, está fazendo, e fará o que é melhor, sempre.
3. IMPLICA EM ENCARAR O MAL QUE HÁ DENTRO DE CADA UM DE NÓS.
Jeremias 17.9
“O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?”
Rm 3.23
“pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus”
Tg 4.2
“Vocês cobiçam coisas, e não as têm; matam e invejam, mas não conseguem obter o que desejam. Vocês vivem a lutar e a fazer guerras. Não têm, porque não pedem.”
Tg 1.14,15
“Cada um, porém, é tentado pelo próprio mau desejo, sendo por este arrastado e seduzido. Então esse desejo, tendo concebido, dá à luz o pecado, e o pecado, após ter se consumado, gera a morte.”
A verdade é que “estamos a um passo da queda”. Escandalizamos com os políticos, com os desonestos, com os exploradores, mas bem sabemos que pecado não tem tamanho.
Devemos encarar nossas mazelas como elas são – sem colocar nenhuma espécie de enfeites ou justificativas. Ao assistir “O aprendiz”, fico estupefata em ver como o Roberto Justus “desmonta” todas as justificativas que os aprendizes dão para seus erros. E penso: como somos infantis diante de Deus. Sempre tentamos justificar as nossas falhas com os mais variados tipos de argumentos.
Mas o coração quebrantado é o que atrai Deus, não o espírito altivo! Quebrantamento é uma raridade em nossos dias – aquele quebrantamento que reconhece o que somos e do que somos capazes diante de Deus, a exemplo de Isaías.
4. IMPLICA EM PARAR DE FALAR E COMEÇAR A FAZER.
“Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade”. I Jo 3.18
É preciso ir. Ver o que está acontecendo. Chorar com os que choram.
(estatísticas de SJC)
Kay menciona a definição “seriamente perturbada” para ela. Como você se coloca a respeito disso? Hoje, ela convida as pessoas a se juntarem ao Clube dos seriamente perturbados e gloriosamente arrasados. Você quer fazer parte?
Você não irá ficar arrasado em sua sala. É preciso fazer alguma coisa: participar de uma reunião, visitar alguém no hospital, participar de uma conferência, ler para um cego, servir uma refeição para um sem-teto, pegar no colo um bebê soropositivo, participar de uma viagem missionária de curto prazo – algo que o coloque em contato com quem sofre.
5. IMPLICA EM TOMAR POSIÇÃO.
“Não participem das obras infrutíferas das trevas; antes, exponham-nas à luz. Porque aquilo que eles fazem em oculto, até mencionar é vergonhoso. Mas, tudo o que é exposto pela luz torna-se visível, pois a luz torna visíveis todas as coisas” Ef 5.11-13
Chega uma hora em que precisamos “descer do muro”. É confortável ficar lá, onde ninguém pode nos confrontar e onde temos a “segurança” de não sermos rotulados. Kay mesmo diz que agora sim ela é atacada, mas nunca antes ela fora criticada. O Rick era, ela não. Ela está sendo agora, porque está tomando uma posição.
Muitos de nós escolhemos o conforto de não chamar o pecado de pecado, o mau de mau. Dizemos “cada um cuida de si mesmo”. Deixamos que as pessoas sejam atingidas, corroídas, corrompidas, ferir e serem feridas, imaginando que nada podemos fazer mesmo – mas o fato é que temos medo de sermos atingidos.
Jesus nunca esteve sentado no muro, muito menos usou um para se proteger. Nós nos omitimos. O que dizer diante da verdade: “quem cala, consente?”.
6. IMPLICA EM EXERCER O DOM DA PRESENÇA.
Mateus 1.23
“A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe chamarão Emanuel, que significa “Deus conosco“”..
“ofereça a si mesmo” – é a melhor dádiva que seu próximo possa querer.
Rm 12.15
“Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram.”
As aparências enganam. Porque uma mulher é uma prostituta? Porque uma pessoa é tão amarga? Porque uma mulher é tão agressiva?
Chegar perto faz muita diferença.
7. INCLUI A ALIANÇA DO SOFRIMENTO.
Filipenses 3.10
“Quero conhecer Cristo, o poder da sua ressurreição e a participação em seus sofrimentos, tornando-me como ele em sua morte.”
“Toda vez que seu coração se quebranta por uma criança órfã da AIDS, saiba que o coração de Deus está se quebrantando também. Toda vez que você chora ao ver mulheres e homens à beira da morte, saiba que há lágrimas no rosto de Deus. Quando você chega à conclusão que não pode suportar mais a dor nem por um segundo mais e deseja acabar com todo o mal do planeta, saiba que a paixão de Deus em destruir o mal é ainda maior. Você pode provar agora apenas um pouco da angústia que Deus sente pelo nosso mundo decaído. Se você o permitir, alcançará uma comunhão mais profunda com Ele quando compartilhar os sofrimentos de Cristo. Ele sofre pelo nosso mundo. Você tem o privilégio de se unir a Ele em sua dor e sofrimento. Você e Jesus irão sofrer juntos”
Pr. Mike Constanz
Qualquer dor que sentimos em relação à dor de outra pessoa tem origem no coração de Deus e não no nosso. Por isso, é preciso entregar o desejo de salvar o mundo e simplesmente entrar em comunhão com Cristo.
1 Corintios 10.16-17
“Não é verdade que o cálice da bênção que abençoamos é uma participação no sangue de Cristo, e que o pão que partimos é uma participação no corpo de Cristo? Como há somente um pão, nós, que somos muitos, somos um só corpo, pois todos participamos de um único pão.”
8. IMPLICA EM COMPROMISSO COM A IGREJA LOCAL.
Mateus 10.7,8
“Por onde forem, preguem esta mensagem: O Reino dos céus está próximo. Curem os enfermos, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça; dêem também de graça.”
Mt 28.19,20
“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”.
Tg 1.27
“A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo.”
Deus escolheu a igreja! Ele não propôs outra coisa ou alternativa.
“A igreja é a esperança do mundo”. Isso tem a ver diretamente com você.
Conclusão:
Hoje de manhã há um convite da parte de Deus:
1. para abdicar do seu reino pessoal e entregar sua coroa a Cristo;
2. para aceitar o tratamento de Deus em sua vida;
3. para descer do muro e tomar posição diante do mundo;
4. para parar de falar e passar a fazer;
5. para admitir que, afinal de contas, não somos melhores que ninguém;
6. para oferecer a si mesmo para as pessoas;
7. para sofrer com Jesus;
8. para fazer um compromisso com o corpo Dele, a igreja.
Render-se à grandiosidade do amor de Deus para encher-se dele, de tal forma que o mundo receba Dele por você, com uma abundância nunca antes vista.
Amém.
– Baseado na obra de Kay Warren –