De vez em quando Deus precisa despertar o nosso espírito, assim como despertou o de Zorobabel, Josué e de todo o povo (v.14). O nosso espírito é o nosso verdadeiro eu, o nosso homem interior. É com o nosso espírito que louvamos ao Senhor de verdade.
– Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade (João 4.24).
É em espírito que oramos o tempo todo: …Orando em todo tempo no espírito… (Ef 18).
A Consagração acontece primeiramente em nosso espírito. Talvez seja por isso que o Senhor Jesus nos diz para amarmos a Deus de todo nosso coração, alma, força e entendimento (Lc. 10.27).
Mas às vezes o nosso espírito se endurece, se ensurdece, se ensoberbece, se mistura, se esquece das práticas devocionais, adormece, e não mantém viva a comunhão com Deus. Por isso, de vez em quando, Deus precisa despertar o nosso espírito.
Ao fazer isso, usando seus instrumentos múltiplos, como aqui que usou o Profeta Ageu, usando irmãos para falar ao nosso coração, Deus tem um propósito em despertar o nosso espírito:
I- PARA NÃO SATISFAZERMOS NOSSA NATUREZA TERRENA
Aqui, no contexto de Ageu, o povo tinha voltado do cativeiro babilônico, já tinha se instalado na terra, estavam construindo suas lindas casas, mas não se preocupava com o estado precário da Casa de Deus (v. 2-4).
Diziam com muita empáfia: Ainda não chegou o tempo, o tempo em que a casa de Deus deve ser edificada.
Nós também somos tomados do mesmo sentimento. Somos hábeis para arrumar justificativa que tiram de nós a força para fazer o trabalho de Deus, para ajudarmos na edificação do seu corpo, que é a igreja. O que seria hoje as nossas casas apaineladas? Talvez nossos objetivos pessoais, nossos estudos, emprego, lazer, etc.
Quanto mais endurecido for o nosso coração, tanto mais valorizaremos a nós mesmos em detrimento do trabalho de Deus.
Deus não gosta de procrastinação, de demora. Ele nos estimula a responder hoje:
Josué 24.15- Porém, se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei, hoje, a quem sirvais: …Eu e minha casa serviremos ao Senhor.
Hebreus 3.7 – Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vossos coração como foi na provocação, no dia da tentação no deserto.
O que Deus está querendo de nós hoje? Qual o seu propósito? Qual a sua vontade? Estamos interessados em saber ou estamos mais preocupados com as nossas casas apaineladas, ou seja, com os nossos projetos pessoais?
II- PARA SERMOS ABENÇOADOS EM NOSSOS PROJETOS PESSOAIS
Observem os irmãos que Deus chama o povo à reflexão sobre a condição deles diante do abandono da Casa de Deus. Ele diz: Considerai (v.5).
Deus nos faz pensar, refletir, analisar, se o esforço que fazemos sem colocá-lo em primeiro lugar, vale a pena. A reflexão sincera nos fará ver que qualquer projeto sem a primazia de Cristo em nossa vida, é fracasso (v.6- 11). O povo não tinha a vida abundante que Deus dá (João 10.10). Não havia contentamento, que é grande fonte de lucro (1 Tm 6.6).
É interessante que Deus não despreza as nossas necessidades e projetos pessoais, mas não permite que estes tirem o lugar dele em nossas vidas. Em Mateus 6.25-34 o Senhor Jesus fala de nossas necessidades, mas nos alerta, no verso 33 que devemos buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça. O resultado é que as demais coisas nos serão acrescentadas. Esta verdade reflete o que o salmista nos ensina quanto às questões materiais:
Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus amados ele dá enquanto dormem (Sl 127.2).
No final de um dia, de uma semana, de um mês, de um ano, de uma vida, só nos sentiremos realizados se tivermos feito do projeto de Deus o nosso principal objetivo de vida.
III- PARA QUE ELE SEJA GLORIFICADO
Será que Deus estava realmente preocupado com coisas materiais, como um templo? Claro que não. Ele queria o templo pronto, para ali ser glorificado (v.8).
Na história de Israel estava registrada que o templo era o lugar de Deus mostrar a sua glória. Foi assim quando Salomão inaugurou o primeiro templo:
2 Cr. 7:1-3
1- Tendo Salomão acabado de orar, desceu fogo do céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios; e a glória do SENHOR encheu a casa.
2- Os sacerdotes não podiam entrar na Casa do SENHOR, porque a glória do SENHOR tinha enchido a Casa do SENHOR.
3- Todos os filhos de Israel, vendo descer o fogo e a glória do SENHOR sobre a casa, se encurvaram com o rosto em terra sobre o pavimento, e adoraram, e louvaram o SENHOR, porque é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre.
Agora Deus promete algo muito maior (2.9). A glória seria intensa, mas não se igualaria com uma glória descrita no Novo Testamento no novo templo que somos nós:
1 Co. 3.16,17- Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós. Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado.
Ao nos unirmos a Jesus, pela fé; ao mantermos comunhão com Ele, ao buscarmos a santificação; ao nos envolvermos com a sua vontade, experimentamos a glória de Deus em nossas vidas e através de nós Deus é glorificado. Este é o sentido das palavras de Paulo:
2 Co. 3:18 – E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.
Jesus nos mostra que as nossas boas obras, a manifestação de nosso sal e luz, diante dos homens, redundam na glorificação do nome de Deus (Mt. 5.14-16). Sabemos que quando o contrário acontece, quando não nos importamos com as coisas de Deus, o seu nome é desprezado pelos homens.
CONCLUSÃO
Vejamos com Deus fez a sua obra: Primeiramente despertou o espírito de Zorobabel, o governador; depois despertou o espírito do sacerdote; finalmente de todo o povo (v.14). Há uma cadência aqui. Deus desperta a liderança para depois despertar os liderados. Neste sentido devemos orar para que Deus desperte o espírito de nossos pastores, oficiais, líderes, professores de ED. Assim ficará mais fácil despertar o espírito do povo.
A conclusão deste despertamento espiritual é que a obra de Deus foi feita com tanto zelo que Deus se prometeu dignificá-lo com a sua glória (2.9).
Que parceria maravilhosa entre Deus, os líderes e o povo. Naquela unidade de propósito Deus derramou as suas bênçãos.
Cabem aqui as palavras do Senhor Jesus que prometeu nos usar abundantemente:
João 7:38 – Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.
Ore, peça que Deus desperte o seu espírito, e assim, em vez de dar prioridade aos seus projetos, coloque os de Deus em primeiro lugar. Assim, se você cuidar dos negócios de Deus, Ele promete cuidar dos seus.