Servir uns aos outros é algo estranho. Para ser grande no céu, começa com a humilhação. Foi o próprio Senhor Jesus Cristo que afirmou isto. “Quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos” (Mc 10.43-44). O Senhor Jesus Cristo mostra o caminho da vida cristã. Não é um caminho cheio de glória. Não é um caminho de auto-exaltação. Pelo contrário, é um caminho de humilhação. Humilhação é uma palavra carregada de significado que menospreza as pessoas no mundo. Mas, o próprio Senhor diz que o caminho de glorificação começa com a humilhação. E foi exatamente o que aconteceu com Ele. Ele foi humilhado primeiro e só depois foi glorificado.
Todo homem por natureza é orgulhoso. Ninguém gosta de servir. Ninguém gosta de ser humilhado. Porém, para estarmos no céu, o nosso orgulho deve ser morto. Não devemos ter medo de sofrer. Nosso velho homem deve desaparecer de nossas vidas. E o caminho para isto é ser humilde. Humildade é uma virtude maravilhosa na vida do crente. Sem humildade não nos humilhamos na presença do Senhor. Não queremos servir uns aos outros. Porque achamos algo feio. Porém, nosso Senhor Jesus Cristo se humilhou de tal maneira, que entregou sua vida. Ele veio para se humilhar. Esta humilhação foi necessária para nossa salvação. Ele foi o maior de todos os diáconos. E, é exatamente sobre isto que irei pregar nesta manhã.
Eu vos proclamo a palavra de Deus sob o seguinte tema:
1. Quem é o Filho do Homem.
Quem é o Filho do Homem? Jesus Cristo é o Filho do Homem. Esta é uma das formas que o Senhor Jesus Cristo usou para revelar quem Ele era. O uso da expressão “Filho do Homem” era conhecida pelos judeus, conhecedores do Antigo Testamento. Pois esta expressão encontramos em Daniel 7.13-14: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de toda as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído”.
Jesus é o Filho do Homem da profecia de Daniel. Este Filho do Homem vem do céu. Ele recebe domínio sobre todas as coisas. Esta profecia retrata o Senhor Jesus Cristo na sua segunda vinda. Ele vem sobre as nuvens com seus anjos. É o dia do juízo final. Ele julgará o mundo com toda autoridade. E os judeus entenderam muito bem o que Jesus estava dizendo. Ele estava dizendo que Ele próprio era Deus. Ele estava reivindicando a divindade para si próprio. Ele estava se colocando no mesmo nível de Deus. Porque de fato Ele é Deus.
Quando o Senhor em Marcos 2 cura um paralítico em Cafarnaum, Ele também perdoa os pecados daquele paralítico. Então os escribas começaram a perguntar: “Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?”. Jesus deixa claro que Ele tem autoridade sobre todas as coisas. Quando Jesus usou o termo “Filho do Homem” os judeus quiseram matá-lo, porque eles sabiam que o termo se refere a Deus. E Jesus estava afirmando isto. Os escribas entenderam muito bem o que Jesus fez. Eles sabiam que só Deus pode perdoar os pecados dos homens. E o que Jesus estava fazendo é uma obra de Deus. Jesus de maneira nenhuma negou o que estava fazendo. Ele declarou para aqueles escribas: “Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados”. Jesus confirmou aquilo que os escribas estavam dizendo. Ele tem autoridade sobre todas as coisas. E Ele deixou isto bem claro para aqueles escribas.
Jesus não foi morto pelos milagres que Ele fez. Ele não foi morto pelo que fez ou pelo que deixou de fazer. Mas, Ele foi morto pelo que dizia ser. Ele foi morto porque Ele dizia que era Deus. Em João 5.18 diz que os judeus queriam matá-lo porque Ele dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus. Quando Jesus estava sendo interrogado pelos sacerdotes e perguntado se Ele era o Cristo, o Filho do Deus Bendito. Jesus respondeu: Eu sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo com as nuvens do céu (Mc 14.6-62). Por causa dessa declaração Jesus foi condenado a morte. E ele cita de maneira idêntica a profecia de Daniel. Confirmando que Ele é aquele que sempre existiu com o Pai e tem domínio sobre tudo e todos.
Ele em toda sua glória, resolveu se encarnar em forma de homem. Ele resolveu vir a terra para morrer e nos resgatar. Mesmo estando aqui na terra em forma de homem, Ele sempre permaneceu o mesmo glorioso Filho do Homem. Ele nunca deixou de ser o eterno Filho de Deus. Mas Ele resolveu vir voluntariamente cumprir a sua missão. Ele quis e veio baixar a amarga cruz. Porque o termo Filho do Homem se refere também ao servo sofredor. Aquele que tem que sofrer pelos pecados do seu povo. Ele se revelou como o Salvador do mundo. A expiação do pecado do mundo. Ele veio salvar seu povo. Mas, seu próprio povo o rejeitou. Foi rejeitado por aqueles que deveriam amá-lo. Mas, mesmo sendo rejeitado, nunca deixou de ser o eterno Filho do homem.
2. Para Que Veio o Filho do Homem.
Irmãos, Jesus faz uma afirmação surpreendente. Ele afirma que “o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10.45). Jesus não é o próprio Filho de Deus? Ele não é o primogênito do Pai? Ele vive em inacessível glória. Agora Ele diz que não veio ser servido. Mas para servir. Por que ele falou desta maneira? Porque Tiago e João, filhos de Zebedeu, instigado pela sua mãe, fizeram um pedido que deixou os outros dez discípulos indignados. Eles pediram no reino de Cristo uma posição de destaque. Eles pediram para um sentar a direita e o outro a esquerda de Jesus. Eles queriam ser o maior entre todos. Eles tinham uma mente terrena do reino de Jesus. Eles pensavam quando Jesus se tornar-se rei de Israel. Por causa deste pedido os discípulos ficaram discutindo entre si para ver quem era o maior, o mais importante entre eles. Então, foi quando Jesus proferiu as palavras: “Pois o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”.
Enquanto os discípulos estavam discutindo querendo ser o melhor. Jesus próprio diz que veio para servir. Ele usa a palavra da qual vem a nossa palavra diácono, que também significa servo. Ele foi o maior diácono. Por quê? Porque Ele não fez uma obra qualquer. A palavra diácono tem um sentido de serviço. Alguém que serve as pessoas. Podemos até falar dos ofícios de Cristo na igreja. Os ofícios de pastor, presbítero e diácono. Esses três ofícios foram dados por Cristo a igreja. Para a sua edificação. Cada pessoa no oficio tem o dever de servir a igreja com seu trabalho. Eles têm que, falando de um modo geral, pregar, ensinar, visitar, acolher ao necessitado e etc. Nesses trabalhos os oficiais fazem o papel de um diácono. O trabalho de ajudar não é somente para aquele que tem o oficio de diácono. Um diácono é um servo. É um servo de Cristo. E todos nós que somos crentes também somos um diácono. Um servo de Cristo. Todos nós somos chamados a servir uns ao outros. Porque o próprio Senhor Jesus disse: “Quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos” (Mc 10.43-44).
Irmãos, a vida cristã é uma vida de serviço. Serviço para o Senhor. Nós somos chamados para sermos diáconos. Para sermos servos de Cristo e do nosso irmão. Jesus nos deu o maior de todos os exemplos para fazermos o mesmo. Para servirmos uns aos outros. Na vida cristã nada é sem sacrifício. Tudo tem um preço. E o maior de todos os preços foi pago pelo nosso Senhor Jesus Cristo. Não estou apenas falando da sua morte na cruz. Porque como Ele próprio disse: “Pois o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”.
O Filho do Homem é o Maior Diácono. Por quê? Porque a sua vida foi de total serviço a Deus e aos homens. Desde a sua decisão de assumir a nossa natureza pecaminosa, Ele abriu mão de todo conforto junto de seu Pai para se encarnar. Como Paulo fala: “Tende o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana; a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.5-8). Ele abriu mão de seus privilégios para vir a terra por amor de nós. O rei veio para ser um serviçal. Veio para servir os seus súditos. Veio para servir a humanidade.
Ele se tornou um verme em vez de um homem. Ele é aquele que em suas andanças de lugar em lugar, onde não havia lugar nas hospedarias para ele. Ele não possuía nem sequer um lugar onde passar a noite. Ele veio para ser o Salvador do mundo, mas em vez de ser recebido como Salvador é rejeitado. A Judéia o rejeita (Jo 5.18) a Galiléia o expulsa (Jo 6.66), Gadara roga que ele deixe sua região (Mt 8.34), Samaria lhe nega hospedagem (Lc 9.53), a terra não o quer (Mt 27.23) e, por fim, até mesmo o céu o abandona (Mt 27.46). Ele se tornou um verme e não um homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo. Todos os que o vêem, zombam dele; afrouxam os lábios e meneiam a cabeça (Sl 22.6-7). Porque zombam dele. Ninguém quer Ele. “Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso” (Is 53.3). O mundo despreza o Filho de Deus porque quer viver em trevas. São cegos. Estão mortos e sem sentidos de direção.
Porém, o Senhor tem misericórdia dos pecadores deste mundo. Porque Jesus Cristo veio para nos servir. Ele veio para trabalhar pela nossa salvação. Ele como o grande diácono, teve uma vida de serviço. Durante toda a sua vida, Ele carregou sobre os seus ombros os nossos pecados. Com diz o profeta Isaías no 53.4: “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido”. Toda a sua vida foi de sofrimento. Ele teve que carregar durante toda sua vida, os nossos pecados. Ele durante toda a sua vida estava sofrendo com o castigo de Deus sobre Ele. Porém, nunca o encontramos reclamando do seu destino e do seu trabalho de servir. Pelo contrário, o vemos indo de encontro aos seus assassinos. Acompanhe comigo a leitura de marcos 10.32-34 (ler).
Para onde Jesus está indo? Para Jerusalém. Ele ia na frente. A multidão o está seguindo. Ele está indo com pressa para Jerusalém. O verso 32 parte b diz: “Estes se admiravam e o seguiam tomados de apreensões”. Eles estavam admirados com o quê? Estavam admirados com a sua disposição para ir a Jerusalém sem se preocupar com o que vai acontecer com Ele. Ele vai em busca da morte. Ele não é nem um suicida. Ele é um servo de Deus. O nosso Salvador. O cordeiro de Deus. Que deve ser morto pelo seu povo. Ele quer se sacrificar por nós. Mas, ao mesmo tempo Ele se preocupa com seus discípulos. Ele percebe a apreensão em seus corações. Por isso, chama-os a parte e diz o que vai acontecer com Ele em Jerusalém. Ele será condenado a morte. Mas será ressuscitado no terceiro dia.
Irmãos, Jesus veio para trabalhar como um diácono pela nossa salvação. Ele trabalhou toda a sua vida para nos salvar. Ele nos deu o exemplo de servir. Agora, vamos colocar em pratica ajudando uns aos outros e trabalhando para a obra de Deus. Com certeza há gloriosas recompensas para todos os genuínos seguidores do Senhor, mas é sempre o caminho da cruz que conduz ao lar celestial. É sempre sofrendo e gemendo que chegaremos ao céu. Porém, não é motivo de tristeza. Pelo contrário, é motivo de alegria. Porque se na vida cristã tudo fosse um mar de rosa, nós não estaríamos aqui ouvindo o que Jesus fez por nós. Como Ele carregou a amarga cruz para nos dar a vida. E o caminho daqueles que querem servi-lo é por meio de sofrimento. Por isso cada um deve pegar a sua cruz e seguir a Cristo. A palavra sofrimento é significativa na vida do cristão. Nós sofremos porque este é o destino de todos que querem servir a Cristo. Se você é um servo ou diácono fiel ao Senhor, sofra pelo seu nome. Carregue a sua cruz e siga a Cristo.
3. Quem o Filho do Homem Veio Resgatar.
O Filho do Homem veio resgatar ao que estava perdido. Ele veio resgatar o seu povo. Aquele que o Pai havia dado a Ele antes da fundação do mundo. Note no texto da pregação a frase: “… dar a sua vida em resgate por muitos”. A sua morte foi o resgate do seu povo. Resgate era o preço pago por um escravo. E Jesus fez isto. Ele pagou o preço pelas pessoas que estavam escravizadas pelo pecado. Ele pagou a Deus o preço que Ele exigiu. O texto fala que Ele veio dar a sua vida por muitos. A morte de Cristo não deve ser vista como algo forçado. Mas como algo voluntário. Ele quis ser o nosso resgate. Ele morreu sem fazer acepção de pessoas. Ele morreu por muitos.
Isto nos faz lembrar logo de Isaías 53.8: “Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido”. Ele foi sacrificado por causa do povo de Deus. Não foi por todas as pessoas do mundo inteiro. Mas apenas pelos eleitos de Deus. Isaías 53.10 ainda diz: “Ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos”. Deus o escolheu para ser o preço pelos nossos pecados. Ele deu sua vida para fazer a vontade do Senhor. Ele mostrou que é capaz de pagar o preço que o seu povo devia a Deus. Deste modo a vontade do Senhor foi satisfeita. A ira foi retirada de sobre nós. Nós somos frutos do seu trabalho penoso.
Isaías 53.11-12 diz: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si. Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu”. O seu trabalho foi penoso e sofrido do início ao fim de sua vida. Mas, seu sofrimento foi para nossa justificação. Ele salvou a muitos. Não a todos, mas a muitos. E nós estávamos nestes MUITOS. Fomos arrancado da escravidão do pecado. Libertos do tormento do inferno. Fomos postos no lar celestial. Tudo isso porque Ele resolveu nos resgatar da morte. Ele nos deu vida, estando nós ainda mortos. Ele morreu por nós quando ainda éramos inimigos de Deus. Ele morreu pelos pecadores, que somos nós. Ele viu o seu trabalho penoso e se alegrou com sua obra maravilhosa.
Este resgate voluntário que Cristo fez na cruz por nós, deve refletir nas nossas vidas. Porque assim como Cristo desceu do céu para se humilhar. Os doze discípulos deveriam pensar sobre isto e todos os seguidores que viriam. O amor de Cristo deve ser mostrado ao mundo. Deve ser refletido em nossas vidas diária. Um amor sacrificial e voluntário. Não deve ser apenas da boca para fora. Mas, deve ser de fato e verdade. Para chegarmos ao céu, devemos nos humilhar. Porque este é o nosso destino. Uma vida de serviço ao Senhor. Ele deu o exemplo de sacrificar sua vida por nós. E nós devemos abrir mão daquilo que mais gostamos por amor a Deus. Seja um serviçal como Jesus Cristo. Sofra por Cristo e viva para Ele. Porque “Quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos”
Amém.