Neste sermão vamos refletir sobre qual o papel do cristão em meio ao caos social e o título do mesmo é: O Brasil que eu quero.
Nosso objetivo é estimular os ouvintes a serem agentes de transformação social.
Texto: Miquéias 7:1-4
Introdução
- Mais de 13 milhões de brasileiros passam fome no Brasil segundo o IBGE. E de acordo com a Fundação Getúlio Vargas, a fome tem endereço certo: negros, nordestinos, pessoas da Zona rural ou das periferias das grandes cidades com baixo nível escolar e afeta principalmente as mulheres. (site. noticias R7.com)
- A cada 2 horas uma mulher é vitima de assassinato no Brasil, somam 4.473 mulheres assassinadas, são 12 mulheres por dia,135 por estupro, 49.497 por feminicídio, conforme o G1 globo notícias em 07/03/18.
- A campanha Setembro Amarelo alerta que o suicídio entre jovens é a quarta causa de morte de brasileiros de 15 a 29 anos conforme a Folha de Londrina em 01/09/2018.
- Mais de 500 mil mortes por consumo de drogas anuais no Brasil segundo a organização mundial de saúde 13/03/17.
- Os jovens assassinados no Brasil, entre 12 e 29 anos, somam um total de 59.103 vítimas, ou seja, uma a cada nove minutos de acordo com o portal G1 de 22/03 /18.
- A UNICEF confirma que crianças de 9 a 12 anos morrem vítimas de maus tratos, assassinatos e estupros.
Transição: Diante a esse mar de estatísticas assustadoras, parece ser que existe um caos instalado nessa nação chamada Brasil, e a pergunta que tanto tem ecoado por aí é a seguinte: qual o Brasil que eu quero?
Exposição:
1 – O que eu quero hoje para o Brasil é justiça e equidade.
É o mesmo que Miquéias ansiava em sua época para aquela nação em que vivia. Miqueias era um camponês que a cada ano presenciava a mesma cena. Depois do verão, os campos ceifados e suas uvas colhidas, vinham os pobres a recolher pelos campos e pomares, procurando algum fruto esquecido, alguma espiga de trigo caída pelo chão. Esse era um direito que a lei lhes assegurava, para ajuda-los a sobreviver no inverno, conforme Deuteronômio 24: 19-22, essa era uma das garantias de que a viúva, o órfão e o estrangeiro teriam como se alimentar.
Podemos comparar com nosso contexto brasileiro onde nos deparamos com uma aviltante desintegração social: pessoas passando fome e até mesmo morrendo de fome. O descaso e a falta de amor ditam que não há mais ninguém, nem quem deixe o resto para recolher.
Esses pobres que procuravam por alimentos nos campos podem ser comparados com aquelas pessoas que buscam hoje em nosso Brasil saciar sua fome física e também sua sede espiritual, Entretanto, não encontram pessoas piedosas e verdadeiros servidores do Deus altíssimo, isto é, como vemos no versículo dois de Miqueias onde o profeta exclama que os piedosos desapareceram do país dizendo: não há mais ninguém!
Transição: Ao compararmos a realidade atual da nossa nação com a do projeto Miquéias, percebe-se que nosso anseio por transformação é o mesmo, portanto…
2 – O Brasil que eu quero é um Brasil de transformações sociais
O mesmo que Miquéias sonhava para aquele povo. Nos versículos 3 e 4, vemos o exemplo contrário: uma sociedade sem Deus onde não há ninguém que manifeste sua presença. As manifestações que há são de mortes por assassinato, pelo uso frenético de drogas. Os gritos que são ouvidos, assim como naquele tempo são “Que desgraça é minha vida”. Gritos esses que dão origem aos suicídios, infanticídios, feminicídios de um povo condenado pela murmuração, violência e traição.
Violência que gera morte, agressão, estupros e consumo abusivo de drogas. Gera a ansiedade, a falta de bons ensinos nas escolas, a falta de respeito pelo próximo, é como se as pessoas não se importassem mais umas com as outras, perdeu-se o amor e ficou tudo tão vago. Não há Deus e é tudo tão feio que chega a dar medo, e a falta de limites é assustador.
Transição: Ao pensar que, a vida tanto da nossa nação quanto do povo de Miquéias era uma vida na des – graça, ou seja, sem a graça de Deus, isso nos leva a afirmar que:
3 – O Brasil que eu quero é de relações sólidas.
Está longe do que é enfatizado no versículo 4 onde vemos a corrupção das autoridades que dão aval a todas as maldades sociais que se desencadeiam na nação: falta de temor a Deus, falta de referencial de autoridade. Quando eu olho o jornal, as manchetes e vejo estas noticias às vezes eu penso que o mundo não mudou e que tudo é assim mesmo e que não posso fazer nada para mudar essa situação.
Quando olho para esse texto de Miquéias não vejo diferença de épocas, como a música de Elis Regina fala “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”, é como se os fatos retratados se repetissem. A falta de Deus e de amor é aberrante e assustadora, pois vemos todos os dias gente matando gente, um passando por cima do outro como se fosse tudo descartável: sexo descartável; a vida não tem valor tudo ficou liquido; desceu pelo ralo; perdeu-se a condensação e tudo é líquido: amor e ódio e tudo é muito rápido.
Os valores da sociedade ficaram liquidas, tudo é para agora, no presente, não importa as cicatrizes, as consequências, os traumas. O que importa é apenas o Eu, meu umbigo e pronto, os outros já não importam. Um sociólogo renomado chamado Zygmunt Bauman em suas literaturas já nos alertava sobre isso ao afirmar: Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar!
Transição: Ao refletirmos sobre os valores que se perderam, à falta de amor e à brevidade dos tempos, não podemos nos esquecer que de:
4 – O Brasil que eu quero é um país onde os cidadãos não se desviem de Deus.
O salmista também dizia algo parecido, ele denunciava ver Salmos 53. 2: Deus olha dos céus para os filhos dos homens para ver se há alguém que tenha entendimento, alguém que busque a Deus, mas todos se desviaram … não há ninguém que faça o bem, não há nenhum se quer. A dor do profeta e também a do salmista é a dor do próprio Deus e será que é a nossa também?
Diante dessa pergunta, podemos nos deter por um instante neste ponto para refletirmos sobre qual a nossa postura frente às injustiças que vemos todos os dias. Miqueias, assim como àqueles a quem ele se referia, acreditavam que conheciam a Deus. Entretanto, o profeta, como voz de Deus, ensina-nos que podemos nos enganar a esse respeito, ou seja, não é porque acreditamos em Deus ou cumprimos regras religiosas que podemos dizer que o conhecemos. Miqueias nos adverte que, conhecer a Deus implica em uma ação.
A sua ação se concretiza em denunciar a injustiça, a impunidade, a ganancia, a corrupção, a subordinação, a exploração dos desapropriados de recursos necessários para uma vida digna. Nesse sentido, devemos pensar: Será que a profecia de justiça sobre os injustos que o profeta declarou também não pode se referir a nós em nossos dias de hoje? Ou seja, como podemos ver em Miqueias, não basta apenas acreditar em Deus, mas é necessário vive-lo na compaixão verdadeira que se concretiza pela denuncia da injustiça cometida aos nossos irmãos cidadãos.
Conclusão:
Será que poderão dizer de nós no futuro o que dizemos de Miqueias hoje: que sua dor e indignação eram a dor e indignação do próprio Deus?
Às vezes essas comparações entre um passado tão distante e o nosso século pode parecer um exagero, mas, infelizmente, não é. O momento histórico brasileiro, baseado nos dados que acima destacamos, parece nos alertar que, se não estamos indignados com a situação da injustiça social e politica, assim como Miqueias, servo de Deus, não é porque Deus é indiferente à injustiça, mas, ao contrario, a razão de nossa apatia está no fato de que nós nos tornamos indiferentes à injustiça cometida ao nosso próximo.
Assim, concluo dizendo qual é o país que eu quero: O país que eu quero é um país que em suas ações e práticas seja o mesmo de Miqueias 6:8 que diz “Ele mostrou a você, ó homem, o que é bom e o que o Senhor exige: Pratique a justiça, ame a fidelidade e ande humildemente com o seu Deus”, um país onde a dor do outro ser humano também seja a nossa!
Autora: Elizabete Luquetti
Leia: http://sermao.com.br/sermoes/acautelai_vos_dos_falsos_profetas/
Visite: www.ejesus.com.br