Nas bem-aventuranças do Sermão da Montanha, onde Jesus compartilha com seus discípulos, as oito características de um cristão (pobres de espírito, os que choram, os humildes, os que têm fome e sede de justiça, misericordiosos, os puros de coração, os pacificadores e os perseguidos), vimos que o cristão tem como estilo de vida essas características, por isso ele é bem aventurado (verdadeiramente feliz) por procurar viver os ensinos de Jesus Cristo.
– Queremos refletir com a igreja a missão que recebemos do nosso amado Senhor Jesus, a missão de fazermos a diferença na vida das pessoas, a missão de marcarmos a vida dos nossos familiares, dos nossos colegas de trabalho, enfim a vida da nossa sociedade. Fazer a diferença não é simplesmente ser conhecido como “evangélico”, fazer a diferença é a postura de um cristão que anda com Deus e que reflete esse andar nos seus relacionamentos.
– Ao iniciarmos este sermão precisamos levantar algumas perguntas, que podem nos ajudar nessa reflexão. Será que estamos fazendo a diferença onde Deus nos colocou? E se estamos, que tipo de diferença estamos fazendo? Cremos que Jesus nos chama para sermos diferentes deste mundo. Imagine que este mundo é uma enorme cesta de laranja, onde a maioria das laranjas está em estado de apodrecimento, já o cristão é uma laranja saudável dentro deste cesto, não com o objetivo de ser apodrecido, mas sim com a intenção de fazer a diferença, de reverter esse apodrecimento.
– No estudo de Mateus 5:1-12, a cada domingo vimos que juntamente com as bem-aventuranças, está associada à bênção de Deus pelo cristão viver daquela forma, mas Jesus conclui as bem-aventuranças (vv.13-16) nos apresentando a responsabilidade de fazermos a diferença na vida das pessoas, do nosso círculo de relacionamentos (Óikos). Lembram-se do nosso tema geral? Suprema Felicidade (O caminho da Felicidade). Que interessante, o teólogo Marcel Dumais dá um título aos vv.13-16 os quais nós vamos meditar: “Uma felicidade que irradia”.
– Nesse sentido, somos chamados para compartilhar com as pessoas nossa suprema felicidade, por isso queremos compartilhar com a igreja três expressões que encontramos no texto bíblico, que nos levam a entender a dimensão desse chamado (Fazendo a diferença).
Ler: Mateus-5.13:16
I – O sal da terra (v.13)
– A Bíblia nos mostra a importância do sal em várias passagens bíblicas e que valem a pena serem lidas, nos mostrando a função do sal de temperar, preservar e limpar (Levítico 2:13; Juízes 9:45; Jó 6:6; Ezequiel 16:4). Aqueles que conhecem um pouco de culinária sabem que o sal é extremamente necessário para a conservação dos alimentos e um elemento importante em nossa alimentação.
– Como Jesus inicia o v.13? “Vocês são o sal da terra”, quer dizer, somos o sal na vida das pessoas, Jesus compara a postura dos discípulos ao sal. Mas será que o nosso mundo precisa de sal (cristãos)? (Ler esses textos: Romanos 2:28-32; 2 Timóteo 3:1-4 e 1 João 5:19). Com toda certeza, pois a cada dia que passa os níveis de violência aumentam, a cada dia que passa a quantidade de famintos aumenta, a cada dia a venda e consumo de drogas alcança números estratosféricos, a cada dia as famílias estão se deteriorando, os níveis de corrupção, prostituição, seqüestros e destruição da natureza alcançam números dignos de listarem no Livro dos Recordes. Tasker escreve: “Os discípulos são chamados a ser um purificador moral em um mundo onde os padrões morais são baixos, instáveis, ou mesmo inexistentes”.
– Imagine que se estamos aqui como igreja, reunidos para louvar e cantar ao Senhor, para estudar a Palavra foi porque os cristãos que viveram antes de nós fizeram a diferença em sua geração, sendo sal da terra, influenciando a vida de pessoas (Os Apóstolos, Santo Agostinho, Francisco de Assis, João Wicliff, Martinho Lutero, João Calvino, João Wesley, Muddy, Martin Luther King Jr, Irmão André, Billy Graham, Jonas Dias Martins e os milhares e milhares de cristãos que são lembrados na rua do seu bairro, prédio, escola e etc…).
– Mas não podemos terminar este primeiro ponto sem dizer que em Mateus 5:13 Jesus afirma que o sal que não salga, que não tempera, não serve para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens (Interessante que os cristãos que não salgam caem no esquecimento da história e não são lembrados pelos homens e nem por Deus).
– O cristão deve salgar e não perder o seu poder de temperar (Marcos 9:50; Lucas 14:34; Colossenses 4:6). Hoje muitos cristãos vivem um cristianismo insípido, um cristianismo que não sai do seu gueto, que não causa impacto em sua geração. Causar impacto, fazer a diferença, salgar não é simplesmente fazermos mega eventos no saleiro (local de celebração), mas é nos misturarmos no meio daqueles que estão apodrecendo no pecado e que necessitam de vida (Mateus 9:12 – Principio de célula – “evangelizando através de relacionamentos”).
II – A luz do mundo (v.14)
– Em Gênesis 1:1-3, conta-nos o texto bíblico que a terra estava sem forma e vazia; trevas cobriam a face do abismo. A primeira coisa que Deus traz a existência é a luz. A luz é a representação básica da glória de Deus. Já meditamos no primeiro ponto sobre a situação do mundo (jaz no maligno), por causa dessa situação, a humanidade vive em trevas. Em Mateus 4:12-17 em especial o v.16, diz que o povo que vivia em trevas viu uma grande luz, quem era essa grande luz? Jesus é essa grande luz, ele começa a pregar a vinda do reino dos céus (v.17).
– Creio que todos se lembram que em um passado não muito distante tivemos a dimensão do que é viver em trevas (sem a luz), quando o nosso país enfrentou uma séria crise na área de energia elétrica, quando sucessíveis apagões atingiam os grandes centros, inclusive nossa cidade, gerando uma série de problemas. Deus não criou o ser humano para viver em trevas (literalmente e espiritualmente).
– Ao lermos Mateus 5:14 fica claro que a intenção de Jesus é nos mostrar que as pessoas só conhecerão a verdade se nós deixarmos sua luz brilhar em nós. No Evangelho de João 8:12 Jesus afirma ser a luz do mundo, afirma que aqueles que o seguem, nunca mais andarão em trevas, mas terão a luz da vida. Como cristãos nós temos a luz da vida, por isso que no v.14 de Mateus 5 ele diz que nós somos a luz do mundo. Também em Filipenses 2:12-15 o Apóstolo Paulo exorta os cristãos de Filipos a brilharem como estrelas no universo.
– Quando falamos que somos chamados para fazer a diferença é levarmos a sério que somos filhos da luz, na certeza de que nossa vida expõe toda obra das trevas perante as pessoas, constrangendo o pecador a uma nova vida, a despertar do sono (Efésios 5:8-14).
– Há um capítulo no livro “O contrabandista de Deus” intitulado de Lanternas nas trevas, onde o Irmão André, no seu Volks, por idos de 1957 entra na Iugoslávia para distribuir Bíblias e levar a Palavra de Deus para aquelas pessoas. Conta-nos o texto que ele pregou, visitou e distribui Bíblias em vilarejos e cidades, através dele, a luz de Jesus brilhou naquele país. Por isso temos que orar ao Senhor: “Brilha, Jesus, mostra ao mundo a luz de Deus Pai, Espírito de Deus vem refulge em nós. Faz transbordar sobre os povos tua graça e perdão, vem ordenar que haja luz, ó Senhor”.
III – Glorifiquem ao Pai de vocês (v.16)
– No v.16 Jesus exorta os discípulos da seguinte maneira: “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus”. A proposta de Jesus para os seus discípulos é que eles façam a diferença em sua geração, mas na compreensão de que toda glória pertence ao Senhor. Santo Agostinho ao comentar este versículo afirma que devemos fazer tudo pela glória de Deus, dizendo: “O motivo de agradar aos homens seja para que eles glorifiquem a Deus”.
– Não podemos nos esquecer que a vida cristã deve ser vista, Jesus quer as pessoas vejam as nossas obras (testemunho, vida com Deus, oração, conhecimento da Palavra, educação dos filhos, casamento, vida financeira correta, simplicidade, modo de vestir-se etc…). Quando as pessoas olham para nossas vidas e percebem que somos diferentes, que somos sal da terra e luz do mundo, através disso, elas podem glorificar a Deus e se converterem a Cristo.
– Em Atos 7:1-60 temos o discurso de Estevão no Sinédrio, perante seus patrícios, vemos uma pregação não só em palavras, mas principalmente na vida dele. Sabemos que por causa de seu estilo de vida, de sua pregação, Estevão foi apedrejado até a morte. Mas a luz de Estevão brilhou, todos viram suas obras e se lermos Atos 8:1, Saulo (Paulo) consentia na morte dele, e se lermos o capítulo 9 vamos ver que Saulo se converteu a Cristo. Muitos estudiosos e teólogos crêem que foi devido ao testemunho de Estevão que Saulo se converteu a Cristo, principalmente a cena dos vv.54-60 do capítulo 7 de Atos dos Apóstolos.
– Certamente você já ouviu coisas do tipo: “Que homem de Deus, que mulher de Deus, como aquele pastor é usado por Deus para ganhar vidas, como aquele líder de célula evangeliza no poder do Espírito de Deus, como aqueles membros são usados por Deus”. Percebam os irmãos e irmãs que se retirarmos a palavra Deus, cai tudo por terra, perde a essência, nossa vida sem Deus não é nada, por isso a glória pelo êxito do cumprimento da nossa missão não deve ser nossa, mas inteiramente de Deus. Quando estudamos o catecismo de doutrina cristã aprendemos que a finalidade do ser humano é a glória de Deus, em 1 Coríntios 10:31 o Apóstolo Paulo nos orienta a fazermos tudo para a glória de Deus.
– Termino este ponto citando as palavras de John Sttot: “Esta, então é a grande vantagem da vida honesta e semelhante a Cristo, e também da contracultura cristã. Produz bênçãos para nós mesmos, salvação para os outros e, finalmente, glória para Deus”.
Conclusão
– Vimos através dessas três expressões que encontramos em Mateus 5:13-16 que cristianismo é sinônimo de uma vida que faz a diferença. Seja no escritório no exercício de nossa profissão, seja nos nossos relacionamentos (família, amigos, desconhecidos), fomos resgatados das trevas, da morte, do pecado, para sermos sal da terra, luz do mundo, sendo tudo gloria de Deus. Que Deus nos abençoe e nos ajude a vivermos dessa maneira, pois com toda certeza é à vontade de Deus para nós. Em nome de Jesus Amém!
Autor: Gilbean Ferraz