Introdução
• Já vimos na mensagem anterior quais são atitudes cristãs nos relacionamentos dos crentes na comunidade cristã: o amor sincero, o serviço fervoroso e a alegria na esperança. Nesta mensagem e na próxima, vamos focalizar principalmente nossas atitudes para com os que são de fora, com base em Romanos 12.14-21.
• Conscientes de que no mundo sempre teremos aflições, vamos basear o tema dessas duas mensagens nas palavras de Romanos 14.21: “Como vencer o mal com o bem”.
• Stanley Jones, num dos seus livros, disse que podemos considerar esse tema em três níveis: 1º – O NÍVEL DIABÓLICO, no qual tenta-se vencer o bem com o mal; 2º – O NÍVEL HUMANO, no qual a tendência é vencer o mal com o mal no espírito de vingança; 3º – O NÍVEL CRISTÃO, no qual o mal é vencido pelo bem. Esta é a nossa proposta. Para isto, quais SÃO AS ATITUDES ADEQUADAS?
1ª – ABENÇOANDO OS PERSEGUIDORES ATRAVÉS DA ORAÇÃO (12.14).
1. A perseguição e as dificuldades nos relacionamentos com os incrédulos são inevitáveis quando vivemos com autenticidade os princípios cristãos (2 Timóteo 3.12; João 15.20). Como reagir? Com amor. Mas o amor existe atitude. Jesus nos ordena ORAR PELOS NOSSOS INIMIGOS (Mateus 5.43-45; Lucas 6.32-36). Esta é a atitude correta. Quando obedecemos e oramos pelos inimigos, Jesus age e coisas maravilhosas acontecem nos nossos relacionamentos!
2. Temos dois grandes exemplos sobre o mandamento de Cristo quanto a amar os nossos inimigos:
1º – DO PRÓPRIO CRISTO (Lucas 23.33-34; Romanos 5.10). Pela oração de Cristo, Deus nos perdoa e de inimigos nos torna seus amigos.
2º – DE ESTEVÃO (Atos 7.54-60). Agostinho disse que devemos a conversão de Paulo à oração de Estevão. Ver Atos 26.13-15. O testemunho e a oração de Estevão eram aguilhões na consciência de Saulo até que ele se converteu.
3. A única atitude possível para o cristão é a obediência à ordem de Cristo (Lucas 6.32-36). Quando oramos, Deus age tanto em nós quanto nas pessoas que nos perseguem. Às vezes, são nossas atitudes erradas, mundanas, exigindo justiça retributiva que impedem a ação de Deus!
2ª – VIVENDO A EMPATIA NOS RELACIONAMENTOS (12.15)
1. Nos relacionamentos, podemos ser: Antipáticos, simpáticos e empáticos. Quando o amor domina os nossos corações, o nosso próximo deixa de ser antipático para nós e vamos além da simpatia no relacionamento: identificamo-nos com ele em suas alegrias e em seus sofrimentos. Isto nos torna EMPÁTICOS.
2. Não há evidência maior do amor cristão quando nos identificamos com o próximo em suas alegrias e em seus sofrimentos. Essa identificação nos leva a superar duas atitudes negativas: 1ª – A INDIFERENÇA. Somos bombardeados diariamente com notícias de violência e de calamidades que corremos o risco de nos tornarmos indiferentes diante do sofrimento do ser humano; 2ª – A INVEJA. É mais fácil chorar com os que choram do que alegrar-se com os que se alegram. Sobre isto, Crisóstomo escreveu: “É preciso muito mais da têmpera cristã elevada para regozijar-se com os que se regozijam, do que para chorar com os que choram. Porque este último caso se cumpre perfeitamente até com a própria natureza, já que não existe alguém tão endurecido que não chore por aqueles que sofrem calamidade; mas aquela atitude da alegria requer uma alma realmente nobre, que não somente a impeça de cair na inveja, mas que também faça sentir prazer com a pessoa que obtém sucesso. Por essa razão é que lhe damos o primeiro lugar”.
3. O amor de Jesus por nós foi tão apaixonado (fervoroso) que se entregou por nós na cruz em sacrifício. Este amor nos constrange a servirmos ao Senhor e aos nossos irmãos sem preguiça, mas com zelo, com paixão, com dedicação! Jesus espera isto de nós! Ele repreendeu a Igreja de Éfeso porque tinha abandonado o primeiro amor (Apocalipse 2.4) e a Igreja de Laodicéia porque era morna e já estava causando náusea de vômito em Jesus (Apocalipse 3.15-16). Somos crentes maçaricos ou crentes extintores?
3ª – VIVENDO A HUMILDADE (12.16)
1. Jesus é o nosso referencial (Filipenses 2.5-8). Quando temos a mesma atitude que ele teve, Deus também nos exalta (Filipenses 2.9-11; Lucas 18.14).
2. Condescender-se com o que é humilde, significa nos associarmos a pessoas de posição inferior. O Dr. James Blak comenta que na Igreja primitiva converteu-se uma pessoa de alta posição social. Quando se reuniu com os irmãos, o dirigente indicou o lugar onde ele deveria sentar-se. Ele recusou-se porque ao seu lado ficaria um escravo de sua propriedade que havia se convertido antes dele. O dirigente continuou indicando o lugar até que, na terceira ordem, ele obedeceu, sentou-se e deu o ósculo da paz no seu escravo. Neste instante, completou-se o processo da sua conversão!
3. A perseverança na oração liberta de toda a ansiedade (12c) e a paz de Deus domina, guarda, protege, nossas mentes e nossos corações em Cristo Jesus (Filipenses 4.6-7).
4ª – PRATICANDO A BONDADE (12.17)
1. A bondade é fruto do Espírito (Gálatas 5.22). Ela faz parte, portanto, da natureza da vida cristã. A palavra usada por Paulo em Gálatas 5.22 e em outras passagens das suas cartas, traduzida por bondade, não se encontra no grego secular, mas só na Bíblia. O sentido geral dessa palavra é bondade amável. A atitude que encontramos em Romanos 12.17 tem este sentido.
2. É BONDADE QUE NÃO TORNA A NINGUÉM MAL POR MAL (12.17ª), isto é, NÃO É VINGATIVA. Primeiro, porque é questão de simples obediência ao mandamento (Romanos 12.19ª); Segundo, porque a vingança pertence a Deus (Romanos 12.19b; Deuteronômio 32.35). Quando nos agradamos do Senhor e entregamos a ele a nossa causa, ele faz sobressair a nossa justiça como a luz e o nosso direito como o sol ao meio-dia (Salmo 37.4-6)!
3. É BONDADE ATIVA, porque se esforça por fazer o bem perante todos os homens (12.17b). Nos seus relacionamentos, tanto com os irmãos como com as pessoas de fora da Igreja, O CRISTÃO É SEMPRE UM BENFEITOR! No relacionamento com a esposa, com o esposo, com os filhos, com os vizinhos; na igreja, no lar, no trabalho, nos negócios, no trânsito, em qualquer lugar o CRISTÃO SE ESFORÇA POR FAZER O BEM PERANTE TODAS AS PESSOAS!
5ª – EXERCENDO A FUNÇÃO DE PACIFICADORES (12.18).
1. Ser pacificador é função dos filhos de Deus (Mateus 5.9), porque o nosso Deus é o Deus da paz (1 Tessalonicenses 5.23). A paz com Deus é o resultado da justificação pela fé (Romanos 5.1). Ter paz com Deus é condição essencial para sermos pacificadores! Só o crente nascido de novo pode ser verdadeiramente um pacificador.
2. A paz com todos os homens tem limites (12.18ª). As expressões “se possível”, “o quanto depender de vós” mostram que o cristão não pode transigir em questões de princípios. O cristão é pacífico, pacificador, mas não pode ser passivo diante da injustiça, da violência, da iniqüidade, da corrupção. De acordo com a Palavra, a paz é o efeito da justiça (Isaías 35.17), portanto, como pacificador, o cristão luta pela justiça para que haja paz permanente e verdadeira! Deus condena tanto o sacerdote como o profeta falso que curam superficialmente a ferida do povo dizendo: PAZ, PAZ; QUANDO NÃO HÁ PAZ (Jeremias 6.13-14). Quem concorda com o pecado para viver em paz com as pessoas é conivente do pecado dessas pessoas. É necessário que haja discernimento para sabermos quando podemos transigir para mantermos a paz (questões secundárias) e quando não podemos transigir (questões de princípios). Exemplo: Ananias e Safira mentiram de comum acordo e isto foi fatal para ambos! Se um dos cônjuges tivesse sido intransigente nesta questão séria de princípios, ambos teriam sido salvos da morte como juízo de Deus!
6ª – PRATICANDO O AMOR ILIMITADO (12.20-21)
1. O amor ao inimigo é o diferencial da vida cristã (Mateus 5.43-48). Para amar os que nos amam basta ser pagão (Mateus 5.46). Para amar o inimigo, é preciso ser crente renascido. A razão é simples: foi o amor de Deus por nós quando éramos ainda seus inimigos que nos salvou (Romanos 5.8-10). Portanto, a evidência de que somos filhos de Deus é termos para com os nossos inimigos a mesma atitude que Deus teve conosco (Mateus 5.44-45). Como filhos de Deus, o nosso amor deve ser ilimitado!
2. O amor ao inimigo pode transformá-lo (Romanos 12.20). O ódio pode ser neutralizado pelo amor, quando ambos têm a mesma intensidade; mas, quando o amor é mais intenso, a pessoa que odeia, pode ser transformada através de ações práticas de quem ama (Romanos 12.20) e que colocam brasas vivas na sua consciência. O amor demonstrado na intercessão de Estevão foi brasa viva na consciência de Saulo e que, por certo, contribuiu para a sua conversão.
3. Quando não há mudanças, o inimigo pode tornar-se mais cruel com a pessoa que o ama porque se sente julgado, condenado! Mas, para o cristão, não há outro caminho. “O sangue dos mártires é a semente do cristianismo”. O amor sempre triunfa.
Conclusão
As atitudes erradas geram todo o tipo de problemas na vida do crente. A necessidade é a mudança de atitudes. Para que haja mudança de atitudes é preciso que haja mudança de coração.
As atitudes são como frutos produzidos pela árvore: se a árvore é boa, os frutos são bons; se a árvore é má, os frutos são maus. Temos esperança porque a santificação é um processo contínuo: nossas atitudes de hoje podem ser melhores que as de ontem; nossas atitudes de amanhã podem ser melhores que as de hoje. Dependendo da graça de Deus, somos transformados continuamente (2 Co 3.18)
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