1. Os grandes planos de Deus
Deus, desde a criação, tem planos para o mundo criado por ele, e são planos maravilhosos; sua obra criadora foi por ele avaliada como boa: “… viu Deus que tudo era muito bom …” (Gn 1.31). Sua intenção era que o mundo criado fosse sempre muito bom, e colocou o homem e a mulher como seus mordomos, para dele cuidar. E, mesmo com a queda, Deus continua propondo alianças, e fazendo planos de bênçãos para os seres humanos, para seu povo. Ele disse para Abraão: “… de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!” (Gn 12.2). Deus disse a Moisés e ao povo: “Portanto, dize aos filhos de Israel: eu sou o SENHOR, e vos tirarei de debaixo das cargas do Egito, e vos livrarei da sua servidão, e vos resgatarei com braço estendido e com grandes manifestações de julgamento.” (Ex 6.6). Mas, também, disse a Jeremias: “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais.” (Jr 29.11). Vede que são pensamentos; é plural divino, não tem fim.
Como esta lição da história da Salvação nos mostra, os planos de Deus não são inflexíveis, tanto para a condenação como para a salvação e livramento. Por exemplo, a condenação de Nínive, em tempos do profeta Jonas, estava definida: a cidade, por causa de seus pecados, seria destruída (cf. Jn 3.1-4). O que ocorreu? Deus mudou seus planos (cf. Jn 3.10), pois o coração de Deus é tangível. Os planos de Deus podem, sim, ser mudados, basta quebrantar-se como os ninivitas fizeram. Arrependimento e quebrantamento sinceros mudam as condenações, por maiores que sejam os pecados. Do mesmo modo, os propósitos de salvação e bênção feitos por Deus podem ser mudados pela dureza do nosso coração, por deixarmos o primeiro amor, deixarmos os caminhos de Deus para construirmos nossos próprios caminhos. Por exemplo, quando Salomão inaugurou o templo, a bênção e a glória de Deus era tremenda: “Tendo Salomão acabado de orar, desceu fogo do céu …” (2Cr 7.1). “Porque escolhi e santifiquei esta casa, para que nela esteja o meu nome perpetuamente; nela, estarão fixos os meus olhos e o meu coração todos os dias.” (2Cr 7.16). “Porém, se vós vos desviardes, e deixardes os meus estatutos e os meus mandamentos, que vos prescrevi, e fordes, e servirdes a outros deuses, e os adorardes, então, vos arrancarei da minha terra que vos dei, e esta casa, que santifiquei ao meu nome, lançarei longe da minha presença, e a tornarei em provérbio e motejo entre todos os povos.” (2Cr 7.19-20). Todos sabemos que os planos de Deus, revelados a Salomão, não foram mantidos, por causa dos pecados e injustiças feitas por ele e seus sucessores. E a glória do Senhor se foi, e o templo foi destruído anos depois por Nabucodonosor.
Mas, queridos irmãos e irmãs, nenhum pecado é tão sério que Deus não possa perdoar; nenhum erro é tão grande que Deus não possa consertar, e, então, começar a sonhar de novo conosco, e a fazer grandes e abençoados planos. Veja o que Ele nos fala através do salmista: “São muitas, SENHOR, Deus meu, as maravilhas que tens operado e também os teus desígnios para conosco; ninguém há que se possa igualar contigo. Eu quisera anunciá-los e deles falar, mas são mais do que se pode contar.” (Sl 40.5). Ou, ainda, ouçamos o que nos diz o profeta Isaías: “Fortalecei as mãos frouxas e firmai os joelhos vacilantes. Dizei aos desalentados de coração: Sede fortes, não temais. Eis o vosso Deus…” (Is 35.3-4a.). Ou ainda o profeta Joel: “Não temas, ó terra, regozija-te e alegra-te, porque o SENHOR faz grandes coisas.” (Jl 2.21) e “Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós outros.” (Jl 2.25).
Por tudo isso, colegas, por tudo isso, Igreja, tratemos de nos avaliar. Muitas vezes temos sofrido por conta de nossa dureza de coração, não consultamos o SENHOR como deveríamos, mas isso pode ser mudado. Vamos aplicar primeiro nosso tempo em orar, buscar e conhecer o Senhor, e Ele mudará mais e mais nossa vida, nossa Igreja, nossa nação.
Como Deus nos ama e tem planos para nós, precisamos ouvi-lo, sim, consultar o SENHOR para saber seus planos. Isso porque:
2. A direção de Deus é a maneira de sermos bem sucedidos em nossa vida e na missão.
Por convicção de fé e conhecimento da Palavra, sabemos que os planos de Deus se realizarão. Isso com a nossa participação ou sem ela. Ele é Soberano. O belo hino 414 do nosso Hinário Evangélico diz: “O seu intento cumpre Deus no decorrer dos anos…” Deus nos inclui em seus planos para todo o universo, nós é que muitas vezes nos excluímos. Portanto, seria de muita ignorância de nossa parte se não nos empenhássemos por nos encontrar diariamente no centro desses planos. Pois sabemos que na base de nossos fracassos e conseqüentes frustrações está o fato de termos saído do centro da vontade de Deus.
O Apóstolo Paulo sabia disso. Por isso, fez a recomendação que encontramos em Romanos 12.1-2. Ele mesmo havia experimentado essa dura realidade de estar conduzindo seu ministério como melhor lhe parecia. Na segunda viagem missionária (cf. At 15.36), Paulo fez planos: “Alguns dias depois, disse Paulo a Barnabé: Voltemos, agora, para visitar os irmãos por todas as cidades nas quais anunciamos a palavra do Senhor, para ver como passam.” (At 15.36). Quem, em sã consciência pode considerar tais planos fora da vontade de Deus? Visitar e confirmar (discipular) os convertidos nas cidades onde estiveram na primeira viagem missionária. Ocorre que se compararmos os resultados dessa viagem com a primeira, veremos que não houve novas conversões, não houve curas como a do coxo em Listra (cf. At 14.8-10) na primeira viagem. Somente se faz o comentário em duas vezes na segunda viagem: “E, percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu.” (At 16.6-7). Como perceberam esse impedimento do Espírito Santo? Na ausência de resultados no trabalho missionário, ou seja, Deus os queria noutro lugar, pois tinha outros planos para Paulo e as missões. E isso ficou claro quando Paulo buscou o SENHOR. Deus lhe falou por uma visão do jovem macedônio, e como é enfático o verso seguinte: “Assim que teve a visão, imediatamente, procuramos partir para aquele destino, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciar o evangelho.” (At 16.10). Agora, sim, sabiam aonde Deus os queria levar. Então, vejam os resultados: a) Lídia se converteu (At 16.14); b) Uma jovem possessa foi liberta de um espírito de adivinhação (At 16.30-31). Precisamos mais demonstrações para que transformemos nosso planejar numa incessante busca dos planos de Deus, para nossa vida e missão.
3. Os pensamentos de Deus são mais altos que os nossos pensamentos
Você sabe de onde tirei esta frase? Possivelmente a maioria lembra: é, sim, de Isaías 55.1-13. Esse texto é um convite a acolher a oferta de Deus (v. 1). Dar-se conta como é cansativa uma vida sem a direção de Deus: “… Por que gastais o dinheiro no que não é pão […] naquilo que não satisfaz?” (v. 2). Então vem o convite: “Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi e a vossa alma viverá […] farei uma aliança perpétua…” (v. 3). Novo convite apela ao povo de Israel: “Buscai o SENHOR enquanto se pode achar…” (v.6). E, então, fala de caminhos que, na simbólica bíblica, é forma de viver: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.” (Is 55. 8-9).
Irmãos e irmãs, Deus, enxerga o mundo e a nossa vida desde uma perspectiva divina. Ele nos vê não somente quem nós somos, qual nossa problemática, nossa dor do momento. Deus vê quem somos e quem podemos nos tornar; se formos humildes, quebrantados e O deixarmos dirigir nossas vidas, nossas Igrejas. Precisamos parar de ser dirigidos, ora pelos outros, imitando-os, muitas vezes, mais no que é ruim do que naquilo que é bom. Ora pelos apelos do mercado religioso, freqüentemente centrado na ética do lucro a qualquer custo. Por esse caminho, é mais fácil irmos parar no inferno do que no céu, isso porque estamos longe dos caminhos e dos planos de Deus. Não esqueçam o que acontecerá no último dia: “Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.” (Mt 7. 22-23). Na obra do Senhor os fins não justificam os meios, precisamos ser íntegros e santos em todas as nossas estratégias.
Quando Deus tirou Filipe do meio de uma obra maravilhosa em Samaria, o povo se convertendo e sendo curado, e o levou a Gaza, no deserto, pode ter parecido algo não lógico, quem sabe um absurdo. Mas o que aconteceu naquela trilha no deserto? Com sua submissão e obediência, Filipe permitiu Deus usá-lo na evangelização da África. Agora, haveria um cristão nascido de novo, na corte da rainha da Etiópia. Irmãos, até hoje a Etiópia tem uma forte Igreja Cristã; há tradições que vinculam o nascimento dessa Igreja àquele eunuco convertido pelo ministério de Filipe, no caminho do deserto. Filipe morreu sem conhecer esse maravilhoso plano de Deus. Provavelmente, muitas mais pessoas se converteram como resultado do plano de Deus para a África que pelo ministério anterior de Filipe, em Samaria. (Cf. At 8.4).
Tratemos de abrir nosso coração para os altos, bondosos e maravilhosos planos de Deus.
4. Descobrindo os planos de Deus
Depois de termos considerado que os planos de Deus são o melhor para nós, fica a pergunta: Como identificar os planos de Deus? Sim!! Como descobri-los? Com muito temor, indico algumas pistas, que se somam às já biblicamente apresentadas.
a) Deus deseja orientar você pelo seu Espírito. “Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir.” (Is 16.13). Conhecer os planos de Deus é conhecer sua verdade e vontade. (Leia Is 48.17; Sl 32.8).
b) “O Senhor é o meu Pastor.” (Sl 23.1). Jesus é o bom pastor. “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas.” (Jo 10.11). O pastor guia o rebanho. Não se esqueça: Deus é o Pastor e você a ovelha.
c) O Espírito Santo é o seu conselheiro. “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós.” (Jo 14.16-17). Isso significa que, na caminhada, nas dúvidas, temos um conselheiro a quem consultar. Como Ele faz isso? Paulo teve algumas visões (cf. At 16.9); eram o Espírito dirigindo-o; noutro momento, era uma voz em seu coração, em seu interior: “Senão que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações.” (At 20.23). Noutros momentos, Deus vai usar seu/sua pastor/a. Sempre podemos encontrar homens e mulheres de Deus aptos a nos orientar.
d) Ore, diariamente, pedindo a direção de Deus. “Confia no SENHOR de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.” (Pv 3.5-6). “Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele.” (Is 30.21). “O SENHOR te guiará continuamente, fartará a tua alma até em lugares áridos e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas jamais faltam.” (Is 58.11). Se o buscarmos, Ele nos guiará e nos indicará o caminho a seguir.
e) Busque direção na Palavra do Senhor. “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos.” (Sl 119.105). “A revelação das tuas palavras esclarece e dá entendimento aos simples.” (Sl 119.130). Medite na vida e no testemunho de servos de Deus na Bíblia, por elas encontramos direção de Deus para nossa vida.
Com certeza não esgotamos os meios de descobrir a direção de Deus, mas, se aplicarmos estes, dificilmente ficaremos sem direção.
Para concluir, devo dizer que não radicalize esta busca; evite os extremos. Por exemplo, ter uma direção especial em tudo. Há princípios já estabelecidos nas Escrituras que são direção de Deus, você não precisa da revelação ou visão para pregar o Evangelho a toda criatura, nem para santificar-se, ou para dar o dízimo. Enfim, para a vida normal de um cristão já estão dados os princípios de Deus.
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