Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder

Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo,

É incrível como o nosso único Salvador Jesus foi obediente. Nunca, em momento algum, Jesus ficou revoltado. Ele caminhou em direção a Jerusalém onde se entregou para ser morto. No Jardim das Oliveiras o Senhor Jesus suava sangue. Naquela hora mais difícil, os seus discípulos pegaram no sono, e deixaram o Senhor só. Depois, quando Judas traiu o Senhor, dando um beijo, os outros discípulos correram. O bando dos líderes judeus prenderam o Senhor e o levaram para ser condenado. Durante a noite toda as pessoas interrogaram o Senhor, gritando contra ele e acusando-o falsamente. Naquele momento o Senhor, enfrentando a morte, foi abandonado por seu amigo Pedro, que negou que o conhecesse. De pois, os soldados de Herodes o vestiram como palhaço, e bateram nele, fazendo piadas de mau gosto. Durante o processo diante do juiz Pôncio Pilatos, a multidão gritava, exigindo a sua cabeça. Nem nos últimos momentos de sua vida na terra, deixaram o Senhor em paz. O Senhor, pendurado na cruz, foi alvo de baixarias e zombarias. Os líderes religiosos disseram: “Salvou os outros, mas não é capaz de salvar a si mesmo. Se ele é o Cristo, o rei de Israel, que desça da cruz, para que vejamos e creiamos nele” (Marcos 15: 31-32)! Mas o Senhor permaneceu obediente e cumpriu sua missão. Ele podia ter descido da cruz, sim! Que ninguém tenha dúvidas sobre isto. No dia antes de morrer, quando ficou preso, o Senhor podia ter ido embora. Se ele tivesse chamado socorro, seu Pai teria colocado imediatamente à sua disposição mais de doze legiões de anjos (Mateus 26: 53). Mas o Senhor não o fez. “Ele foi obediente até a morte, a morte da cruz” (Filipenses 2: 8).

Como o Senhor Jesus pôde fazer tudo isso? Como ele tinha poder para ser firme, até nos sofrimentos insuportáveis? Como ele era capaz de dar a sua vida pelos seus? Vejam só o que os discípulos fizeram: Quando estavam com o Senhor, o Senhor já sofrendo amargamente, os discípulos estavam dormindo. E quando o Senhor foi preso, todos eles correram. Foi também por estes homens de pouca fé, que o Senhor sofreu. E não apenas por eles. O Senhor também sofreu e morreu por mim e por vocês. Ele morreu por nós, já sabendo de antemão como iríamos ser. Pois Deus nos conheceu de antemão, já antes da fundação do mundo (Romanos 8: 28-30, Efésios 1: 4). Quando Jesus se entregou para morrer, ele já sabia exatamente por quem iria morrer: por pessoas fracas, pessoas cheias de defeitos. Ele sabia que iria morrer por pecadores perdidos, que não mereciam misericórdia. Mais uma vez pergunto: Como o Senhor Jesus era capaz de fazer isto? Como ele era capaz de suportar o insuportável e de cumprir o impossível? Por que ele não jogou a toalha? Por que ele não largou sua missão, que acabou em vergonha? Pois ser crucificado era a pior maneira de morrer. Era a morte mais vergonhosa que existia. Por que o Senhor não pensou em si mesmo? Por que ele não disse: “Não dá para suportar. Este castigo é pesado demais”? Quando ele carregava a cruz, ele ficou tão cansado e arrepiado, que ficou sem força e caiu no meio do caminho. Por que ele continuou até o fim?

Encontramos as respostas a estas perguntas no Domingo 12 do catecismo de Heidelberg. Jesus só pôde fazer o que fez “porque ele foi ordenado por Deus Pai e ungido com o Espírito Santo para ser nosso supremo profeta e mestre, nosso único sumo sacerdote, e nosso eterno rei”. O segredo de “Jesus de Nazaré”, como o apóstolo Pedro o chamou, foi que “Deus o havia ungido com o Espírito Santo e poder” (Atos 10: 38). Isto aconteceu quando Jesus foi batizado por João Batista no rio Jordão. “Naquele momento, os céus se abriram e João Batista viu o Espírito de Deus descendo como pomba e pousando sobre Jesus. Então uma voz dos céus disse: ‘Este é o meu filho amado em quem me agrado'” (Mateus 3: 16-17). Foi naquele momento que Jesus de Nazaré, aquele mesmo Jesus que foi criado no povoado de Nazaré, e cujos irmãos e pais eram conhecidos, foi ungido com o Espírito Santo e poder. Aconteceu o que foi previsto e predito pelo profeta Isaías, quando este falava a respeito de Jesus: “O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação de vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do SENHOR” (Isaías 61: 1, Lucas 4: 18-19). Desta maneira a bíblia revela que Jesus é o ungido de Deus. Deus Pai o escolheu, aprovou, enviou, autorizou e capacitou para cumprir a vontade de Deus para com os escolhidos. Deus Pai queria que seu Filho, cheio do Espírito Santo de Deus e cheio de poder, fizesse tudo que era necessário para que muitos pudessem ser salvos da morte eterna.

Por causa desta vocação tão especial, a qual ele recebeu do Pai, Jesus recebeu também um nome especial: o nome Cristo, o que significa: “Ungido”. Jesus é o Cristo. Podemos também falar em “Jesus Cristo”, ou em “Cristo Jesus”. Este nome “Cristo”, ou “Ungido”, nos faz lembrar que aquele Jesus, que foi colocado

numa manjedoura, e que morreu na cruz, aquele mesmo Jesus que foi desprezado pelos homens, deve ser considerado e respeitado como a única pessoa humana autorizada e capacitada por Deus para ser o Salvador. A razão por que ele foi capaz de suportar todas as dores, e de continuar caminhando em direção a Jerusalém, foi que ele havia sido ungido com o Espírito Santo e poder. Só assim, sendo ordenado e encarregado por Deus Pai, Jesus foi capaz de fazer o que fez. Através da unção no rio Jordão, quando o Espírito Santo desceu e pousou sobre o Senhor, o Pai mostrou a sua vontade, dizendo: “É ele, o único Salvador, meu Filho em quem me agrado. Ouçam-no”! Assim Jesus foi constituído o único Mediador e Salvador em conformidade com a vontade do Pai. Desta forma Jesus recebeu plena consciência de sua vocação, e também poder para cumpri-la. Jesus sabia: Eu sou Pastor das ovelhas para dar a sua vida por elas. Irmãos, que missão difícil! O Senhor Jesus assumiu uma missão que ninguém de nós jamais podia cumprir! Ele, que era santo e sem culpa ia caminhar para Jerusalém, para ser entregue nas mãos de malfeitores e para fazer o grande sacrifício. Mas o Filho foi obediente até a morte, pois ele amou o Pai da mesma forma que o Pai amou o Filho.

Quando o Pai capacitou seu Filho Jesus para ser o único legítimo Salvador, este assumiu três ofícios: “Ele foi ordenado por Deus Pai e ungido com o Espírito Santo para ser nosso supremo profeta e mestre, nosso único sumo sacerdote e nosso eterno rei” (Domingo 12). Estes três ofícios (o de profeta, o de sacerdote e o de rei) eram na época do antigo Testamento os três cargos mais elevados. Estes três ofícios representavam, por assim dizer, os três poderes. Naquela época a autoridade e o poder estavam nas mãos dos profetas, dos sacerdotes e dos reis. Por isso Deus mandou que os profetas, os sacerdotes e os reis fossem ungidos. Pela unção Deus confirmava que eles eram chamados de Deus, e que Deus os capacitaria para cumprirem seus ofícios. Agora, irmãos, Cristo assumiu todos estes três ofícios mais elevados. Isto nunca se viu antes! Nunca antes uma e a mesma pessoa podia assumir mais de um ofício. Jesus Cristo, o Filho amado de Deus, foi o único quem assumiu todos estes três ofícios. Ele é nosso supremo profeta: ele nos revelou tudo que precisamos saber para sermos salvos. Ele é nosso sumo sacerdote: ele fez seu grande sacrifício na cruz e continua intercedendo por nós à direita do Pai. Ele é também nosso eterno Rei: ele nos governa e protege contra todo mal, e virá para julgar os vivos e os mortos.

Agora, vamos tirar uma lição. Se nosso Senhor Jesus Cristo, o ungido de Deus, cumpriu sua missão, que era a mais difícil do mundo, nós que somos chamados pelo seu nome, também devemos ter ousadia e coragem para batalharmos o bom combate. Se ele, Cristo Jesus, foi obediente, suportando o insuportável, cumprindo o impossível, nós cristãos também devemos ter moral para perseverarmos até o fim. Vejam como foram enormes os sacrifícios de Cristo! Nosso supremo profeta, nosso único sumo sacerdote e nosso eterno rei foi perseguido, traído, negado, humilhado e morto. Mas em momento algum ele desistiu. Ele foi fiel até à morte, à morte da cruz. Então, irmãos, como nós podemos ainda ser cristãos desinteressados, ou cristãos vazios, ou cristãos incapazes de nada? O grande Pastor Jesus Cristo, que é nosso supremo profeta, nosso único sumo sacerdote e nosso eterno rei foi adiante de nós! Não dá para ficarmos atrás, deixando de fazer a vontade de Deus, embriagando-nos e deixando de trabalhar e de lutar. O eterno Pai de Cristo deu força e poder a seu Filho, para que este cumprisse a vontade dele e pagasse com seu sangue pelos nossos pecados e transgressões. Andemos nos passos de Cristo, cumprindo os mandamentos de Deus. Cristo pregou e ensinou, mesmo sendo zombado e perseguido, sobre o Reino de Deus. Vamos nós evangelizar também. Ele se sacrificou, derramando seu sangue. Vamos nós também assumir um compromisso sério com a igreja. Ele, nosso eterno rei, sofreu o castigo eterno, e depois foi exaltado por Deus. Irmãos, se continuarmos fiéis, nós também, depois de sofrermos um pouco durante esta vida, seremos ressuscitados e reinaremos para sempre com ele sobre todas as criaturas.

Uma coisa não pode faltar: Não pode faltar a fé no Cristo de Deus, o Filho amado em quem o Pai se alegre. Cabe a nós confiar em Cristo, acreditando em tudo que Deus nos revelou a seu respeito. Não devemos achar que além dele há outros que possam nos salvar. Não devemos achar que há outros que sejam mais poderosos do que ele. Não devemos achar que há outros que nos possam ensinar

sabedoria. Não devemos achar que há outros que carregaram o peso do castigo de Deus. Jesus é o Cristo. Ele é o único, que merece nossa confiança e nosso amor. Então, irmãos, amem a Cristo, crendo nele. Façam tudo que ele lhes ordenou. Vocês o conhecem. Vocês sabem que ele é o Filho amado de nosso Pai do céu. Vocês sabem como ele suportou o insuportável e cumpriu o impossível. Pensem nisto, irmãos, e sejam firmes no serviço do Senhor! Sejam assim cristãos, seguidores de Cristo, nosso suprema Profeta e Mestre, nosso único Sumo Sacerdote e nosso eterno Rei.

Amém.

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