Para compreender um pouquinho mais o universo feminino, vamos adentrar ao texto bíblico encontrado no livro de Marcos, capítulo 16, dos versículos 1 ao 7 enquanto vamos observando algumas características das mulheres e algumas de suas ações. Seria importante a participação das mulheres na igreja? O que nós, cristãos e cristãs, podemos aprender sobre as mulheres que vamos encontrar em nosso ministério? Mulheres são amadas de Deus, conforme podemos acompanhar no texto sagrado em que encontramos a figura de três mulheres.
Verificamos que um pouco antes, fato relatado no capítulo 15, a morte de Jesus e a presença das mulheres no Gólgota, o lugar chamado caveira, onde presenciaram a crucificação do nosso Senhor. Elas estavam passando por um momento de profunda dor e tristeza. Os discípulos de Jesus, exceto João, não estavam lá, porque era preciso coragem, mas elas estavam. Antes mesmo de chegarmos ao texto em questão, podemos vê-las agindo de forma corajosa: elas estavam presentes na crucificação.
Vamos para o primeiro versículo e acompanhar essas mulheres um pouco.
E passado o sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de Thiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo.
A lei judaica mandava guardar o sábado, o dia da semana dedicado ao culto, e nesse dias nem eles, nem seus animais ou seus escravos podiam trabalhar, comprar ou vender. O dia para os judeus era contado do por do sol até o por do sol seguinte. Nós contaríamos assim: na sexta- feira por volta das 18 horas o sol se pôs e começou o sábado judaico que durou até as 18 horas aproximadamente, quando continuaria sendo sábado para nós. Então essas mulheres judias esperaram o por do sol e saíram para comprar aromas.
O verbo comprar é no original grego: agorazo, que quer dizer estar no mercado, ir ao mercado, negociar lá, comprar, vender. Vejam que interessante: as mulheres foram às compras. Percebe-se por essa ação que as mulheres são práticas.
Um certo líder me chamou uma vez para ajudar na organização de um acampamento e começou a falar, a discursar e contar de suas experiências anteriores, de como agia quando acontecia um problema, e depois de mais de uma hora falando, não havia proposto nada de prático: nem divisão de tarefas, nem definido o número máximo de acampantes e nem sequer horários ou quem seriam os preletores. Eu só queria sair dali, estava perdendo meu tempo. Eu sou prática, eu sou mulher.
Mulheres são corajosas, mulheres são práticas, foram à crucificação, foram às compras, vamos examinar o versículo dois e vejamos aonde mais elas foram.
E no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol.
O primeiro dia da semana é o domingo. De acordo com o versículo anterior elas foram às compras a noite mesmo, por que no domingo, saíram bem cedo para ir ao sepulcro, ao nascer do sol.
As datas mais importantes do calendário cristão são o Natal quando comemoramos o dia do nascimento de Jesus, e a Páscoa, quando comemoramos a Sua ressurreição. E essas mulheres estavam lá, para testemunhar os fatos da ressurreição. As mulheres estão sempre lá. Seja lá onde for esse “lá”.
O professor Wander de Lara Proença, da FTSA – Faculdade Teológica Sul Americana, ao ensinar sobre História da Igreja, explica que os primeiros cristãos se encontravam nas suas casas no domingo bem cedo para cultuar, estudar as escrituras, livros e cartas, tomar a Santa Ceia e entoar hinos de louvor e adoração. Isso por que foi no domingo de manhazinha que essas mulheres testemunharam a ressurreição de Cristo.
Essas testemunhas corajosas e práticas foram à crucificação, foram às compras, foram ao sepulcro. São mulheres de ação. Vamos caminhar um pouquinho mais com essas mulheres nos versículos 3 e 4.
E diziam umas às outras: quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro? E olhando viram que a pedra já estava removida; pois era muito grande.
Imaginem a cena dessas mulheres conversando: Maria Madalena falando com Maria mãe de Thiago e com Salomé: Quem vai mover a pedra da porta do sepulcro? E Maria, mãe de Thiago falando para Salomé e para Maria Madalena: A pedra é muito grande, quem irá remove-la? E Salomé falando para Maria Madalena e para Maria mãe de Thiago: Será que o jardineiro estará lá tão cedo para nos ajudar a remover a pedra da porta do sepulcro, porque a pedra é muito grande? Imaginaram? Mulheres falam bastante, mas mulheres vão, mulheres tomam atitudes. Elas iam fazer algo praticamente impossível, mas elas foram.
O impossível em questão era o “tamanho” da pedra. As palavras no original grego são sphodra, que quer dizer muito, exageradamente, mega, que quer dizer grande, ou seja, a pedra era exageradamente grande. O verbo usado aqui é o verbo apokulio, que significa rolar, remover. As sepulturas eram localizadas normalmente em uma depressão e as pedras eram roladas morro abaixo para tampar a boca do túmulo, e era necessário o emprego de cerca de 20 homens para esse trabalho. Seria realmente impossível para elas mover a pedra.
Ao pesquisar a vida do missionário Hudson Taylor podemos ver que sua história começa com sua irmã orando por ele e pela sua conversão. Mulheres sempre contam com o milagre de Deus, por isso as mulheres oram, as mulheres pedem, clamam e nessa passagem bíblica as mulheres foram onde era preciso, para testemunhar o milagre e o poder de Deus. Só que aqui elas testemunharam “o milagre”: a ressurreição! Isto conforme podemos concluir nos versículos 5, 6 e 7.
E, entrando no sepulcro, viram um jovem assentado á direita, vestido de uma roupa cumprida, branca; e ficaram espantadas. Ele, porém, disse-lhes: Não vos assusteis, buscai a Jesus Nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou, não está aqui; eis o lugar em que o puseram. Mas ide, dizei aos discípulos e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse.
Nós lemos aqui um “ide” certo? O objetivo do presente artigo não é explicar o comissionamento dado aos crentes para a pregação do evangelho, que é a morte e ressurreição de Jesus para perdão dos nossos pecados e para a salvação de todo aquele que crê; nosso Deus amoroso morreu a nossa morte para que pudéssemos ter a Sua vida. O objetivo é que saibamos que Deus escolhe também as mulheres para a missão e que nós, pastores, pastoras, líderes de ministérios e de igrejas, vamos trabalhar com mulheres em nosso dia a dia.
Devemos nos lembrar que Deus não levou em conta o falar de mais, o gostar de ir ao shopping, e nem essa petulância de parecer estar certa o tempo todo. Porque nós mulheres somos assim: “estamos sempre certas”! Porém, com tais características tão especiais, somos amadas e usadas por Deus.
gostei muito, especialmente sobre o desafio de rolar a pedra enorme! que Deus revista mulheres de Forças para este tempo difícil.