“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (João 4. 23).
O título acima está presumindo que o homem pode dar presentes para Deus. Mas será que isto é possível? Podemos nos perguntar: O que poderíamos dar para Deus? O que O agradaria? O que Ele gostaria de ganhar de presente?
O Senhor é o dono de todo o universo. Ele criou todas as coisas e tudo subsiste pelo Seu poder. A Sua Palavra diz:
“Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam.” (Salmos 24:1)
“Se eu tivesse fome, não to diria pois meu é o mundo e a sua plenitude.” (Salmos 50:12)
“São teus os céus, e tua é a terra; o mundo e a sua plenitude, tu os fundaste.” (Salmos 89:11)
“Minha é a prata, e meu é o ouro, diz o Senhor dos exércitos.” (Ageu 2:8)
“Pois do Senhor é a terra e a sua plenitude.” (I Coríntios 10:26)
Você já tentou dar um presente a alguém que você não conhece? Ou para alguém que tem tudo? Ou para alguém com estas duas características?
Certa vez, no sorteio do “Amigo Secreto” da empresa para a qual trabalhava, tirei um dos diretores executivos da empresa. Era uma pessoa de muitas posses, muito ocupado e reservado, e quase não tínhamos acesso direto a ele. Foi realmente difícil decidir o que comprar! Eu não o conhecia, não sabia das coisas que ele gostava ou não e não imaginava que ele pudesse precisar de algo que eu pudesse dar. É uma experiência angustiante, querer dar um presente a alguém e não saber se o presente é digno do presenteado, ou se ele será bem aceito.
Existe uma canção de Natal bastante conhecida, que leva o título de “O Menino do Tambor”. Ela conta a história fictícia de um menino pobre que estava brincando com seu tamborzinho, quando um grupo de pessoas passou e convidou-o a ir ver o menino Jesus, que havia nascido. Ele, animado, foi, levando seu pequeno tambor. Ali chegando, ao ver a cena singela do estábulo, dos animais e do pequeno bebê Jesus deitado num pobre cocho, compreendeu o profundo significado do momento e, numa resposta a esta demonstração tão grande do amor de Deus, ficou desejoso de ofertar algo em troca. Mas o que ele tinha? Nada, a não ser o seu pequeno tambor e a sua habilidade (ou vontade) de toca-lo. Assim, pediu a permissão de Maria e humildemente ofereceu um “concerto” de tambor à criança ali deitada. Todos ouviram atentamente, até o boi parou para escutar. Mas a maior recompensa que poderia haver para aquele menino aconteceu quando o bebê olhou para ele e sorriu docemente, em sinal de aprovação.
Pergunto, para que possamos desenvolver melhor mais adiante: Este menino deu um presente para Jesus?
Apesar de fictícia, esta história retrata bem o estado de espírito das pessoas que realmente, de acordo com o relato bíblico, visitaram a Jesus na manjedoura. A visita dos pastores é relatada em Lucas 2:8-20 e, ao ler o relato, notamos a alegria, admiração e assombro daqueles homens rudes, pelo que haviam presenciado. Da mesma forma aconteceu com os sábios que vieram do Oriente, guiados por uma estrela, em busca de Jesus: “Ao verem eles a estrela, regozijaram-se com grande alegria. E entrando na casa, viram o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro incenso e mirra.” (Mateus 2:10-11)
Será que Deus se agradou da atitude destes homens? Será que estes presentes foram aceitos pelo Rei do Universo? Certamente que sim. E eu afirmo mais: Ele ainda quer, mesmo nos dias de hoje, atitudes como esta. Nosso texto chave diz que “…o Pai procura a tais que assim o adorem” (João 4. 23). Deus está pedindo a nossa adoração! Está desejoso de receber presentes! Ele está procurando, ansiosamente, por pessoas dispostas a adorá-lO!
Por que deveríamos adora-lO?
Mas por que O adoraremos? Qual é a motivação para a adoração? “O dever de adorar a Deus se baseia no fato de que Ele é o Criador, e que a Ele todos os outros seres devem a existência. E, onde quer que se apresente, na Bíblia, Seu direito à reverência e adoração, acima dos deuses dos pagãos, enumeram-se as provas de Seu poder criador. E os seres santos que adoram a Deus nos Céus, declaram porque Lhe é devida sua homenagem: ‘Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque Tu criaste todas as coisas.’ Apocalipse 4:11.” (White, O Grande Conflito pág. 436-437)
Além deste motivo, que é o fato de Deus haver nos criado, a palavra de Deus nos fornece vários outros motivos para adorarmos a Deus. Vejamos alguns textos:
Salmos 99:9 Exaltai o Senhor nosso Deus e adorai-o no seu santo monte, porque o Senhor nosso Deus é santo.
Salmos 95
1 Vinde, cantemos alegremente ao Senhor, cantemos com júbilo à rocha da nossa salvação.
2 Apresentemo-nos diante dele com ações de graças, e celebremo-lo com salmos de louvor.
3 Porque o Senhor é Deus grande, e Rei grande acima de todos os deuses.
4 Nas suas mãos estão as profundezas da terra, e as alturas dos montes são suas.
5 Seu é o mar, pois ele o fez, e as suas mãos formaram a serra terra seca.
6 Oh, vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor, que nos criou.
Salmos 100
1 Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os habitantes da terra.
2 Servi ao Senhor com alegria, e apresentai-vos a ele com cântico.
3 Sabei que o Senhor é Deus! Foi ele quem nos fez, e somos dele; somos o seu povo e ovelhas do seu pasto.
4 Entrai pelas suas portas com ação de graças, e em seus átrios com louvor; dai-lhe graças e bendizei o seu nome.
5 Porque o Senhor é bom; a sua benignidade dura para sempre, e a sua fidelidade de geração em geração.
Isaías 49:13 Cantai, ó céus, e exulta, ó terra, e vós, montes, estalai de júbilo, porque o Senhor consolou o seu povo, e se compadeceu dos seus aflitos.
Salmos 96
9 Adorai ao Senhor vestidos de trajes santos; tremei diante dele, todos os habitantes da terra.
10 Dizei entre as nações: O Senhor reina; ele firmou o mundo, de modo que não pode ser abalado. Ele julgará os povos com retidão.
Vemos nos textos acima vários motivos e atributos pelo quais devemos adoração a Deus. Ele é santo, é bondoso, é fiel; nos criou, nos remiu; Ele nos consola e se compadece de nós; Ele nos julgará com retidão e justiça. Estes são motivos mais do que suficientes para adorarmos a um Deus tão maravilhoso!
O que significa adoração?
Adoração vem da palavra latina adoratione, que é derivada do verbo adorare, de onde vem o nosso verbo adorar. É um verbo transitivo direto, pois quem adora, adora alguém ou alguma coisa. Segundo o dicionário Aurélio e outros dicionários da mesma qualidade, adoração significa “Culto a uma divindade; Culto, reverência, veneração.”
Muito bem, isto conceitua o termo, mas não nos explica, de forma prática, como a adoração acontece na vida do cristão. Talvez uma forma de entendermos o que é adoração seria começarmos tentando compreender o que ela não é. Vamos analisar alguns pontos:
Adoração não é sinônimo de louvor!
Esta afirmação pode ser surpreendente para alguns e pode até parecer herética para alguns, mas o próprio dicionário explica o conceito de louvor como sendo “elogio, apologia, glorificação, exaltação, aclamação”; ou seja, louvor é um elogio mais enfático e mais elaborado. Na verdade, o louvor é o superlativo do elogio, é o maior elogio que se pode fazer a alguém ou a alguma coisa. Podemos louvar várias coisas:
o os sabores delicados da culinária típica de algum país
o os feitos heróicos dos grandes homens da nossa pátria
o a beleza de uma paisagem ou recanto paradisíaco
o as qualidades e virtudes da mulher amada,
o os méritos de uma conquista esportiva.
Mas a adoração só é devida a Deus, uma vez que adorar é prestar culto, o que implica em uma relação direta entre o adorador e a divindade, enquanto que o louvor, como vimos, também pode ser dirigido a homens e coisas.Talvez este seja o motivo pelo qual hoje, ao referir-se sobre música na igreja, seja colocada tanta ênfase no termo louvor, e fale-se tão pouco em adoração.
Mas a Bíblia fala que Deus é “digno de ser louvado”, conforme citado em II Samuel 22:4; I Crônicas 16:25; Salmos 18:3; 48:1; 96:4; 45:3, etc. Como conciliar isto? Ora, é evidente que, se podemos louvar a homens, quanto mais a Deus, que fez os homens! Sempre que proclamamos os atributos divinos estamos louvando-O. O louvor a Deus é importante, é bíblico, mas é somente um dos aspectos da adoração. O nome de Deus deve ser exaltado, glorificado e proclamado, mas quando a Bíblia fala “Mas o Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra.” (Habacuque 2:20), ela claramente não está se referindo ao louvor, mas à adoração reverente.
Os dois conceitos, adoração e louvor, podem se fundir. Quando o louvor é voltado para Deus ele pode fazer parte da adoração e é aí que muitos se confundem. Mas, para que ocorra esta fusão, os seguintes requisitos devem ser preenchidos:
1. O louvor tem que ser dirigido única e exclusivamente a Deus. (I Crônicas 16:8-11; Salmos 16:2; 98:4-6; 113; 117; 147; 148; 149;150; Colossenses 3:23-24)
2. Deve partir de um coração plenamente consciente de sua condição diante de um Deus supremo, perfeito e santo. (Salmos 138:6; 147:6; Isaías 57:15; 66:2; Miquéias 6:8; Mateus 5:3; 18:4; Efésios 4:1-2; Colossenses 3:12; I Pedro 3:8-9; 5:5)
3. Toda arte, técnica e gosto humanos tem que estar absolutamente consagrados, para que possam ser apresentados diante de um Deus supremo, perfeito e santo.Não há adoração sem humildade e consagração.(Levíticos 11:44-45; 19:2; 20:7, 26; Salmos 24:3-4; Isaías 6:2-4; Habacuque 2:20; Romanos 12:1)
Portanto, vamos louvar ao Senhor, porque assim a Bíblia nos ordena e Ele é realmente digno do nosso louvor. Mas não vamos ficar apenas no louvor, porque a Bíblia também nos ordena a adorarmos e, como vimos o verdadeiro louvor a Deus deve fazer parte da adoração. Além disso, de acordo com nosso texto chave, o que Deus procura são adoradores.
Adoração não é cantar ou tocar!
Novamente posso estar surpreendendo a alguns irmãos, mas para se adorar a Deus não é necessário haver música. A música não é um item essencial para o ato da adoração.A adoração não é produzida pela música, mas a música é apenas um dos veículos da adoração, assim como do louvor. Como um dos muitos veículos disponíveis, ela pode ser usada ou não. Dependerá muito do adorador, do ambiente, do contexto da adoração. Podemos adorar a Deus cantando ou tocando, mas também podemos adorar perfeitamente a Deus, sem tocar ou cantar, ou seja, sem utilizar música. Podemos adorar a Deus através de nossas orações, nossas ofertas, nossas atitudes, nosso testemunho, etc., e nada disso envolve. necessáriamente, a música.
Vemos que, na verdade, a Bíblia relata ocasiões em que a música usada na adoração era abominável a Deus, porque a adoração não estava sendo verdadeira (por exemplo, Amós 5:23). Por mais bela, apropriada e harmoniosa que seja a música, se a adoração não provêm do coração, ela não será aceita, esteja ou não acompanhada de música. Vejam estes textos:
Amós 5
21 Aborreço, desprezo as vossas festas, e não me deleito nas vossas assembléias solenes.
22 Ainda que me ofereçais holocaustos, juntamente com as vossas ofertas de cereais, não me agradarei deles; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais cevados.
23 Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras.
Isaías 1
11 De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes.
12 Quando vindes para comparecerdes perante mim, quem requereu de vós isto, que viésseis pisar os meus átrios?
13 Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação. As luas novas, os sábados, e a convocação de assembléias … não posso suportar a iniqüidade e o ajuntamento solene!
14 As vossas luas novas, e as vossas festas fixas, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer.
15 Quando estenderdes as vossas mãos, esconderei de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei; porque as vossas mãos estão cheias de sangue.
As festas, sacrifícios, ofertas, etc. citados aqui não haviam sido ordenadas por Deus?Sim, mas apesar da forma e o ritual serem importantes, como veremos a seguir, a base de tudo deve ser a atitude do adorador. Estes textos indicam claramente que, se o coração não está completamente consagrado a Deus, até mesmo as formas ordenadas por Deus perdem o sentido e tornam-se abomináveis.
“Aparelhamento faustoso, ótimo canto e música instrumental na igreja não convidam o coro angélico a cantar também. À vista de Deus estas coisas são como galhos da figueira infrutífera, que só mostrava folhas pretensiosas. Cristo espera frutos, princípios de bondade, simpatia e amor. Estes são os princípios do Céu, e quando se revelam na vida de seres humanos, podemos saber que Cristo, a esperança da glória, está formado em nós. Pode uma congregação ser a mais pobre da Terra, sem música nem ostentação exterior, mas se ela possuir esses princípios, os membros poderão cantar, pois o gozo de Cristo está em sua alma, e esse canto podem eles oferecer como uma oblação a Deus.” (White – Manuscrito 123, 1899)
Será que estou defendendo a idéia de que não deveria haver música na igreja? De forma alguma!! No texto acima vemos que “estas coisas são como galhos da figueira infrutífera”, mas não podemos, com base neste argumento, cortar os galhos de todas as figueiras. Qualquer figueira sem galhos, morre. Além disso sabemos que os frutos da figueira aparecem nos seus galhos. O problema da figueira infrutífera, não era ter galhos; era não ter frutos! E, não tendo frutos, os galhos davam a aparência de uma figueira saudável, quando, na verdade, ela era estéril. E isto é abominação a Deus.
Uma coisa que não pode faltar
No entanto, embora a música não seja essencial, há itens que são essenciais para o ato da adoração. O principal deles é a fé. Por várias vezes na Bíblia vemos que pessoas adoraram e agradaram a Deus com um ato de fé no Senhor Jesus. Leia atenciosamente algumas destas passagens transcritas abaixo:
“E eis que veio um leproso e o adorava, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo.” (Mateus 8.2)
“Enquanto ainda lhes dizia essas coisas, eis que chegou um chefe da sinagoga e o adorou, dizendo: Minha filha acaba de falecer; mas vem, impõe-lhe a tua mão, e ela viverá.” (Mateus 9.18)
“Então os que estavam no barco adoraram-no, dizendo: Verdadeiramente tu és Filho de Deus.” (Mateus 14:33)
“Então veio ela e, adorando-o, disse: Senhor, socorre-me.” (Mateus 15:25)
Essas pessoas adoraram a Jesus crendo nEle. O papel da fé na adoração não pode ser subestimado. “Sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que recompensa os que O buscam”(Hebreus 11:6). A palavra “aproximar-se” no texto é uma metáfora para adoração, isto é, “aproximar-se a Deus em adoração, com certeza de que Ele existe e não falhará comigo”, conforme Hebreus 11:1. Adorar com fé é fazê-lo confiando em Suas promessas. Quando adoramos a Deus com fé, agradamos ao Seu coração. Esta alegria não é estática, aumenta à medida que O adoramos. Quando prestamos culto a Deus devemos perguntar: – “Deus está satisfeito com o culto a Ele oferecido?”
Um detalhe interessante é que o texto fala que sem fé é impossível agradar a Deus. E não se pode adorar, quando não se agrada a Deus. Portanto, sem fé é impossível adorar a Deus. Que detalhe curioso, não? Esta posição de fé é essencial quando chegamos aos pés de Jesus para adora-lO. Quando chegamos à presença de Deus devemos crer que Ele pode fazer infinitamente além daquilo que pensamos ou imaginamos! Da mesma forma, devemos acreditar que Ele nos ama assim como nós somos e que Sua misericórdia é grande o suficiente para nos aceitar, pecadores como somos. Ah, como é bom saber disto!
Afinal, o que é adoração?
Os músicos americanos Ronald Allen e Gordon Borror, em seu livro Teologia da Adoração (Editora Vida Nova) dão a seguinte reposta a esta importante pergunta: “Adoração é uma reação ativa a Deus, pela qual declaramos a sua dignidade. A adoração não é passiva, mas sim participativa. Adoração não é simplesmente um clima; é uma reação. Adoração não é apenas uma sensação; é uma declaração. (Allen/Borror, pág. 16 – ênfase no original)
Citamos novamente o seguinte texto de Ellen White: “Cristo espera frutos, princípios de bondade, simpatia e amor. Estes são os princípios do Céu, e quando se revelam na vida de seres humanos, podemos saber que Cristo, a esperança da glória, está formado em nós. Pode uma congregação ser a mais pobre da Terra, sem música nem ostentação exterior, mas se ela possuir esses princípios, os membros poderão cantar, pois o gozo de Cristo está em sua alma, e esse canto podem eles oferecer como uma oblação a Deus.” (White – Manuscrito 123, 1899) Este texto deixa bem claro que, acima de todas as formas e rituais, Deus espera uma atitude do coração, na nossa aproximação à divindade.
É normal, quando queremos compreender o significado profundo de um termo bíblico, recorrer às palavras originais. As palavras originais da Escritura para “adoração” oferecem chaves importantes acerca da natureza deste encontro entre o humano e o divino. A palavra hebraica mais freqüente, shâjâh, denota a ação de inclinar-se, prostrar-se ou render homenagem. A palavra grega equivalente, e a mais importante do Novo Testamento, é proskuneô. O termo proskuneô é combinação de dois radicais: pros que significa “em relação a” e kuneo que significa “beijar”. Quando combinados, eles referem-se à honra e ao respeito demonstrados em relação a um superior, a ponto de beijar-lhe os pés. Vez após vez nos é dito no Apocalipse que os seres celestiais “prostraram-se e O adoraram” (Apocalipse 4:10; 5:14; 7:11; 11:17; 15:4; 19:4).
Portanto, podemos conceituar da seguinte forma:
– Adorar é render-se (do grego: “proskuneo”).
Reconhecer a nossa inferioridade e a superioridade de Deus, colocando-nos à Sua inteira disposição. A idéia básica é a de submissão. Freqüentemente o termo é traduzido por “prostrar-se”. Denota o gesto de curvar-se diante de uma pessoa a quem honramos e ir até o ponto de beijar os seus pés.
Ex.: a intenção de Satanás na tentação de Jesus (Mateus 4:9, Lucas 4:7-8). Jesus responde: “Ao Senhor Teu Deus adorarás (proskunesis) e só a Ele darás culto (Mateus 4:10).
Além deste termo principal, existem outros termos relacionados, que merecem a nossa atenção:
– Adorar é reverenciar (gr. “sebein”) a Deus, com temor (gr. “phobos”)
O verdadeiro adorador, tem uma reverente preocupação de fazer o que agrada a Deus, e fugir do que agrada ao diabo. João relata : “Sabemos que Deus não atende a pecadores, mas pelo contrário se alguém teme a Deus (gr. “theosebes”, que tem a mesma raiz de “sebein”) e pratica sua vontade, a este atende” (João 9:31). Temos também a mensagem do primeiro anjo de Apocalipse 14, que diz: “Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.” (Apocalipse 14:7) Note que temer a Deus, dar-lhe glória e adorar são ações que se intercalam na vida daqueles que estão vivendo no tempo do fim.
– Adorar é servir (do grego “latréuô”)
Este termo é usado por Paulo em Romanos 12:1, para descrever o corpo entregue a Deus como sacrifício vivo, santo e agradável. Ofertar a Ele toda a nossa potencialidade, capacidade, inteligência, energia, experiência e dedicação. Servir, como reconhecimento da transformação que Ele operou em minha vida. Ele merece o melhor do meu serviço, como forma de gratidão.
Temos de reconhecer não apenas a Sua bondade, como também Sua severidade (Romanos 11:2 – “considerai a bondade e a severidade de Deus”). Reconhecer Sua justiça (Hebreus 10:31 – “terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo”). A santidade de Deus nos estimula a obedecê-lo (I Pedro 1:16 – “sede santos, porque Eu Sou santo”).
Notaram como estes conceitos se aproximam da pequena história que contamos no início, sobre o menino do tambor? Ele aproximou-se da divindade, contemplou e compreendeu a Sua santidade; entendeu a sua pequenez diante da majestade do céu; a partir deste entendimento reverenciou a divindade, rendendo-se a ela; e, finalmente, desejou servir, ofertar e doar-se a esta divindade. Isto não é diferente do relato que encontramos em Isaías 6:1-8 e que é considerado por muitos o texto básico para a compreensão do fenômeno da experiência da adoração. Vamos lê-lo:
1 No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as orlas do seu manto enchiam o templo.
2 Ao seu redor havia serafins; cada um tinha seis asas; com duas cobria o rosto, e com duas cobria os pés e com duas voava.
3 E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; a terra toda está cheia da sua glória.
4 E as bases dos limiares moveram-se à voz do que clamava, e a casa se enchia de fumaça.
5 Então disse eu: Ai de mim! pois estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio dum povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos!
6 Então voou para mim um dos serafins, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz;
7 e com a brasa tocou-me a boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado o teu pecado.
8 Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.
Os mesmos passos podem ser encontrados neste texto. Observem:
Versos 1-4 – Visão da Majestade Divina – A verdadeira adoração envolve essa percepção da transcendência de Deus. Sua glória e seus atributos são exaltados. É o aspecto contemplativo do culto, em que nossa mente e coração são conduzidos pela leitura da Palavra, cânticos e orações a uma visualização espiritual da pessoa de nosso Criador, Redentor e Juiz. Trata-se sempre de uma experiência de santo deslumbramento diante da beleza e perfeição do Senhor. Reuniões “cristãs” que não produzem esse senso de contato com o Grande e Soberano Deus podem ser chamadas por vários nomes, menos de “cultos”. Cultuar envolve sempre calar-se quebrantado diante daquele que nos elegeu e salvou, de forma incompreensível.
Verso 5 – Visão de nossa própria finitude e pecaminosidade – Cultuar implica em reconhecer o quanto somos pequenos e impuros, carentes do Deus Santo. A Igreja Antiga denomina esse momento do culto de Sanctus. É quando nos dobramos em lamentação porque somos pecadores, porque somos inerentemente poluídos com a corrupção, e entristecemos diariamente ao Espírito Santo que habita em nós. É então que gememos suplicando por misericórdia, anelando pelo dia de nossa redenção, quando seremos plenamente libertos do pecado.
Versos 6-7 – Confissão e recebimento de perdão – No culto Deus age em nosso favor, e ministra a nós conforme a nossa necessidade. Sempre recebemos algo de Deus, ao nos prostrarmos diante dele em adoração autêntica. Assim sendo, apesar de enfatizarmos o culto teocêntrico, temos de reconhecer que as necessidade humanas são atendidas, dentro do princípio de Salmos 37:4 e Mateus 6:33: buscando primeiro a Deus, somos abençoados naquilo que precisamos, segundo a sua soberania.
Verso 8 – Consagração – Pode-se dividir este verso em duas partes: A exortação divina e a aceitação por parte do adorador. A consagração sempre envolverá ação. Quem cultua de verdade, está disposto a ouvir o chamado divino, dispondo-se para obedecê-lo com amor e alegria.
Como Devemos Adorar?
“Religião não é limitar-se a formas e cerimônias exteriores. A religião que vem de Deus é a única que leva a Ele. Para O servirmos devidamente, é mister nascermos do divino Espírito. Isso purificará o coração e renovará a mente, dando-nos nova capacidade para conhecer e amar a Deus. Comunicar-nos-á voluntária obediência a todos os Seus reclamos. Esse é o verdadeiro culto. É o fruto da operação do Espírito Santo. É pelo Espírito que toda prece sincera é ditada, e tal prece é aceitável a Deus. Onde quer que a alma se dilate em busca de Deus, aí é manifesta a obra do Espírito, e Deus Se revelará a essa alma. A tais adoradores Ele busca. Espera recebê-los, e torná-los Seus filhos e filhas.” (White – O Desejado de Todas as Nações, pág. 189 – ênfase acrescentada)
É interessante que Ellen White cite que o verdadeiro culto é fruto da operação do Espírito Santo. Isto está de acordo com Filipenses 2:13 “porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.” “Não podeis mudar vosso coração, não podeis por vós mesmos consagrar a Deus as vossas afeições; mas podeis escolher servi-Lo. Podeis dar-Lhe a vossa vontade; Ele então operará em vós o querer e o efetuar, segundo a Sua vontade. Desse modo toda a vossa natureza será levada sob o domínio do Espírito de Cristo; vossas afeições centralizar-se-ão nEle; vossos pensamentos estarão em harmonia com Ele.” (White, Caminho a Cristo, pág. 47)
Em um livro recentemente lançado pela Imprensa Universitária da UNASP, “O Que Deus Diz Sobre a Música”, a Dra. Eurydice V. Osterman cita três esferas de culto, das quais é imperativo que o cristão participe, para que possa ter uma vida espiritual vigorosa e vitoriosa. São elas a comunhão particular, que a Dra. Osterman chama de “a câmara secreta”, os pequenos grupos – que abrangem o culto familiar, grupos de estudos bíblicos, etc. e o culto da congregação na igreja. Vamos analisar agora estes três contextos diferentes, embora progressivos e interligados por aspectos comuns.
1 – A Comunhão Particular
“O desejo de bondade e santidade é, em si mesmo louvável; de nada, porém, valerão essas virtudes, se ficarem somente no desejo. Muitos se perderão enquanto esperam e desejam ser cristãos. Não chegam ao ponto de render a vontade a Deus. Não escolhem agora ser cristãos.
Mediante o conveniente exercício da vontade, pode operar-se em vossa vida uma mudança completa. Entregando a Cristo o vosso querer, aliai-vos com o poder que está acima de todos os principados e potestades. Tereis força do alto para estar firmes e, assim, pela constante entrega a Deus, sereis habilitados a viver a nova vida, a vida da fé.” (White, Caminho a Cristo, pág. 47-48)
Mas esta entrega não é automática. Custa-nos abrir mão da nossa vontade e rendermo-nos inteiramente mas mãos de Deus. A fim de realizar isso, é imprescindível que a pessoa tenha uma experiência pessoal com Deus, através de sua comunhão pessoal. É a experiência da “câmara secreta” (Mateus 6:6). Osterman, falando a respeito desta experiência, relata: “É o tempo em que podemos ter audiência com Deus em particular, numa situação íntima, onde podemos expressar nossa gratidão por Suas bênçãos e descobrir nossa alma confessando faltas e pecados, tornar conhecido nossos pedidos, fazer orações intercessórias por outros, buscar guia e orar sobre coisas que não ousamos falar a outro ser humano.” (Osterman, pág. 36)
A base escriturística para esta forma de culto é extensa. Vejamos alguns textos:
II Crônicas 7:14-15 “e se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra. Agora estarão abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração que se fizer neste lugar.”
Salmos 55:17 “De tarde, de manhã e ao meio-dia me queixarei e me lamentarei; e ele ouvirá a minha voz.”
Mateus 6:6 “Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.”
Efésios 6:18 “com toda a oração e súplica orando em todo tempo no Espírito e, para o mesmo fim, vigiando com toda a perseverança e súplica, por todos os santos,”
Filipenses 4:6 “Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças; e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.”
I Tessalonicenses 5:17 “Orai sem cessar.”
Hebreus 4:16 “Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno.”
Tiago 5:16 “Confessai, portanto, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados. A súplica de um justo pode muito na sua atuação.”
“A oração é o abrir do coração a Deus como a um amigo. Não que seja necessário, a fim de tornar conhecido a Deus o que somos; mas sim para nos habilitar a recebê-Lo. A oração não faz Deus baixar a nós, mas eleva-nos a Ele.” (White, Caminho a Cristo, pág. 93)
“A força adquirida em oração a Deus, nos preparará para os deveres diários. As tentações a que estamos diariamente expostos tornam a oração uma necessidade. Para sermos guardados pelo poder de Deus mediante a fé, os desejos do espírito devem estar continuamente ascendendo em silenciosa oração. Quando nos achamos circundados de influências de molde a nos desviar de Deus, nossas petições de auxílio devem ser infatigáveis. A menos que assim seja, não seremos jamais bem-sucedidos em vencer o orgulho e o poder da tentação quanto a pecaminosas condescendências que nos separam do Salvador. A luz da verdade, santificando a vida, descobrirá ao que a recebe as pecaminosas paixões de seu coração, em luta pela predominância, e que lhe tornam necessários a distensão de cada nervo, o exercício de todas as suas forças para resistir a Satanás, a fim de poder vencer mediante os méritos de Cristo” (White, Mensagens aos Jovens, pág. 248)
“Quando uma pessoa sai de tal encontro com Deus, não só haverá louvor, gratidão e regozijo, mas, como está delineado em Isaías 6:1-13, várias outras coisas agradáveis deverão ter acontecido também. Antes de tudo, este tipo de culto faz-nos conscientes da presença de Deus – Ele é o foco de nossa atenção. Segundo, ele provê para nós a oportunidade de confessarmos nossos pecados, crendo que Ele nos perdoou conforme prometido em I João 1:9. Terceiro, temos a oportunidade de renovar nosso compromisso em servi-lO. Finalmente, temos ainda a oportunidade de demonstrar-Lhe nosso amor, aceitando a comissão de ir e testemunhar a outros. Assim nós O adoramos em espírito (com a atitude correta) e em verdade (inteligentemente).” (Osterman, pág. 37)
“Infelizmente, quando o culto individual é negligenciado, em virtude de exigüidade de tempo ou outros desafios, a pessoa fica desarmada e despreparada para lutar contra o inimigo e as tentações trazidas pelos costumes, com as quais ele procura enredar a alma incauta. ‘Não negligencieis a oração secreta, pois é a alma da religião’ (White, Testemonies, vol. 1, pág. 163)” (Osterman, pág. 39)
2 – Os Pequenos Grupos
“O segundo contexto para o culto é o de pequenos grupos – culto familiar, grupo de estudos bíblicos, reuniões de oração, vigílias, etc. Mesmo neste contexto pode-se ter um encontro pessoal com Deus através do partilhar testemunhos pessoais, encorajando um ao outro e trocando idéias. O culto familiar não é somente o liame que mantém a família unida, mas é também um dos meios mais importantes de envolver as crianças na adoração. Para elas pode e deve ser o momento em que são implantados os princípios e valores morais.” (Osterman, pág. 39)
“Nossas crianças e jovens precisam ser arraigados e nutridos em nossas crenças religiosas e valores morais a fim de enfrentar as desafios da vida no mundo de hoje. É importante para as crianças que elas tenham a oportunidade de uma reunião em que elas possam tomar parte ativa; de outro modo, o inimigo irá capturar as suas almas.” (Osterman, pág. 40)
“Tenho profundo interesse na juventude, e desejo grandemente vê-la lutando para aperfeiçoar o caráter cristão e procurando, pelo estudo diligente e fervorosa oração, adquirir o preparo necessário para o serviço aceitável na causa de Deus. Anelo vê-los ajudando-se uns aos outros a alcançar um plano mais elevado de experiência cristã.” (White, Mensagens aos Jovens, pág. 15)
É interessante notarmos que, embora no contexto da “câmara secreta” não seja necessária qualquer formalidade ou formato pré estabelecido, no caso dos pequenos grupos espera-se um planejamento, uma certa ordem. Embora a adoração não esteja na ordem em si, uma vez que a verdadeira adoração é sempre uma experiência individual, a falta de ordem pode complicar a adoração. Um pode querer orar, enquanto o outro quer testemunhar e outro ainda pode querer estudar a Palavra. Ora, nenhuma dessas coisas é condenável, pelo contrário, todas são edificantes. Mas num ambiente de confusão não pode haver adoração! “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem.” (I Coríntios 14:40). Vejam o seguinte texto:
“Para que se desperte e fortaleça o amor ao estudo da Bíblia, muito depende do uso feito da hora de culto. As horas do culto matutino e vespertino devem ser as mais agradáveis e auxiliadoras do dia. Compreenda-se que nessas horas nenhum pensamento perturbador ou mau se deve intrometer; que pais e filhos se reúnam a fim de se encontrarem com Jesus, e convidar ao lar a presença dos anjos. Seja o culto breve e cheio de vida, adaptado à ocasião, e variado de tempo em tempo. Tomem todos parte na leitura da Bíblia, e aprendam e repitam muitas vezes a lei de Deus. Contribuirá para maior interesse das crianças ser-lhes algumas vezes permitido escolher o trecho a ser lido. Interroguem-nas a respeito do mesmo, e permitam que façam perguntas. Mencionem qualquer coisa que sirva para ilustrar o sentido. Se o culto não se tornar demasiado longo, façam com que os pequeninos tomem parte na oração e unam-se eles ao canto, ainda que seja uma única estrofe.
Para se fazer com que este culto seja como deve ser, é necessário que pensemos previamente na sua preparação. Os pais devem tomar tempo diariamente para o estudo da Bíblia com seus filhos. Não há dúvida de que isto exigirá esforço e a organização de um plano para tal, bem como algum sacrifício para o realizar; o esforço, porém, será ricamente recompensado.” (White, Educação, pág. 186 – ênfase acrescentada)
Começa aqui um grande problema para a adoração: o ritualismo, ou cerimonialismo. Neste contexto a situação não é tão grave. Embora deva haver um planejamento, pode haver sugestões e adaptações podem ser feitas de acordo com o momento. Tudo deve ser feito para que o objetivo da reunião ou do culto familiar seja atingido, isto é a adoração, a edificação e o fortalecimento espiritual de todos; neste caso, a reunião é uma bênção. Evidentemente, deve haver alguém que assuma a liderança. No culto familiar, este papel cabe aos pais. Nas reuniões de estudos e nos grupos de jovens, se não houver um líder natural, alguém poderá ser escolhido para esta tarefa. Falaremos mais deste assunto a seguir.
3 – O Culto da Congregação na Igreja
“O terceiro e mais complexo contexto em que ocorre o culto é na congregação. A expressão ‘ir para a igreja’ é freqüentemente usada para descrever esta experiência. Seria ideal que isso representasse a culminância de todas as experiências de adoração que tivessem ocorrido durante a semana.” (Osterman, pág. 40 – ênfase acrescentada)
Nós, seres humanos, somos criaturas sociais e o Senhor, que nos criou assim, reconhece isso. Por isso definiu que seus filhos se agreguem periodicamente, a fim de se edificarem e fortalecerem e consolarem mutuamente. Esta união deve ser tão estreita e o propósito tão uniforme, que Paulo chama a igreja de “Corpo de Cristo” (Romanos 12:5; I Coríntios 10:16; 12:2; Efésios 4:12). Vejamos alguns textos bíblicos que reforçam a importância da adoração na congregação:
Lucas 4:16 “Chegando a Nazaré, onde fora criado; entrou na sinagoga no dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.”
I Coríntios 12:25-26 ” para que não haja divisão no corpo, mas que os membros tenham igual cuidado uns dos outros. De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele.”
I Coríntios 14:26 “Que fazer, pois, irmãos? Quando vos congregais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.”
Efésios 5:19 “falando entre vós em salmos, hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração,”
Colossenses 3:16 “A palavra de Cristo habite em vós ricamente, em toda a sabedoria; ensinai-vos e admoestai-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, louvando a Deus com gratidão em vossos corações.”
Hebreus 10: 24-25 “e consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, não abandonando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.”
Porém, como vimos no contexto dos pequenos grupos, conforme o número de adoradores cresce, assim também cresce a complexidade da organização requerida para que a adoração possa ser proveitosa e edificante para todos. Isso é necessário, não há como ser diferente. A escolha dos diáconos da igreja primitiva, relatada em Atos 6:1-8 é significativa para a compreensão deste problema. O relato começa dizendo: “Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos…” Vemos então que a necessidade de organização, da criação de regras, da escolha de pessoas que sejam responsáveis pelo bom andamento das diversas atividades é, não apenas fundamental, mas tem amplo respaldo bíblico (Romanos 12:4-5; 13:1; I Coríntios 12:4-12; 14:40; Efésios 4:11-15)
“Outra parte da estrutura organizada da igreja é o ritual, uma lembrança simbólica das crenças (culto, batismo, comunhão, etc.). Ele provê estrutura e ordem e pode ser implementado de várias maneiras. Um dos enganos do inimigo é o de levar-nos a crer que o ritual em si é o culto, quando na verdade é somente uma forma de culto. Tal modo de pensar pode conduzir a um culto falso – prestar culto pela razão errada.” (Osterman, pág, 45) Sim, existem cultos pela razão errada, existe adoração falsa. Infelizmente não teremos condições aqui de abranger estes temas, mas isto não deveria nos causar espanto, porque sabemos que “Satanás pode apresentar uma contrafação tão parecida com a verdade, que engane aos que estão dispostos a ser enganados, aos que desejam excluir a abnegação e o sacrifício exigidos pela verdade; impossível lhe é, porém, reter sob o seu poder uma só alma que sinceramente deseje conhecer a verdade, custe o que custar.” (White, O Grande Conflito, pág. 533)
Mas é importante que compreendamos que a forma do culto não é o culto. Assim como vimos que o culto familiar deve ser variado periodicamente, e discutimos que as reuniões de estudo podem ser feitas e alteradas de acordo com as circunstâncias, não vejo qualquer problema em variar a forma do culto na igreja. O fator mais importante porque não se faz isso é para evitar conflitos desnecessários com aqueles que acreditam que a forma do ritual do culto é uma norma divina imutável, o que não tem qualquer base, nem bíblica, nem do Espírito de Profecia. Pelo contrário, Ellen White afrma: “Religião não é limitar-se a formas e cerimônias exteriores. A religião que vem de Deus é a única que leva a Ele. Para O servirmos devidamente, é mister nascermos do divino Espírito.(…) Esse é o verdadeiro culto.” (White – O Desejado de Todas as Nações, pág. 189 – ênfase acrescentada). Além disso, uma mudança envolveria todo um trabalho de re-planejamento desta mudança. É a típica filosofia do “em time que está ganhando, não se mexe”. Vejam, não estou dizendo que é necessário haver mudanças, mas estou afirmando que as mudanças são possíveis, se a igreja assim o desejar. E, se feitas com cuidado e oração, podem ser benéficas para toda a congregação.
Um Sério Problema à Adoração
Um problema realmente sério, e que pode conduzir a uma falsa adoração é o ato de ir à igreja sem uma compreensão correta da adoração, sem saber o que se vai fazer na igreja. Você já parou para se perguntar: “O que é que eu vou fazer na igreja?” Por que colocamos nossas melhores roupas sociais e nos reunimos todos, assentados durante horas? Por que não ficamos dormindo até mais tarde? Será o costume? Será a vergonha de pensarem que astamos apostatando? Não temos nada melhor para fazer?
Embora não seja uma coisa declarada, pela atitude quase que “forçada” de muitos adoradores, podemos concluir que hoje em dia existe um grande número de cristãos que acha que ir à igreja é uma espécie de experiência mística e supersticiosa, um ritual que, caso seja seguido em todos os seus detalhes, garantirá ao crente uma semana de proteção divina contra todos os males. Que grande distorção na visão da verdadeira adoração!
Vamos voltar ao nosso texto chave de João 4. 23. Por que será que Deus está procurando adoradores? Será que é tão difícil assim encontrar adoradores que O adorem em “Espírito e em Verdade”? Adoradores cuja adoração seja “pra valer” e da qual Deus se agrade e o adorador saia revigorado? Uma adoração singela e de coração puro, como foi a adoração do menino do tambor? Não pode ser tão difícil: quantos cristão existem, só na cidade de São Paulo? E no Brasil? E no mundo?
O problema, que gera esta dificuldade para encontrar verdadeiros adoradores é que não pode existir adoração sem comunhão. Ao voltarmos para os nossos exemplos iniciais de adoração, dos pastores e dos sábios do Oriente, aos pés do bebê Jesus, pode parecer á primeira vista que a adoração deles foi uma adoração momentânea, espontânea, sem um processo anterior de comunhão pessoal. Mas não foi assim. Vejam os seguintes textos:
“Nos campos em que o jovem Davi guardara seus rebanhos, havia ainda pastores vigiando durante a noite. Nas horas caladas, conversavam entre si acerca do prometido Salvador, e oravam pela vinda do Rei ao trono de Davi.” (White – O Desejado de Todas as Nações, pág. 47)
“A luz de Deus está sempre brilhando entre as trevas do paganismo. Ao estudarem esses magos o céu estrelado, procurando sondar os mistérios ocultos em seus luminosos caminhos, viram a glória do Criador. Buscando mais claro entendimento, voltaram-se para as Escrituras dos hebreus. Guardados como tesouro havia, em sua própria terra, escritos proféticos, que prediziam a vinda de um mestre divino. (…) Os magos souberam, com alegria, que Seu advento estava próximo, e que todo o mundo se encheria do conhecimento da glória do Senhor.” (White – O Desejado de Todas as Nações, pág. 59-60)
Vemos claramente que antes da adoração houve a contemplação. Comparando a experiência destes homens à de Isaías (6:1-8), vemos os mesmos eventos acontecendo: visão da majestade divina, visão de nossa própria finitude e pecaminosidade, confissão e recebimento de perdão (ou render-se à divindade) e consagração e disposição para o serviço. Nenhum destes adoradores adorou sem passar por todo o processo.
A raiz do problema pode ser resumida na seguinte frase: “Seria ideal que [o ato de ir à igreja] representasse a culminância de todas as experiências de adoração que tivessem ocorrido durante a semana”. (Osterman, pág. 40 – ênfase acrescentada) Infelizmente, quando isso não acontece, chegamos à igreja vazios. Nada temos a ofertar, porque nada foi cultivado no nosso relacionamento com Deus durante a semana. A pessoa de Deus, Jesus Cristo, são desconhecidos distantes, de quem ouvimos falar. E portanto, ir à Sua casa não representa nada. Repito a citação de Ellen White, que diz: “Não negligencieis a oração secreta, pois é a alma da religião” (White, Testemonies, vol. 1, pág. 163). Notem, não é o ato de ir à igreja que representa a alma da religião, mas sim a experiência da “câmara secreta”, a comunhão pessoal!
Gostaria, neste ponto de lhe fazer uma pergunta, para ser respondida entre você e Deus: O que você vai fazer na igreja? Vai assistir a um culto ou vai prestar um culto?
Quando chegamos vazios à igreja, nada tendo a oferecer, nossa mente “está interessada em assuntos externos, idéias preconcebidas e preocupações – expectativas pessoais, cultura, liturgia, música, etc. O homem torna-se então a audiência, o foco da atenção e o “fogo estranho” aceso por estímulos externos, especialmente a música e o desejo de uma emoção intensa é a única coisa que parece satisfazer a alma vazia.” (Osterman, pág. 46 – ênfase acrescentada)
“Se trabalharmos para criar excitação do sentimento, teremos tudo quanto queremos, e mais do que possivelmente podemos saber como manejar. (…) Importa não considerar nossa obra criar excitação. Unicamente o Espírito de Deus pode criar um entusiasmo são. Deixai que Deus opere, e ande o instrumento humano silenciosamente diante dEle, vigiando, esperando, orando, olhando a Jesus a todo momento, conduzido e controlado pelo precioso Espírito que é luz e vida. (White, Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 16-17)
Esta excitação estimulada artificialmente não provêm de Deus; não pode portanto, levar a Ele. A adoração ao bezerro de ouro, relatada em Êxodo 32 é o exemplo mais gritante de um culto falso onde foram introduzidas excitações não produzidas nas cortes celestiais, inclusive música e dança. E sabemos o desfecho da história…. Hoje em dia, para designar este tipo de culto vazio e emocional podemos usar palavras como “celebração” ou “louvor”. Comentando sobre este episódio e fazendo uma aplicação para os nossos dias, Ellen White escreveu: “Quantas vezes em nossos próprios dias é o amor aos prazeres disfarçado por uma “aparência de piedade”! II Timóteo 3:5. Uma religião que permite aos homens, enquanto observam os ritos do culto, entregarem-se à satisfação egoísta ou sensual, é tão agradável às multidões hoje como o foi nos dias de Israel. E ainda há Arãos flexíveis, que ao mesmo tempo em que mantêm posições de autoridade na igreja, cederão aos desejos dos que não são consagrados, e assim os induzirão ao pecado.” (White, Patriarcas e Profetas, pág. 317)
Os Motivos da Verdadeira Adoração
Deus ainda quer que você lhe ofereça um presente. Ele ainda está esperando e desejando ser presenteado. Mas para compreendermos melhor como presentearmos a Deus e o que Ele quer de presente, vamos ler mais um texto:
Lucas 7
37 E eis que uma mulher pecadora que havia na cidade, quando soube que ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro com bálsamo;
38 e estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas e os enxugava com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés e ungia-os com o bálsamo.
39 Mas, ao ver isso, o fariseu que o convidara falava consigo, dizendo: Se este homem fosse profeta, saberia quem e de que qualidade é essa mulher que o toca, pois é uma pecadora.
40 E respondendo Jesus, disse-lhe: Simão, tenho uma coisa a dizer-te. Respondeu ele: Dize-a, Mestre.
41 Certo credor tinha dois devedores; um lhe devia quinhentos denários, e outro cinqüenta.
42 Não tendo eles com que pagar, perdoou a ambos. Qual deles, pois, o amará mais?
43 Respondeu Simão: Suponho que é aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe Jesus: Julgaste bem.
44 E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta com suas lágrimas os regou e com seus cabelos os enxugou.
45 Não me deste ósculo; ela, porém, desde que entrei, não tem cessado de beijar-me os pés.
46 Não me ungiste a cabeça com óleo; mas esta com bálsamo ungiu-me os pés.
47 Por isso te digo: Perdoados lhe são os pecados, que são muitos; porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.
48 E disse a ela: Perdoados são os teus pecados.
Esta mulher (que alguns acham ser Maria, mas devemos deixar claro que não existe base bíblica para esta ligação) trouxe um presente para Jesus. Qual era o presente que ela trouxe? O vaso de perfume? Oh, que presente maravilhoso! Era um perfume muito caro! Sabemos pelos relatos de Mateus 26 e Marcos 14 que era um perfume caríssimo, sendo que Marcos chega a citar um valor de 300 denários. Sendo o denário o salário usual de um dia de trabalho, aquele perfume custou praticamente o trabalho de um ano inteiro!
Mas, ao examinarmos o texto, Jesus cita o perfume apenas como um dos componentes da ação que a mulher estava executando, juntamente com o lavar-Lhe e beijar-Lhe os pés e enxuga-los com seus cabelos, sem dar qualquer destaque a este presente tão caro! João 4:24 fala : ” Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” Portanto, o verdadeiro presente para Deus não é qualquer coisa material. Ele é o dono de tudo! O que ele quer é um presente do espírito, ou seja uma atitude de amor, de gratidão e de louvor.O que Jesus enfatizou, quando comentou a adoração desta mulher pecadora foi outra coisa, que o verso 47 destaca: “porque ela muito amou”. Este é o verdadeiro presente da adoração: Um coração transbordante de amor! Notem a lógica cartesiana desta afirmação: Este amor nasce da contemplação. A contemplação acontece na comunhão. Portanto, sem comunhão, não há adoração!
(Eu poderia citar aqui a conhecida passagem de Provérbios 23:26 “Filho meu, dá-me o teu coração” (que é muito usada como frase de efeito), mas estaria tirando o verso de seu contexto ao usa-lo aqui. O contexto correto deste verso é o de um pai que está querendo dar conselhos ao seu filho, e não Deus pedindo o coração do pecador.)
Vejamos este transbordamento de amor, que resulta na verdadeira adoração na vida de mais dois personagens bíblicos:
“Quando Moisés pediu ao Senhor que lhe mostrasse Sua glória, o Senhor disse: “Eu farei passar toda a Minha bondade por diante de ti.” Êxodo 33:19. “Passando, pois, o Senhor perante a sua face, clamou: Jeová, o Senhor, Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade; que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniqüidade, e a transgressão, e o pecado; que ao culpado não tem por inocente. … E Moisés apressou-se, e inclinou a cabeça à terra, e encurvou-se.” Êxodo 34:6-8. Quando formos capazes de compreender o caráter de Deus como Moisés, também nós nos daremos pressa em curvar-nos em adoração e louvor.” (White, Conselhos aos Professores, Pais e Estudantes, pág. 30 – ênfase acrescentada)
“Ao ver [Davi] o amor de Deus em todas as providências de sua vida, seu coração palpitava com mais fervorosa adoração e gratidão, sua voz soava com mais magnificente melodia, sua harpa era dedilhada com alegria mais exultante; e o moço pastor ia de força em força, de conhecimento em conhecimento; pois o Espírito do Senhor estava sobre ele.” White, Patriarcas e Profetas, pág. 642 – ênfase acrescentada)
Este mesmo grau de perfeita adoração que os personagens bíblicos demonstraram, está ao teu alcance hoje! Esta perfeita comunhão, este andar com Deus, conhece-lO verdadeiramente, está disponível para você. Na verdade, é por esta comunhão que o Pai anseia quando diz “… porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (João 4. 23). “Todo o Céu está interessado em nós. Devemos estar ativos e despertos para honrar, glorificar e adorar o Alto e Sublime. Nosso coração deve transbordar em amor e gratidão por Aquele que tem sido tão cheio de amor e compaixão por nós. Devemos honrá-Lo com nossa vida, e com pura e santa conversação mostrar que fomos nascidos de cima, que este mundo não é nosso lar, mas somos peregrinos e estrangeiros aqui, a caminho de um país melhor.” (White, Primeiros Escritos, pág. 113)
Faça um voto hoje, entre você e Deus, de busca-lO a cada dia, de conhece-lO com intimidade. Você verá que a tua vida será transformada por esta contemplação e o teu coração transbordará de amor, gratidão e disposição para o serviço.
Não espere até “sentir” algo, alguma sensação; ou que ocorra espontaneamente alguma transformação; ela não acontecerá, pois a nossa natureza é pecaminosa. Ofereça o que você tem hoje, doe-se a Deus como você está hoje. Faça como o menino do tambor, que ofereceu uma dádiva sincera, embora simples; ele ofereceu, na sua simplicidade, o que ele tinha naquele momento; mas esta dádiva foi aceita pelo Rei do Universo. Faça como os grandes heróis da fé, que andaram com Deus a cada dia, embora tropeçando, mas não largando da mão do Onipotente. Deus está ansioso por isto, ou ele não teria dito à igreja de Laodicéia “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Ao que vencer, eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono.” (Apocalipse 3:20-21) Que esta promessa possa ser verdadeira para você, a partir de hoje.
“Que Deus nos conceda uma sede se Sua presença que faça do ato de busca-lO em adoração o nosso estilo de vida (Colossenses 3:17), uma fome que nos leva a uma comunhão mais íntima com Seu povo. Isso resultará em uma rica experiência de adoração coletiva, caracterizada por unidade, sensibilidade e compreensão (João 17). Ao amar a Deus com todo o nosso ser, amaremos o que Ele ama, odiaremos o que Ele odeia e ansiaremos que os Seus propósitos sejam concretizados por nosso intermédio! (Mateus 22:37-39)” (Allen/Borror, pág. 184)
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