Os que os filhos esperam dos pais

Uma das tarefas mais difíceis confiadas aos seres humanos, é a educação dos filhos. Só compreendem isto aqueles que se dedicaram à arte de educar. Há pelo menos quatro grandes fontes de educação para nossos filhos:
* FAMÍLIA
* IGREJA
* ESCOLA
* RUA

Quero que por alguns instantes esqueçamos as três últimas fontes de educação (não que não tenham seus méritos ou deméritos) e nos concentremos na primeira e mais importante fonte de educação, a família. No momento em que a família falhar na educação dos filhos, a igreja e a escola terão uma carga quase sobre-humana.

Dentro da família, quando se pensa em educação, a mãe é a figura que mais aparece, e na realidade a mãe muitas vezes tem que levar sozinha o trabalho da educação dos filhos. Se buscarmos respaldo bíblico e também do espírito de profecia para tal procedimento, não encontraremos.

Consideraremos um texto bíblico que tem ficado no esquecimento por parte de muitos pais. Neste texto, é como se seu filho estivesse falando para você, apresentando o que ele não aprecia na sua maneira de educar e a maneira que ele gostaria de ser educado.

A família é um círculo sagrado, onde todos os membros se conhecem mutuamente, onde a transparência nas atitudes falam muito alto. Pertencer a uma família é um privilégio e uma grande bênção.

Se você quer ter uma experiência gratificante, amorosa e eficiente, é uma necessidade que se envolva em todos os aspectos familiares e, a educação dos filhos é, sem dúvida, um fator importante para o sucesso familiar.

Não deixe que as coisas corriqueiras o enlouqueçam e dominem sua vida. Há uma cota suficiente de coisas difíceis a enfrentar quando se fala em vida familiar e principalmente ao se tratar da educação dos filhos.

I- O QUE O FILHO NÃO APRECIA NA EDUCAÇÃO

“E vós pais, não provoqueis vossos filhos à ira…” Efésios 6:4.

A bíblia declara de quem é a responsabilidade na educação dos filhos. Não é da igreja, nem da escola e muito menos da rua, mas pertence primeiramente aos pais.

Essa relação cristã, ideal entre pais e filhos, pode ser facilmente destruída, tanto pela desobediência por parte dos filhos, como pela severidade excessiva dos pais.

A palavra grega usada em efésios 6:4 é pateres, que significa “pais” ( Sexo masculino). Portanto, a preocupação de Paulo era e é para com os pais (Sexo masculino), porque tinham (e alguns ainda têm) a propensão de serem mais

severos que as mães na correção dos filhos.

É muito comum os pais disciplinarem um filho quando estão emocionalmente descontrolados, irados e usam de palavras severas, rudes, e muitas vezes perdem o controle e disciplinam o filho excessivamente e do modo errado.

O espírito de profecia nos aconselha a nunca corrigirmos um filho quando estivermos descontrolados, irados. Se o corrigirmos neste clima, jamais a correção alcançará os resultados desejados, e ainda pior, assim como nós estamos irados, deixaremos o filho também irado.

Provocar a ira: Uma só é a palavra grega assim traduzida “parorgidzo”, que significa exatamente isso, “provocar a ira”. A palavra raiz, “orge” significa sentimento, temperamento, impulso geralmente do tipo violento, próprio das emoções iracundas.

As crianças também são dotadas de sentimentos. Por esta razão podemos levá-las a se irarem, e até mesmo a ficarem amarguradas. Quando isso ocorre, tem lugar a alienação do lar, o amor bate asas, como também o respeito dos filhos para com os pais.

Muitas crianças tem sido submetidas a um tratamento abusivo por parte dos adultos, e com freqüência pelos pais. Alguns pais usam seus filhos para vantagem própria, de ordem financeira ou outra, não respeitando a individualidade do filho.

Hoje é comum a idéia de que em alguns momentos as crianças são um impecilho, um intruso, algo indesejável. Elas são consideradas como se não tivessem sentimentos e recebem, muitas vezes, palavras baixas e vulgares, as quais certamente não ajudarão a formar um caráter cristão.

Como resultado disso, as crianças, que são menores e praticamente indefesas, retiram-se do local, para irem sofrer a dor dos seus sentimentos feridos.

Por que Paulo faz tal pedido aos pais? Ele mesmo oferece a resposta: ” Pais, não irriteis vossos filhos, para que não fiquem desanimados.” Colossenses 3:21

É notório em nossos dias, que a autoridade está em decadência e como resultado, muitos começam a fazer exigências injustas e irritantes. Muitos pais formam o hábito de manter os filhos sob constante crítica.

II- COMO OS FILHOS DEVEM SER EDUCADOS

A Segunda parte de Efésios 6:4 apresenta o que devemos fazer por nossos filhos: “…mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor.”

A Disciplina – É a disciplina do Senhor. Vejamos o que a bíblia nos diz: ” Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê pois zeloso e arrepende-te.” Apocalipse 3:19.

Assim deve ser a disciplina dos pais. Se a correção não for por amor, será totalmente prejudicial e contrária ao plano divino.

A Admoestação – Visa a incentivar o filho, quando está fazendo algo de bom e orientá-lo e aconselhá-lo quando estiver fazendo algo errado.

Do Senhor – “Para que os filhos cresçam no temor do Senhor, a disciplina e admoestação dadas pelos pais devem ter sua origem no Senhor e ter a Sua aprovação. Os pais ocupam o lugar de Deus diante de seus filhos pequenos. Isto constitui uma importantíssima responsabilidade dos pais.” SDABC, vol. 6, 1040

Gostaria de compartilhar com os queridos uma pesquisa feita com 1000 adolescentes sobre o que eles gostam de seus pais, e o que eles gostariam que seus pais fizessem de diferente: Revista Adventista, Maio de 1994.

* FALE DE SEU TRABALHO

Todos os filhos sabem que seu pai sai para o trabalho, mas o que eles sabem do trabalho de seus pais? Esses adolescentes disseram que gostariam de entender o que se passa no ambiente em que seus pais trabalham.

Presumindo que eles conhecem seu ambiente de trabalho, no momento em que você chegar sorrindo em casa, entenderão que o seu trabalho foi bem nesse dia.

Ao partilharmos com nossos filhos a alegria do nosso trabalho, estamos motivando-os, criando desejos de um dia terem a mesma profissão.

Se um dia chegamos triste em casa por que não contar com prudência aos filhos o que é que nos entristeceu e, então convidá-los a se unirem conosco em oração?

* NÃO TRABALHE DEMAIS

Muito é perdido, quando os pais não aproveitam o tempo, quando os filhos desejam nossa companhia. Quantos pais lamentam ao verem seus filhos grandes, não percebem que o tempo passou, e agora os filhos querem outras companhias…

As crianças nos ensinam uma grande lição, a de vivermos o presente. Aproveitar a vida “no exato momento”, desfrutarmos a plenitude do momento presente.

As pessoas felizes sabem que não importa o que lhes aconteceu ontem, no mês passado, há anos, ou o que poderá acontecer amanhã ou no ano que vem. O hoje, o presente é o único lugar onde a felicidade pode de fato ser encontrada.

“As crianças intuitivamente entendem que a vida é uma série de momentos, cada um deles a ser vivenciado em sua plenitude, um após o outro, uma vez que cada um deles é igualmente importante. Elas mergulham no presente e concentram sua atenção plena na pessoa com quem estão.” Richard Carlson, Não Faça Tempestade em Um Copo D’Água com a Família, 30.

O fato de você trabalhar muito e se sacrificar pelos filhos pode ser apreciado, mas não do jeito que você gostaria e que julga merecer. Para os filhos, o que importa é seu tempo e sua disponibilidade para ouvi-las e amá-las incondicionalmente.

É uma coisa dizer “meus filhos são a coisa mais importante de minha vida” e outra, muito diferente, apoiar essa declaração com ações. Pode não ser fácil, e há um bom número de desculpas legítimas para não colocarmos nossos filhos e sua educação no topo de nossas prioridades, mas a realidade permanece a mesma: nossos filhos não querem nosso sucesso externo, querem nosso amor, nossa companhia.

O amor tem que ser desenvolvido, “embora a educação dos filhos seja estressante algumas vezes, e você possa achar que isso durará para sempre, não é verdade. Pelo contrário, você tem apenas uma pequena oportunidade para passar seu tempo junto deles e desenvolver uma relação amorosa e respeitosa antes que seus filhos cresçam e vivam por conta própria.” IDEM, 264.

Que ao olharmos para traz possamos ver que tivemos uma boa parte de tempo qualitativo com nossos filhos. O que nossos filhos realmente querem (ou precisam) é nosso amor, que ouçamos suas histórias, que joguemos uma partida de futebol com eles…Nossos filhos querem ser o centro do nosso universo!

“Os pais devem desprender-se de sua falsa dignidade, negando a si mesmos alguma pequena satisfação em tempo e lazer, a fim de se associarem com os filhos, simpatizando com seus problemas, ligando-os a seu coração pelos fortes laços do amor…” SDABC, vol. 6, 1040.

* NÃO TRAGA PROBLEMAS DO TRABALHO PARA CASA

Sandy, de 12 anos, assim se expressou: “Quando papai tem um dia difícil, desabafa em cima de mim e de meu irmão. Grita por tudo e por nada.”

Ao chegar em casa, os cuidados do trabalho devem ficar para traz. A atenção e o carinho devem ser exclusivos da fa mília, daqueles que você tanto ama e que passou um dia distante.

Não é justo descarregar as frustrações do dia nos filhos. Trabalho é trabalho, família é família.

* DEDIQUE TEMPO AOS FILHOS

Um dos ítens dessa pesquisa mostra que a média de tempo que pai e filho estiveram juntos sem a interferência de terceiros, foi de 7 minutos e meio por semana.

“Pais… combinai autoridade e disciplina e a dedicação de algumas horas de lazer com os filhos. Associai-vos a eles nos seus trabalhos e brincadeiras…tornar-vos-eis assim, uma forte influência para o bem.” Lar Adventista, 222.

“Pais, dedicai tanto tempo quanto possível a vossos filhos, procurai familiarizar-vos com seus diferentes traços de caráter para que possais saber educá-los em harmonia com a bíblia.” IDEM, 222.

* NÃO CRITIQUE INJUSTAMENTE

Existem pais que não tem tempo para conversar, mas tem tempo para criticar. Tratam os filhos assim: Você nunca faz o que eu mando. Você nunca tira boas notas. É sempre o “você nunca” ou “você se esquece”.

Como disse Charles Wagner: “Tal como ninguém é perfeito, ninguém é sempre imperfeito.” Platão também dizia: “Um crítico jamais construiu uma estátua.”

Ao ser feita uma crítica menosprezando nossos filhos, estamos ferindo os sentimentos deles, e isso pode levá-los a atitudes erradas e os culpados somos nós.

“…leve o pai para seu lar a mesma fisionomia sorridente e a mesma voz agradável que durante o dia saudou as visitas e os estranhos.” Lar Adventista, 216.

* COMECE O DIA DE MANEIRA POSITIVA

O tempo que passarmos com os filhos de manhã os influenciará o resto do dia. Hoje pelas necessidades do mundo moderno e o apego aos bens materiais, muitos pais não tem tempo para o estudo da lição com seus filhos (Departamento infantil) nem para o culto familiar.

Kim, de 15 anos disse: “Minha casa de manhã vira uma bagunça; meus pais estão sempre gritando que vão se atrasar. Gritam: Faça a cama! Tome o desjejum depressa! É horrível começar o dia assim.”

“Antes de sair de casa…toda a família deve ser reunida…para rogar fervorosamente à Deus que os guarde durante o dia.” Orientação da Criança, 519.

CONCLUSÃO:

Ao sair de casa como me despeço de meus queridos?

Quantas vezes saímos sem dizer um adeus carinhoso, ou dizemos algo não muito gentil?

Quantas vezes subestimamos aqueles que tanto amamos, partindo da premissa de que sempre estamos juntos?

As pessoas muitas vezes partem da presunção de que sempre haverá um amanhã para se corrigir nossos atos. Será essa uma maneira sábia de se viver?

Se pensássemos na possibilidade ser esta a última vez, com certeza você teria mais um minuto para um abraço carinhoso, uma maneira gentil e simpática para uma declaração de amor, em vez do habitual e burocrático, “até mais, estou indo…”

Espero que Deus nos ajude a curtirmos na plenitude nossa família, nossos filhos, e que cumpramos fielmente nossa parte na educação de nossos filhos.

A M É M !

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