Introdução
Já falamos sobre felicidade quando refletimos sobre o Salmo 1º. Na perspectiva do mundo, podemos ganhar e perder a felicidade. Basta uma mudança de fortuna, um abalo na saúde, a desilusão por não alcançarmos o que ambicionamos e até o mau tempo pode privar-nos da felicidade que o mundo dá. Mas ninguém pode tirar o gozo, a alegria, a felicidade que Cristo nos dá (João 16.22).
A palavra bem-aventurança significa a felicidade como dom de Deus. Essa felicidade brilha através das lágrimas e não depende de circunstâncias: nem a vida nem a morte nem as angústias nem a perseguição pode arrebatá-la do coração do crente.
O ensino das bem-aventuranças é para os discípulos de Jesus. Ele viu as multidões, mas, quando subiu ao monte, aproximaram-se os seus discípulos e ele os ensinava (Mateus 5.1-2). O sermão do monte é a plataforma do reino de Deus. Fala da conduta dos súditos do reino. E começa dizendo quem eles são: São felizes! Sob a ótica do mundo seriam infelizes; mas na ótica do reino, são felizes. Poderíamos dizer: Felizes os infelizes! É a contracultura do reino! Foge ao senso comum! Quem são os felizes? Os bem-aventurados?
A FELICIDADE DOS POBRES
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus (5.3). Na Bíblia, a palavra pobre tem diversos significados: a) refere-se à pessoa que não tem riqueza e por isso não tem poder, nem prestígio nem influência; b) ou à pessoa oprimida, explorada e dominada pelos poderosos; c) ou ainda a pessoa que, por não ter bem terreno, coloca toda a sua confiança em Deus; d) a expressão pobre de espírito refere-se à pessoa que chegou à conclusão de que as coisas não significam nada e por isso colocam a sua confiança inteiramente em Deus, como podemos ver nas seguintes passagens da Bíblia (Salmos 34.6; 9.18; 3.10; 107.41). Essa pessoa é verdadeiramente feliz!
Aos pobres de espírito pertence o reino dos céus. Esse reino dos céus é a sociedade na qual a vontade de Deus é feita na terra como é feita nos céus. Logo, os pobres de espírito fazem a vontade de Deus. No entanto, só podemos fazer a vontade de Deus quando temos consciência da nossa impotência, da nossa ignorância, da nossa incapacidade para responder satisfatoriamente às exigências da vida e quando, por isso, colocamos a nossa confiança inteiramente em Deus. Os que se consideram ricos enganam a si mesmos, privam-se das riquezas de Deus, são repreendidos e exortados ao arrependimento e à conversão (Apocalipse 3.16-19).
A experiência de Abraão nos ensina que não possuir nada é uma grande bênção. Ele era homem rico (Gn 24.35), mas a sua maior herança era Isaque, cujo nome significa riso (Gn 21.5-6; 24.36). Sem dúvida ele daria todos os seus bens para salvar Isaque. No entanto, ao oferecer o seu filho a Deus, o maior tesouro que ele tinha, ele se esvaziou, à semelhança de Cristo, e por isso foi enriquecido por Deus (Gn 22.15-17). O crente é feliz porque não troca a felicidade das riquezas do Reino de Deus pela felicidade das riquezas do mundo! Jesus falou do homem que se vangloriou na segurança dos bens que havia acumulado, mas que ouviu a voz de Deus: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será”?. Jesus concluiu: “Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus” (Lc 12.20-21).
A FELICIDADE DOS QUE TÊM O CORAÇÃO QUEBRANTADO
“Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados” (5.4). As lágrimas que levam ao verdadeiro consolo são causadas (a) pelo mundo que está colocado no maligno e (b) pelo próprio pecado do homem. Ao quebrantado e contrito, Deus não despreza (Salmo 51.17). Isaías era estadista, nobre, educado, mas quando contemplou a gloria de Deus (Isaías 6.1-3), tomou consciência do seu pecado e clamou: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos” (Isaías 6.5).
Em Lucas 7.36-50 temos a história da mulher pecadora que entrou na casa de um fariseu onde Jesus estava à mesa para a refeição. Essa mulher prostrou-se aos pés do Senhor, chorou tanto que lavou os pés do Mestre com as suas lágrimas e os enxugou com os seus cabelos! Jesus foi censurado porque ele permitiu que uma mulher pecadora fizesse isto. No entanto, o Mestre deixou claro que tanto o fariseu quanto a mulher eram pecadores. Com uma diferença: a mulher chorou pelos seus pecados; o fariseu considerava-se justo. Por isso, Jesus disse à mulher: “Perdoados são os teus pecados. A tua fé te salvou; vai-te em paz”. (Lucas 7.48, 50). As lágrimas de arrependimento produziram o verdadeiro conforto para a mulher; o fariseu, cujo coração não se quebrantou, continuou na sua religiosidade fria, crítica, zangada, infeliz!
Tanto o profeta Isaías quanto a mulher pecadora tomaram consciência do seu pecado quando estavam na presença de Deus em atitude de adoração. Arrependeram-se, foram perdoados, purificados, consolados, passando a ter uma vida de felicidade! A verdadeira adoração que leva à contemplação do Deus santo e amoroso é condição para alcançarmos uma vida de felicidade permanente. A adoração e o louvor devem ser atitudes permanentes do cristão.
A FELICIDADE DOS QUE SÃO GOVERNADOS POR DEUS
“Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra” (5.5). O significado da palavra manso não tem nada a ver com servilismo e passividade! Pelo contrário: manso é o ser humano cujos instintos, paixões e impulsos estão sob controle; é o homem que aprendeu a dominar-se. A mansidão é uma autêntica humildade que despreza por completo o orgulho. Para isto, é necessário que haja completo esvaziamento do ego para que Espírito Santo possa encher o coração do crente e produzir nele o fruto do Espírito que tem como expressões a mansidão e o domínio próprio (Gálatas 5.22-23).
Os mansos herdarão a terra (Mt 5.5; Sl 37.11). Quem se governa pode governar a terra! Moisés era o homem mais manso da terra porque tinha controle das suas paixões e a sua ira só se manifestava em momentos adequados (Números 12.3; Êxodo 32.19-21)! Ele era manso sem ser servil e passivo!
Aprendemos a mansidão e a humildade com Jesus. Então, temos descanso e felicidade! (Mateus 11.29). Os raivosos jamais serão felizes! Mas quem se coloca sob o controle e governo de Deus obterá a mansidão que o capacitará a herdar a terra!
Conclusão
Para sermos agentes da felicidade é preciso que sejamos felizes! O hino “Sou feliz com Jesus” expressa a grande verdade da felicidade do cristão!
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