INTRODUÇÃO:
O vocábulo “igreja” vem do grego “eklesía”.
Eclesiologia é o estudo da Igreja. Trata da vida organizada da comunidade, sua missão, atributos, sacramentos, constituição, ordenanças e atividades”.
Na Eclesiologia, Igreja é muito mais do que uma comunidade, assembléia, congregação ou um aglomerado de pessoas reunidas.
Igreja é um grupo de “pessoas chamadas por Jesus ‘e entre’ a humanidade para o louvor da glória de Deus” (Efésios 1.3-6).
A Teologia bíblica identifica a Igreja como um povo eleito e separado por Deus e para Deus, que tem a Cristo como Rei e Cabeça.
A concepção neo-testamentária é a de que a igreja passou a ser uma realidade visível a partir do dia de Pentecostes (At 1.4-5;I Cor 12.13).
Na perspectiva de Deus, a Igreja é um Corpo Único. A Igreja é universal.
Na perspectiva do homem a Igreja está em vários lugares da terra. A Igreja é Regional:
1) NO PLANO UNIVERSAL
Com o estabelecimento da monarquia de Israel, a adoração e o serviço a Deus ficaram centralizados em Jerusalém.
· O culto e o serviço a Deus estavam centralizados numa nação: Israel.
· A revelação vinha através de um povo: os judeus
· Geograficamente o centro da fé estava numa cidade: Jerusalém.
· O espaço físico da congregação: era o Templo
· Temporalmente o povo se congregava no sábado e em festas religiosas.
· O encontro com Deus se dava prioritariamente através da hierarquia sacerdotal (o sacerdote era o mediador)
Com a inauguração da Igreja acontece uma evolução na implantação do Reino de Deus:
· Israel não é mais o centro da adoração.
· Os judeus não são mais o povo exclusivo.
· Agora, todos os povos, sem discriminação de raça, homem e mulher (Gal 3.28), são o povo de Deus.
· Em vez dos filhos de Deus ficarem circunscritos geograficamente em Israel, os cristãos são enviados de Jerusalém para Judá, Samaria e até os confins da terra. (Atos 1.8)
· A Igreja – o Israel espiritual – se torna universal.
Aquele lugar específico para adoração não é mais importante (Jo 4.20-23).
Onde estiver um cristão, ou um grupo deles, ali está o santuário do Espírito (I Co 3.16)
No lugar de uma liturgia que se centralizava temporalmente no sábado e nas festas judaicas, o culto cristão se fundamenta num relacionamento com Deus em espírito e verdade. (Jo 4.24)
Em vez de se enquadrar numa hierarquia sacerdotal, cada cristão é declarado sacerdote, com acesso direto a Deus através de Jesus Cristo (1 Pe 2:5).
Ainda que tenha sido instituída uma liderança exercida por pastores, presbíteros, bispos e anciãos (At 20:17, 28; 1 Pe 5:1-4), e também diáconos (servos) (At 6.1-6; Tm 3:8-11), a liderança não é sacerdotal, no estilo da Antiga Dispensação.
O sacerdócio universal dos crentes (entenda-se como: livre acesso pessoal, direto e imediato a Deus) agora é praticado por todos os cristãos.
Jesus Cristo é o cabeça da Igreja, que é “o seu corpo” (I Co 12:12-27).
Portanto, há uma só Igreja, formada por cristãos de todos os lugares (Ap 5.9) Esta é a Igreja Universal ou Católica.
2) NO PLANO REGIONAL
A igreja universal de Jesus tem suas agências espalhadas por toda a face da terra. De cada lugar da terra, Jesus tem chamado seus eleitos que se vão agrupando e formando comunidades. Essas comunidades são denominadas de congregações. Elas são igrejas que fazem a única Igreja de Cristo.
O uso mais numeroso de eclésia (igreja) é aplicado para congregações. (At 8:1; 11:22, 26; Rm 16:1.
A maioria das epístolas do Novo Testamento é enviada para igrejas regionais (1 Co 1:2; 1 Ts 1:1, I Pe 1.1,2),
Jesus instruiu o apóstolo João a escrever cartas às sete igrejas que se encontram na Ásia. São elas: Éfeso, Esmirna, Pergamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia, e Laodicéia (Ap 2-3).
Todos os que freqüentam as igrejas regionais recebem o adjetivo de congregados. Eles fazem parte de uma Congregação, isto é, um grupo de pessoas de uma determinada região que participa com freqüência do culto ao Senhor.
Ainda que o cristão se congregue numa igreja regional ele tem consciência de que é membro da igreja universal.
Fazer parte de uma congregação não significa que ele esteja isolado da igreja universal
Fazer parte de uma congregação é o mesmo que fazer parte da igreja universal
O que faziam os cristãos quando se congregavam?
Adoravam a Deus (Sl 96.9; Jo 4.24) Exaltavam (Sl 107.32) reconheciam (louvavam) os feitos de Deus (At 2.47a) oravam (At 4.42) batizavam (At 2.41); celebravam a ceia do Senhor (I Co 11.23-25); praticavam a solidariedade (At 2.44,45). As congregações também ensinavam (At 15.35).
Aonde se reuniam os membros das congregações?
Os irmãos da igreja primitiva se reuniam no cenáculo At 1.13; no templo; Lc 24.53 e nas casas dos crentes I Co 16.19.
No início da igreja os irmãos se reuniam em qualquer lugar. Muitas vezes se reuniram em cemitério subterrâneo. (Isso acontecia por causa da perseguição nos primeiros séculos). Cessadas as adversidades do estado, a história registra que cada congregação passou a se reunir em templos. O melhor lugar para nos congregarmos é no templo. O templo é a Casa de todos.
As congregações eram comunidades organizadas:
1) Possuíam um rol de membros.Eles tinham o número dos convertidos At 2.41;4.4. (todos os congregados devem ser arrolados, identificados e conhecidos).
2) Possuíam uma confissão de fé At 2.42a – A Doutrina dos Apóstolos.
3) Tinham uma liderança formada por pastores, presbíteros e diáconos. Tt 1.5; At 6.1-6.
4) Observavam o Dia do Senhor e realizavam infalivelmente reuniões dominicais e faziam levantamento de ofertas (I Co 16.2).
É importante destacar que Cristo, por ter o atributo da onipresença, está presente na reunião congregacional.
1) Cristo está na congregação declarando o nome do Pai Hb 2.12a.
2) Cristo participa do cântico de louvor a Deus no meio da congregação Hb 2.12b.
3) Cristo está com os filhos que Deus lhe deu Hb 2.13b; Jo 17.6.
O cristão não pode deixar de se congregar (Hb10.25a), ou seja, o cristão não pode deixar de freqüentar a Congregação. Fazer parte de uma Congregação é o mesmo que fazer parte da igreja universal. Ausentar-se, é ficar sem esse encontro congregacional com Cristo.
Resumo:
O Novo Testamento utiliza a palavra Eclésia para referir-se:
1) Aos cristãos em geral – Hb 12.22,23.
2) Aos cristãos de uma congregação local ou regional – Rm 16.5, I Pe 5.13.
Às vezes adiciona-se esta palavra em expressões como “de Deus” ou “de Cristo” (At 20.28 e Mt 16.18). Isto indica que ser da igreja de Deus ou de Cristo significa pertencer à única Igreja.