A grande maratona da fé

O que vamos conversar aqui remete ao “relacionamento fundamental” (com Deus), que impulsiona e inspira os demais relacionamentos…

– Nos relacionamos com Ele caminhando. Paramos para ouvir, falar, adorar, lamentar, etc., mas, ao caminhar, não paramos de nos relacionar com Deus…

Permitam-me usar o exemplo da corrida – falo muito com Deus (em pensamento) enquanto corro… Momentos de força e também de vulnerabilidade.

– Associação com a vida peregrina – vida do povo de Deus. Longa tradição na Bíblia; dois sentidos: (a) expatriação dos Israelitas, por várias razões (Pedro chama os cristãos de “peregrinos e forasteiros”); (b) estrangeiros que viviam entre os israelitas

– Nas duas circunstâncias, Deus é o pastor, que cuida e está preocupado com o bem-estar de suas ovelhas, tanto as da dispersão, como as “estranhas”

– É a elas que Ele se refere em João: “Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco. É necessário que eu as conduza também. Elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo 10.16).

– Peregrinamos como corredores em uma maratona, que têm uma longa distância a percorrer; só que a nossa maratona é a Grande Maratona da Fé

– Essa maratona tem um percurso maluco às vezes, uma geografia incerta. Quanto mais caminhamos/corremos, maior é a sensação de que ainda falta muito a percorrer…

Transição

A questão, porém, é: como encontrar ânimo para seguir nesse caminho sem desistir? Esse texto de Hebreus nos oferece algumas pistas nesse sentido. Quero destacar três:

(1) Convite: entre na corrida… (v. 1-2 – “corramos”)

1.1. Perseverança – primeiro pensamento: “será que eu consigo?”.

Imagem A: aqueles que, antes de nós, percorreram, perseveraram e chegaram (“nuvem de testemunhas”);

Imagem B: um Deus perseverante, que não desiste e que caminha conosco (Conselho antes da Maratona de SP: “Vai lá e corre pra Jesus”)

1.2. Motivação – numa corrida é preciso ter uma motivação. Na corrida da fé essa motivação é Jesus: “Olhos fitos em Jesus”; ele começou e terminou essa corrida na qual estamos; precisamos estudar como ele fez e tê-lo como referência.

#Aplicação 1: A corrida me faz pensar na corrida da fé: você corre com prazer, mas sofre e sente dores; e o que te mantém firme é a esperança da chegada.

(2) Conselho: prepare-se para os obstáculos… (v. 3-6 – “pensem bem”)

2.1. Cansaço – resultado natural da corrida. Só se cansa quem corre. Diversas formas de cansaço: físico, mental, relacional, espiritual…

2.2. Desânimo – o passo seguinte ao cansaço é o desânimo. Então nós nos frustramos por não conseguir, entregamos os pontos, queremos desistir…

– E como desistimos fácil das coisas (pessoas, situações, desafios), não é mesmo?

– [Jr 12.5] – “Se te fadigas correndo com os homens que vão a pé, como poderás competir com os que vão a cavalo? Se em terra de paz não te sentes seguro, que farás na floresta do Jordão”.

2.3. Resistência – Lembrar dessa história de Jesus pode ajudar a injetar “adrenalina em nossas almas”, e nos fazer superar “na força que Deus supre”.

– [v. 4] – “Na luta contra o pecado, vocês ainda não resistiram até o ponto de derramar o próprio sangue”…

#Aplicação 2 – Antes de “jogar a toalha” de vez, diante de um obstáculo na corrida, precisamos nos perguntar: “Eu já resisti o suficiente nessa luta?”.

(3) Desafio: aceite a disciplina… (v. 7-11 – “suportem”)

A disciplina é uma das coisas fundamentais para um corredor. Enfrentar a maratona sem disciplina (treinamento) é o mesmo que sair nu numa temperatura de – 30º C.

3.1. Acolhimento – admitir que algumas dores são inevitáveis (e necessárias) para a disciplina. Sem dor não há cura; sem exercício e disciplina não há resistência possível.

3.2. Submissão – não por medo (Deus carrasco), nem por interesse (Deus Papai Noel), mas porque entendemos que Deus é nosso Pai/Mãe, quer (e sabe) o melhor para nós.

3.3. Participação – há diferentes maneiras de participar numa corrida. Na corrida da fé, Deus quer que participemos da sua santidade. O que isso significa?

– Me “hidrato” e me “energizo” para a corrida me revestindo dos valores de Deus; é inadmissível aos filhos o participar “de qualquer jeito”…

#Aplicação 3 – O resultado da aceitação e exercício da disciplina é poder ver frutos de paz e justiça sendo gerados em nós e em quem está ao nosso redor.

Conclusão

Cantares (Antonio Machado)

…Caminhante, são tuas pegadas o caminho e nada mais;
caminhante, não há caminho, se faz caminho ao andar

Ao andar se faz caminho e ao voltar a vista atrás
se vê a senda que nunca se há de voltar a pisar

Caminhante não há caminho, senão há marcas no mar…

Faz algum tempo neste lugar, onde hoje os bosques se vestem de espinhos
se ouviu a voz de um poeta gritar: “Caminhante não há caminho,
se faz caminho ao andar”…  Golpe a golpe, verso a verso…

Na grande Maratona da fé, Cristo é o caminho, a verdade, a vida. Não podemos completar essa corrida sem: (a) aceitar seu convite; (b) prepara-nos pra receber os golpes a ela inerentes; (c) permitir-se ser educado por Deus, pra participar Nele e com Ele.

– Não é um caminho fácil, é? É um caminho que se faz ao caminhar. Não tem nada pronto; há muitos quilômetros ainda a percorrer, não é mesmo? Então, peça agora a Deus que anime de novo a sua fé e te encha de coragem e força pra prosseguir…

autor: Jonathan Menezes

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