1. Assumindo uma liderança discipuladora e derrubando gigantes.
Deixe-me conceituar o que é um líder discipulador: a verdadeira medida da liderança cristã, discipuladora, começa por uma submissão a Deus. A honra e a submissão que Josué expressa na frase: “Santificai-vos porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós” (Js 3.5) ilustra o seu desejo de refletir Deus e seus propósitos. Deus é Santo e espera que seus líderes sejam santos. A consequência disto é a crescente capacidade de influenciar pessoas que o líder discipulador adquire. Isto vale para os líderes de grupos de discipulado, mas também para os ministérios em geral, especialmente o pastoral.
O primeiro texto mencionado por nós é o da história dos espias, os quais enviados por Moisés ingressam para ver se aquela é a terra prometida, a terra que mana leite e mel. Vão e retornam, e a maioria diz que a terra é muito boa, mas que eles não têm chance, as cidades são fortificadas e os homens, na sua maioria, gigantes.
Mas entre os espias estavam Josué e Calebe, os quais não se renderam ao fatalismo e derrotismo dos demais espias, os quais diziam diante de um povo revoltado e que chorava dizendo: “antes tivéssemos morrido no Egito (Nm 14.2). Então se levantou Calebe e disse: Eia! Subamos e possuamos a terra, porque certamente prevaleceremos contra ela.” (Nm 13.30). Depois de ouvir Calebe, e a murmuração do povo, Josué se levanta e diz junto com Calebe: “A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra muitíssimo boa. Se o SENHOR se agradar de nós, então, nos fará entrar nessa terra e no-la dará, terra que mana leite e mel. Tão-somente não sejais rebeldes contra o SENHOR e não temais o povo dessa terra, porquanto, como pão, os podemos devorar; retirou-se deles o seu amparo; o SENHOR é conosco; não os temais” Nm 14.6-9.
É interessante notar que ainda assim o povo continuou incrédulo e em revolta, ao ponto de Moisés clamar a Deus: “Perdoa, pois, a iniquidade deste povo, segundo a grandeza da tua misericórdia e como também tens perdoado a este povo desde a terra do Egito até aqui” Nm 14.19.
Detenhamo-nos em Josué: ele foi crente, enfático, veemente, exortou o povo a ir em frente. Mas o povo não lhe deu confiança. Hoje, quando falo em 1 milhão de discípulos, há ainda quem balance a cabeça e pense como os outros dez espias: as cidades são grandes e fortificadas e os homens são gigantes. Como herdar esta promessa, antes morrêssemos no deserto. Eu não penso assim, eu creio que devemos ir e fazer discípulos de todas as nações. Vou até a morte crendo nisto, e trabalhando por isso. É verdade o que disse Josué: “Se o Senhor se agradar de nós, então nos fará entrar nesta terra e no-la dará, terra que mana leite e mel.” (Nm 14.8). Não posso desistir, só em pensar me sinto como Jeremias diante do Senhor: “Persuadiste-me, ó SENHOR, e persuadido fiquei; mais forte foste do que eu e prevaleceste; sirvo de escárnio todo o dia; cada um deles zomba de mim” Jr 20.7. Com total honestidade, já pensei em declarar que me arrependo da visão que Deus me deu, que inclui 1 milhão de discípulos, mas não posso pensar nisto, pois sinto profundo quebrantamento, choro, e ouço Deus falar: “esta é a minha Palavra, a minha ordenança, tão-somente crê nela, limpa a eira, e verás a minha glória.”
Nós todos metodistas da 1ª RE, como Josué e Calebe, somos chamados a entrar na terra, e o Senhor nos entregará esta terra.
2. Como se deu este processo na vida de Josué?
Para Josué conquistar a confiança do povo, houve uma grande caminhada. Vejamos alguns elementos desse processo:
A influência e maturidade de Josué se desenvolveram porque ele teve um mentor, um discipulador. Moisés o preparou para ser um discipulador, num verdadeiro processo de crescimento, de cura e edificação, que todo servo/serva de Deus necessita. Acompanhemos o processo bíblico: “Levantou-se Moisés com Josué, seu servidor; e, subindo Moisés ao monte de Deus…” or, filho de Num, não se apartava da tenda.”
A influência de Josué cresceu por causa do tempo, vivência, disposição para aprender, crescer e amadurecer. Tinha um coração ensinável. Por isso se tornou o sucessor de Moisés: “O Senhor, teu Deus, passará adiante de ti; ele destruirá estas nações de diante de ti, e tu as possuirás; Josué passará adiante de ti, como o Senhor tem dito. Josué, filho de Num, estava cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés impôs sobre ele as mãos; assim, os filhos de Israel lhe deram ouvidos e fizeram como o Senhor ordenara a Moisés” Dt 31.3 e 34.9.
A influência de Josué cresceu porque ele teve sabedoria de Deus para mobilizar o povo no tempo certo. “Então, deu ordem Josué aos príncipes do povo, dizendo: Passai pelo meio do arraial e ordenai ao povo, dizendo: Provede-vos de comida, porque, dentro de três dias, passareis este Jordão, para que entreis na terra que vos dá o Senhor, vosso Deus, para a possuirdes. Falou Josué aos rubenitas, e aos gaditas, e à meia tribo de endo: O Senhor, vosso Deus, vos concede descanso e vos dá esta terra” Js 1.10-13.
A influência de Josué cresceu porque ele tinha paciência e integridade. A formação de Josué durou anos junto de Moisés, e ele se submeteu com paciência, integridade e fidelidade ao líder que Deus havia posto. Quantos se revoltaram e se levantaram contra Moisés? O que aconteceu com eles? “Lembrai-vos do que vos ordenou Moisés, servo do Senhor, dizendo: O Senhor, vosso Deus, vos concede descanso e vos dá esta terra. Vossas mulheres, vossos meninos e vosso gado fiquem na terra que Moisés vos deu deste lado do Jordão; porém vós, todos os valentes, passareis armados na frente de vossos irmãos e os ajudareis, até que o Senhor conceda descanso a vossos irmãos, como a vós outros, e eles também tomem posse da terra que o Senhor, vosso Deus, lhes dá; então, tornareis à terra da vossa herança e possuireis a que vos deu Moisés, servo do Senhor, deste lado do Jordão, para o nascente do sol. Então, responderam a Josué, dizendo: Tudo quanto nos ordenaste faremos e aonde quer que nos enviares iremos. Como em tudo obedecemos a Moisés, assim obedeceremos a ti; tão-somente seja o Senhor, teu Deus, contigo, como foi com Moisés” Js 1.13-17.
Há dúvidas ainda de quanto precisamos investir em mentoria pastoral e discipulado de lideranças? Oremos por isso, pois aí está o caminho para 1 milhão de discípulos.