Dízimo: imposição ou privilégio?

APRESENTAÇÃO

Este estudo é fruto de uma de minhas manias, a de guardar com certas preciosidades, documentos, revistas jornais e outros. Também é fruto de alguns debates mais recentes a respeito da vida de consagração a Deus. O dízimo, tem sofrido ataques mais recentes e se questiona sua validade. É ele uma imposição ou um privilégio? Pensando nisto, lembrei-me de que em meus arquivos havia algo importante sobre a matéria. Encontrei-o, porém, não consta seu autor original.

Após ler e rele-lo, achei que seria interessante estudá-lo novamente, e após adaptá-lo à forma de lição, aplicá-lo à Escola Dominical.

Que o Espírito Santo nos oriente a fim de entendermos a importância desta doutrina através deste breve estudo.

INTRODUÇÃO

Para nosso estudo, além da Bíblia que é a chave fundamenta e do referido estudo em nossa apresentação, tomamos como auxílio as perguntas de um dos nossos Símbolos de Fé, o Breve Catecismo de Westminster.

“Qual é o fim principal do homem?”

R: “O fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre” (B.C.1).

“Que regra Deus nos deu para nos dirigir na maneira de o glorificar e gozar?”

R: “A Palavra de Deus, que se acha nas Escrituras do Velho e do Novo Testamentos, é a única regra para nos dirigir na maneira de o glorificar e gozar” (B.C.2).

“O que é pecado?”

R: “Pecado é qualquer falta de conformidade (acordo) com a lei de Deus, ou qualquer transgressão desta lei” (B.C.14).

Como podemos glorificar a Deus?

Através de nossa obediência à sua Palavra. Isto envolve: trabalho, governo, casamento, família, educação, culto, etc.

Para glorificarmos a Deus e desfrutarmos de todas as bênçãos que Ele nos promete, precisamos nos ater ao caráter de continuidade da aliança, ser obedientes a todas as suas ordenanças. Dentre elas, o dízimo que será o assunto deste estudo.

I – O Dízimo no Antigo Testamento

Texto Áureo: Gênesis 28.22

Leitura Devocional: Malaquias 3.7-12

Para tudo Deus tem um plano. Ele teve um plano para a criação, teve um plano para a construção da arca de Noé, teve um plano para o tabernáculo, para a arca da aliança e, depois, para o templo.Enfim, teve um plano para tudo o que realizou. Deus tem um plano financeiro para o sustento da sua obra. Esse, encontramos na sua Palavra. Vamos, pois, examiná-lo cuidadosamente, a fim de nos orientar na parte que nos cabe nesse plano.

Há 36 passagens na Bíblia em que se emprega a palavra “dízimo” e varias outras que indicam a prática de dizimar.

1.1 – O Significado do Dízimo

A palavra “dízimo” significa simplesmente “a décima parte”. O dizimo sempre está relacionado com a fé em Deus e com a separação da décima parte dos bens ou possessões para o uso especial, de acordo com a ordem de Deus. Eis algumas passagens que tratam do dízimo no curso da história:

1. Nos Patriarcas. Embora tenhamos indícios da prática desse ato de culto antes deles, não precisamos ir além do patriarca Abrão (Gn 14.18-20; 28.20-22).

2. O Livro de Levítico. Esse livro fornece a base bíblica para o culto e as condições necessárias para se cultuar. Não escrita apenas para os dirigentes (sacerdotes), mas também a todo os israelitas crentes, ensinava-os como deveriam oferecer sacrifícios e como se apresentar à presença de Deus no culto. O texto mostra-nos as condições para a adoração e está explícita a forma de fazê-la através dos dízimos e ofertas (Lv 27.30-32).

3. O Livro de Números. Encontramos no livro de Números dois temas que são características do Deus da aliança. Fala de sua fidelidade e de sua soberania. A fidelidade do Deus da aliança é contrastada claramente com infidelidade humana. O soberano poder de Deus agindo na história, mostra que apesar dos obstáculos, ele sempre conduziu seu povo à vitória. O livro mostra-nos o progresso do povo da aliança na redenção, prenunciando o Senhor Jesus Cristo. Mostra também ao povo como deveriam ser cumpridos seu culto a Deus através de seus dízimos e ofertas (Nm 18.20-32).

4. Em Deuteronômio. Deuteronômio significa “Repetição da Lei” ou “Segunda Lei”. É uma repetição da história e da lei de Israel. Apresenta as características de um tratado. Foi pronunciado enquanto o povo acampava nas planícies de Moabe, lado oriental do rio Jordão, antes de Josué assumir a liderança na conquista de Canaã. Como parte do segundo pronunciamento de Moisés ao povo estão claros os deveres do povo quanto à forma de sustento da obra de Deus (Dt 12.5-14, 17-19; 14.22-29; 26.12-15).

5. No Reino de Israel. Chegamos ao período dos Reis. No Segundo Livros das Crônicas, durante a reforma promovida pelo rei Ezequias, encontra-se a narrativa de suas ações a fim de regularizar a forma de contribuição, que havia sido esquecida ou negligenciada pelo povo (II Cr 31.2-12).

6. Nós Profetas Menores. Amós, foi escolhido por Deus para profetizar nos dias de Uzias, rei de Judá e Jeroboão, rei de Israel. De maneira sarcástica, Amós combate a falta de compromisso na adoração. A falta de compromisso só serviria para aumentar o pecado do povo. Combate também a motivação egoísta e desinteressada na glorificação a Deus (Am 4.4). Com o objetivo de observar a religião, Israel ultrapassava as exigências da lei.

O profeta Malaquias fez, possivelmente um pronunciamento difícil para o homem que tem como objetivo cumprir a ordem de Deus. Suas palavras soam duramente em nossos tímpanos nos dias atuais. Porém, sua aplicação não pode ser ignorada por ninguém que realmente foi objeto da maravilhosa graça de Deus (Ml 3.8-12).

7. No período pós-exílio. Encontramos Neemias, governador de Judá, que além de sua devoção à reforma dos murros de Jerusalém, devotou-se também à uma reforma religiosa. Juntamente com Esdras renovou o compromisso da comunidade pós-exílica com o Senhor. Travou uma luta ferrenha contra seus patrícios que insistiam em negligenciar suas responsabilidades quanto ao sustento daqueles que exerciam o ministério no templo (Ne 10.35-39; 12.44-47; 13.4-12).

Deus não só criou, como também tem sustentado a sua criação (Sl 24.1). O homem deve dominar sobre a criação (Gn 1.26); contudo, ele não é dono dela. Ele e sempre responsável diante de Deus por ser sua criatura, e deve dar conta daquilo que possui (I Cr 29.14).

No passado o homem dizimava aquilo que possuía, como por exemplo: gado, colheita da produção agrícola e etc; Nos dias atuais o homem dizima aquilo que lhe rende um salário; prestação de serviços, lucros que incidirem sobre uma determinada sociedade. Tal dízimo deve incidir sobre o salário bruto; sob o serviço que presta; sobre o lucro que lhe pertence, e assim sucessivamente.

1.2 – O Dízimo de Abraão (Gn 14.18-20)

1.2.1. Costume. De onde e de quem teria Abraão aprendido a dar o dizimo? Não temos qualquer resposta na Bíblia. Todavia, parece-nos evidente que ele o fizesse instruído por Deus, assim como agiu em relação aos sacrifícios e demais atos de cultos por ele praticados.

A prática do dízimo é muito antiga. Isto ocorria com os babilônios, árabes, gregos e romanos. Grocio, historiador sagrado, diz que o dízimo era reconhecido como uma porção devida a Deus desde as eras mais remotas.

1.2.2 – Características do dízimo de Abraão

Podemos considerar algumas características importantes vistas na prática de dizimar de Abraão.

1. Foi voluntário. Não foi pedido por Melquisedeque, mas oferecido espontaneamente por Abraão. Não foi exigido pela lei, porque Abraão viveu 400 anos antes dela ser dada por Moisés.

2. Reconhecimento. O fato de Abraão reconhecer a propriedade divina sobre os seus bens levou-o a entregar o dizimo (Gn 14.22). Enquanto o crente não se compenetrar e compreender essa verdade, terá dificuldade para ser fiel nas coisas de Deus.

3. Gratidão. Foi um tributo de gratidão pela vitória alcançada contra a força de outros reinos (Gn 14.20).

4. Adoração. Foi entregue ao sacerdote do Deus Altíssimo, aquele que representava o próprio Deus. Quando o dízimo é entregue (prefiro, devolvido) em espírito de culto e adoração a Deus, ganha um profundo significado para a alma do adorador.

5. Bênçãos. Notemos ainda que Abraão foi muito abençoado por Deus, tanto material como espiritualmente. Essa é a experiência através dos séculos, daqueles que têm sido fiéis a Deus no dízimo.

Essas mesmas características podem ser vistas no caso do dízimo dado por Jacó (Gn 28.18-22). Demonstra claramente que Jacó havia recebido instruções cuidadosas por parte de seus pais. Muitos cristãos modernos se escandalizam com essa passagem. Este “negociar com Deus” pode ofender a sensibilidade dos cristãos modernos; mas para um povo marcado pelo pacto, acostumado a acordos com Deus, o voto de Jacó não representava nenhum problema.

1.3 – O Dízimo e a Lei

Algumas correntes religiosas alegam que o dízimo é da lei. Para esses é importante lembrar que, ainda que fazia parte da mesma, contudo, não se tratava de imposto. Desafio-os (eu, não o autor) a provarem biblicamente a teoria do dízimo como imposição da lei. Onde encontramos no AT., qualquer relato do dizimo sendo cobrado por algum coletor de imposto? Quem deixa de pagar os impostos devidos está sujeito a cobranças judiciais, porém, isso não ocorre em lugar algum quanto aos dízimos. Mesmo no período da lei, o dízimo tratava-se de um princípio e valor espiritual, um privilégio para povo da aliança.

A esta altura, convém que examinemos, ainda que brevemente três das principais referencias bíblicas quanto ao dízimo no período da lei:

1.3.1. O dever de dizimar (Lv 27.30-32). Os judeus deviam entregar o dízimo de tudo que a lavoura produzisse. Há pessoas que alegam dificuldade em calcular o seu dízimo. O judeu, no entanto, escrupulosamente separava a décima parte do produto da terra. Quando realmente se deseja dar ou melhor devolver o dízimo, reconhecendo que é ordem divina, não há dificuldade em cumpri-lo. O dízimo é santo ao Senhor, ou seja, é separado para o Senhor. Usar aquilo que é santo sempre foi condenável e o infrator castigado por Deus.

1.3.2. A finalidade do dízimo (Nm 18.20-32). Aqui se esclarece a finalidade e utilidade do dízimo – o sustento do sacerdócio. Primariamente essa é a finalidade do dízimo. A tribo de Levi não recebeu qualquer porção da terra, quando esta foi dividida. Deveriam ser sustentados pelas demais tribos, para que se dedicassem, inteiramente a ministração daquilo que é sagrado.

Outra finalidade importante no fato de dizimar, é a beneficência (Dt 14.22-29). Ele servia para o amparo dos necessitados: estrangeiros, órfão e viúva. Leiamos cuidadosamente a passagem que se encontra no capítulo 26 versículos 12-15.

É importante observarmos à luz da Bíblia que o dízimo deve ser entregue num lugar centralizado, que é a casa do Senhor. ( Dt 12.13-14; Ml 3.10). Dentro do coração do ofertante devia existir: fé, obediência, e obras. A fé de Israel era algo mais que um código moral; o culto, inclui a apresentação das ofertas – era algo inseparável das leis que governavam as atividades dos homens. O ofertante devia temer ao Senhor (Dt 14.23).

1.4 – O Dízimo na História de Israel

1. O termômetro espiritual. Nos tempos em que se mantinham fiéis a Deus, os judeus também entregavam os seus dízimos. Quando, porém, vinham períodos de pecado e desobediência, negligenciavam o ato de adoração retendo os dízimos. Isso também ocorre em nossos dias.

2. Amparo à casa de Deus. Nas grandes reformas do Antigo Testamento, quando o povo se voltava para Deus em arrependimento de pecados, traziam consigo também um retorno à contribuição do dízimo. Na reforma promovida pelo rei Ezequias, por exemplo, isso aconteceu (II Cr. 29 a 30). O mesmo ocorreu na reforma feita por Neemias (Ne 10.35-38; 13.10-13. Os levitas, nesses períodos, como era natural, tiveram que abandonar o ministério sagrado para ganharem seu próprio sustento.

3. Dizimo e bênçãos abundantes. O profeta Malaquias condena diversos pecados e, dentre eles, a negligência do dízimo. Desafia-os a fazerem prova de Deus nessa parte, para experimentarem suas bênçãos abundantes (3.7-12.). Notamos alguns fatos salientes neste texto:

a – O povo, ao invés de reconhecer as suas faltas, procura desculpar-se. “Vos dizeis”, é a expressão chave.

b – Um imperativo: “Trazei”. É para todos os servos do Senhor trazerem todo o dízimo. Ninguém fica de fora nem mesmo os mais pobres. A ordem é para trazer “os dízimos” à casa do tesouro, que é a casa de Deus. Ninguém tem direito de dispor dos dízimos. Ele é de Deus e deve ser entregue à igreja de Deus.

c – O propósito: “…para que haja mantimento na minha casa”. Para que a igreja possa realizar a sua obra como deve, precisa dos dízimos de todos os membros. Só assim poderá sustentar integral e dignamente o ministério, e realizar a obra geral da igreja.

d – Promessas: “…abrir as janelas do céu” (v.10). Deus nunca falhou em suas promessas. Faca uma experiência com Deus em relação ao dízimo, e verá a realidade das suas benditas promessas em sua vida. “… repreenderei o devorador” (v.11). Por amor a seu povo, Deus não permitiria que a praga continuasse a destruir suas lavouras. “… chamarão bem-aventurados” (v.12). Reconhecimento externo por parte de povos vizinhos e também os mais distantes. Israel seria reconhecido por todos os povos da terra como uma nação cujo de Deus é o Senhor absoluto (Sl 33.12).

II – O Dízimo no Novo Testamento

Texto Áureo: Mt 5.17

Leitura Devocional: Lc 19.1-10

Muitas vezes se tem dito que o Antigo Testamento contem mais ensino sobre a mordomia que o Novo Testamento e que , para o mordomo cristão, o Antigo Testamento é um manual mais claro que o Novo. É muito difícil sustentar tal avaliação, especialmente se observamos as parábolas de Jesus e seus ensinos.

Quando lemos com a devida atenção os escritos de Paulo, não percebemos qualquer indicação quanto ao dízimo. Vemos uma omissão curiosa e desconcertante por parte de um homem que conhecia muito bem a lei. Contudo, é possível afirmar que a contribuição do dízimo dentro do NT. é algo íntegro e digno da observação por parte do cristão do presente século. O relativo silêncio sobre o tema, pode ser entendido se considerarmos que o dízimo era algo que Jesus, Paulo e outros autores bíblicos consideravam sua prática um fato habitual e indiscutível. Tratava-se, portanto, de uma prática que não necessitava ser estabelecida (Mt 23.23; Lc 11.42; 18.12; Hb 7.1-10).

Jesus falou sobre o dinheiro 90 vezes. Dos 107 versículos do Sermão do Monte, 22 referem-se a dinheiro, e 24 das 49 parábolas de Jesus mencionam dinheiro.

1. Jesus não se opôs ao dízimo (Mt 5. 17,18; 23.23). Podemos classificar o dízimo como pertencente à lei moral, visto que partimos do princípio de que tudo que temos é de Deus. Ele é dono de todas as coisas. A lei cerimonial ficou circunscrita a Israel; referia-se a costumes, alimentação e etc. Hoje não temos nenhuma obrigação para com essa lei. Ao devolvermos o que não nos pertence, reconhecemos que somos propriedades do Deus Triuno.

O Rev. Boanerges Ribeiro, no Capítulo V de seu livro Terra da Promessa, comentando Lucas 11.42, que é paralelo a Mateus 23.23, diz o seguinte a respeito do ensino de Jesus Cristo a respeito do dízimo:

“Não os censura por darem dízimo, mas por julgarem que o dízimo substitui a base real das relações com Deus. Sem amor de Deus o dízimo não somente é inútil, mas pode tornar-se nocivo, criando na alma o sentimento de suficiência e satisfação enganosa que poderá perdê-la. É indispensável, como ponto de partida de nossas relações com Deus, uma regeneração. Ninguém se iluda: o reino de Deus não se edifica com dinheiro, mas com pessoas. Após o novo nascimento, contudo, não devemos deixar de dar o dízimo. É o que Cristo diz.”

2. O dízimo era uma prática generalizada. Dirá alguém: não há nenhum mandamento para dar o dízimo, no NT.. De fato , não há, nem haveria necessidade disso. Tratava-se de uma prática generalizada. Um mandamento sobre o dízimo seria, no dizer do povo: “chover no molhado”. O mesmo ocorre em relação à guarda do Domingo.

Na Epístola aos Hebreus 7.1-10, Melquisedeque é figura de Cristo. Quando Abraão deu o dízimo a Melquisedeque, estava entregando ao próprio Cristo. Jesus, pois, recebe dízimos até hoje dos crentes fiéis, através da igreja que Ele instituiu e incumbiu da propagação do evangelho.

Um outro aspecto que devemos observar dentro do NT., é que o dízimo deve ser usado no sustento do ministério sagrado (1 Co 9.). Paulo fala do dever que as igrejas têm de sustentarem condignamente os seus obreiros, missionários e ministros do evangelho. No verso 11 desse capitulo, Paulo usa várias figuras de linguagem para explicar esse tema. No verso 14 o apóstolo conclui: “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho”*. Trata-se de uma ordem dada pelo próprio Cristo, cuja autoridade precisa ser respeitada.

2.1 – A Realidade do Dízimo no Novo Testamento

Como nas outras leis do AT., o dízimo recebe na nova dispensação maior amplitude, no princípio da mordomia da vida e da propriedade. Esse princípio não exclui o dízimo, porém, vai além dele, assim como o NT., sem excluir o AT., completa-o e amplia-o.

O Dr. R. P. Shedd, comentando o texto de 2 Co 8.3,4 “Segundo o seu poder… e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente. Pedindo-nos, com muitos rogos, a graça e a comunicação deste serviço…”, diz o seguinte a este respeito: “Consagração, como vemos neste trecho, significa dar algo que nos é precioso” (negritos meu). Concorda que não há ênfase quanto ao dízimo no NT, porém enfatiza a responsabilidade de entregarmos tudo a Deus que nos comprou por um preço de infinito valor, citando 1 Co 6.19,20 que diz: “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.”

Por isso mesmo, o que encontramos no NT., são exemplos de contribuição que vão além do dízimo. Exemplo: Viúva pobre (Mc 12.41-44); Zaqueu (Lc 19.8); crentes de Jerusalém (At 2.44, 45; 4.32-37); crentes da Macedônia (2 Co 8.1-5); crentes de Corinto (1 Co 16.2).

Quem se dispuser a praticar o ensino do NT. tomará o dízimo como simples ponto de partida, procurando crescer na graça da contribuição, a ponto de dizer como R. G. Le Torneau, riquíssimo e liberalíssimo industrial crente: “A questão não é quanto de meu dinheiro devo dar ao Senhor, mas: quanto do dinheiro do Senhor devo guardar para mim?”*.

2.2 – Foi Jesus Dizimista?

O Dr. Dillard, em seu precioso livro “Mordomia Bíblica” , levanta esta interessante e importante pergunta*. Ele responde a tal pergunta afirmativamente, e alinha entre outra, as seguintes razões:

1 – Jesus foi educado num piedoso lar judeu, e os judeus piedosos eram dizimistas.

2 – Jesus declarou que não veio revogar a lei e os profetas (Mt 5.17). O dízimo é ensinado pela lei e pelos profetas.

3 – Jesus sempre elevou o nível moral. Leia, de novo, o que disse Ele no Sermão do Monte sobre o adultério, o juramento, e etc, e indague se ele ficaria satisfeito, em matéria de contribuição , com um padrão inferior ao dízimo.

4 – Os inimigos de Jesus tentaram convencê-lo de que estava violando a lei por exemplo, no caso da observância do Sábado. Não será estranho que eles nunca o tivessem acusado de violar a lei do dízimo, se ele não o praticasse?

CONCLUSÃO

Não há uma distinção essencial entre o dízimo do Antigo e do Novo Testamento. No primeiro, era parte da aliança, para o povo que a ela pertencia e envolvia compromisso, era princípio e valor espiritual, um privilégio concedido ao povo da aliança, jamais uma imposição. No Novo Testamento, não é diferente. Cada participante da Igreja de Cristo tem um compromisso assumido através dos votos Sagrados feitos diante de Deus perante a sua igreja. No AT., o dízimo era regido pela lei, observando o princípio de culto, e reconhecimento da soberania de Deus, no NT., é impulsionado pelo amor, pela devoção e desejo sincero da prática de culto e obediência aos princípios da aliança.

O dízimo, tanto no Antigo como no Novo Testamento é uma doutrina clara e explícita. Não se trata de uma imposição da lei e sim um privilégio para o crente. Não se pode admitir a idéia de que está implícito no aparente silêncio do Novo Testamento a revogação desta santa doutrina. Não é inteligente trocarmos o explícito pelo implícito, trocar o certo pelo duvidoso.

Portanto, quando se considera o caráter contínuo da aliança, não é possível que uma pessoa verdadeiramente regenerada, convertida, justificada e adotada como família da aliança, não se sinta movida à uma verdadeira adoração ao autor, provedor e sustentador da aliança: “Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!” (Rm 11.36).

Comentários

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There are 1 comments

  1. David

    Talvez seria importante citar o autor…

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