Privilégio e responsabilidade do culto comunitário

Introdução

Desde o segundo domingo de junho estamos trabalhando com alguns valores a respeito de relacionamentos na comunidade cristã. Já refletimos sobre o amor fraterno incondicional, sobre o andar na luz e o dever de cuidar uns dos outros.
Hoje, o nosso tema é o culto da adoração e louvor a Deus. Além da importância do culto individual que prestamos a Deus, como Jesus ensina em Mateus 6.3-4, 6 e 17-18, temos o privilégio e o dever de prestar culto em comunhão com os nossos irmãos em Cristo. O Salmo 133 afirma que Deus ordena a bênção ao povo que adora unido. A Palavra exorta quanto ao dever da assiduidade de cada um de nós nas reuniões do povo de Deus (Hebreus 10.25).
No Novo Testamento, essas reuniões de adoração devem acontecer tanto em grupos pequenos quanto na grande congregação (Salmos 35.18, Atos 2.46; 20.20). O essencial é a presença de Jesus no meio (Mateus 18.20) e não a quantidade de adoradores.
Qual o nosso privilégio e os nossos deveres como adoradores em comunidade? É o que veremos na mensagem.

1 – O PRIVILÉGIO DO ACESSO IMEDIATO À PRESENÇA DO PAI
Mediação dos Sacerdotes na Antiga Aliança. De acordo com o ensino do Antigo Testamento, os sacerdotes ofereciam sacrifícios por si mesmos e pelo povo de Deus para que pudessem ter acesso à presença de Deus para adorá-lo. No Santo dos santos só o Sumo Sacerdote entrava uma vez por ano para oferecer sacrifício e para interceder pelo povo. Todos os sacrifícios e festas do Antigo Testamento eram figuras da obra perfeita que seria feita por Cristo (Colossenses 2.16-17). O sacerdócio dos descendentes de Arão, da tribo de Levi, era temporário (Hebreus 7.11, 23).
A mediação perfeita e completa de Cristo. Depois de falar do sacrifício definitivo de Cristo (Hebreus 9.11-12), o autor da carta aos Hebreus, nos versículos 19-21 do nosso texto, faz duas lindas afirmações: 1ª, temos intrepidez (completa liberdade BLH) para entrar no Santo dos Santos (não apenas no átrio, mas no santo lugar); 2ª, temos grande sacerdote (aquele que leva o povo a Deus) pelo sangue e pela sua carne rasgada (figura do véu). Temos acesso direto à presença do Pai porque com a morte de Jesus a espessa cortina que separava o Santo dos santos foi rasgada de alto a baixo (Marcos 15.37-38).
Jesus é o nosso sacerdote eterno. Depois do sacrifício de Cristo, não há mais necessidade de sacerdotes. Ele não só nos leva à presença do Pai, mas vive para interceder por nós e pode salvar-nos completamente (Hebreus 7.23-28). Em Cristo somos um povo de adoradores. A Igreja tem expressão visível e concreta como acontecimento na história e na sociedade quando nos reunimos para adorar a Deus, ouvir a Palavra, cumprir as ordenanças (Batismo e Ceia do Senhor) e exercer a disciplina cristã com amor e justiça. Por isso, a assiduidade nas reuniões do povo de Deus é importante e devemos estar atentos à exortação de Hebreus 10.25.

2 – O DEVER DE PRESTAR CULTO COMO POVO DE DEUS
A assiduidade nas reuniões do povo de Deus não pode ser negligenciada (Hebreus 10.25) porque é importante para que possamos cumprir como povo de Deus alguns deveres importantes.
1º – A aproximação de Deus
O que vai fazer a diferença entre uma vida cristã acomodada e uma vida cristã madura e produtiva é a distância ou proximidade que temos em relação a Deus. O Deus que a Bíblia revela é o Pai que nos trata com amor e justiça e, por isso, precisamos nos aproximar dele.
Muitos preferem permanecer longe de Deus, mas isto não é possível (Salmo 139. 7-13). Temos tentado fugir de Deus? Como está nosso relacionamento com o Pai celeste? A Bíblia nos ensina que devemos buscar a Deus: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração…”; “Serei achado de vós, diz o Senhor…” (Jr. 29.13-14); “Invoca-me e te responderei…” (Jr. 33.3).
Devemos buscar com coração sincero, crendo no perdão dos nossos pecados e na purificação de toda a injustiça. A água do batismo simboliza essa pureza (Hebreus 10.22). Devemos buscar com temor, pois “A intimidade do SENHOR é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança” (Salmos 25.14).
A assiduidade nas reuniões das células e das celebrações é importante para nos estimular nessa busca de Deus. Somos o povo da aliança e todos devemos buscar a intimidade do Senhor para conhecermos juntos os privilégios e as responsabilidades dessa aliança.

2º – A perseverança na fé e na esperança (10.23)
Devemos guardar nossa confissão de fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Devemos permanecer na fé (2 Coríntios 13.5), pois sem fé é impossível agradar a Deus (Hebreus 11.6).
O desânimo é uma armadilha terrível de Satanás. Ele deixa a impressão forte no coração de que nada vai acontecer. Paulo nos exorta a não desanimarmos (2 Cor. 4. 16-18).
Firmemo-nos na fidelidade de Deus (10.23). Nada do que você fez, ou do que esteja acontecendo com você poderá separá-lo do amor de Deus Rm 8.31-39. Deus nunca nos abandona (Hebreus.13.5). Nenhuma de suas promessas caiu ou cairá por terra. Deus não mente, não falha, não brinca, não engana, não faz de conta. O que Ele disse, Ele fará: “Fiel é esta palavra: Se já morremos com ele, também viveremos com ele; se perseveramos, também com ele reinaremos; se o negamos, ele, por sua vez, nos negará; se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo” (2 Tm. 2.11-13). Qual a promessa de Deus que você está aguardando.? Nesta hora, creia, pois quem fez a promessa é fiel (10. 23). Por causa do sangue, devemos guardar a fé.
A assiduidade nas reuniões do povo de Deus é importante porque o testemunho da fidelidade de Deus na vida de cada adorador nos fortalece para perseverarmos na fé e na esperança.

3º – A vida no amor e na prática das boas obras
O amor ao irmão é evidência do nosso amor a Deus. Este é o ensino claro da Palavra: “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão” (1 Jo 4.20-21). Esse amor significa ajudar os nossos irmãos em suas fraquezas (1 Pedro 4.8; Gálatas 6.1-2).
Nosso papel é o de estimularmos uns aos outros na prática das boas obras. Deixemos as críticas destrutivas, fofocas, mexericos, acusações. O preço do pecado do seu próximo já foi pago (Por causa do sangue), não queira cobrá-lo novamente com palavras de acusação. É hora de levantarmos uns aos outros, vivendo o ensino bíblico: “Por isso, restabelecei as mãos descaídas e os joelhos trôpegos; e fazei caminhos retos para os pés, para que não se extravie o que é manco; antes, seja curado” (Hebreus 12-13). Não somos salvos pelas boas obras (Efésios 2.8-9), mas para as boas obras que Deus já tem preparado para nós (Efésios 2.10).
A assiduidade nas reuniões da célula e das celebrações comunitárias é importante porque Deus está chamando sua igreja para unidade, para que se levante um grande exército de mãos dadas, porque o Dia se aproxima, e as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja (Mateus 16.18).

Conclusão
Por causa do que Jesus fez na cruz por mim e por você, por causa do seu sangue derramado, não devemos abandonar as nossas celebrações e os encontros das nossas células. A exortação é clara, e diz que alguns têm se afastado da congregação, ou seja, dessas reuniões. Há pessoas que afirmam que se relacionam muito bem com Deus , mas não conseguem se relacionar na igreja ou na célula. É falsa a idéia de que podemos ter um relacionamento com Deus isoladamente. A reunião, ainda que seja de duas ou três pessoas, em nome de Jesus, faz parte da essência da Igreja (Mateus 18.20), para celebrar seu Senhor e alcançar os não-alcançados (Eklesia = chamados para fora).
Quando deixamos o corpo, nos enfraquecemos. O distanciamento muitas vezes é lento. Passamos a nos sentar cada dia mais atrás, deixamos de freqüentar uma ou outra reunião, já não priorizamos a célula, e, quando percebemos, estamos frios, inertes, infrutíferos, infelizes! Tornamo-nos como a brasa viva fora do braseiro que se torna carvão e cinza.
Permaneçamos como brasas vivas que alimentam as chamas da fé, da esperança e do amor, na comunhão dos irmãos, vivendo a orientação bíblica: “Fazei tudo sem murmurações nem contendas; para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Filipenses 2,14-15).

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