O segredo do alfaiate

Dentro em pouco não havia mais lugar em nenhuma hospedaria da cidade. As casas dos alfaiates e costureiras locais também estavam repletas.

No grande dia, armaram-se barraquinhas na praça principal da cidade e todos comeram e beberam por conta do segredo que os tornaria ricos e felizes. No meio da praça havia um alto palanque e, por volta das seis horas da tarde, quando o dia já ia morrendo e começavam a cair as primeiras sombras da noite, ali subiram Pedro Malasarte e Jerobão.
Foram longamente aplaudidos pela grande multidão que enchia a praça, de barriga cheia e a cabeça razoavelmente confusa pelo vinho.
Então Pedro Malasarte tomou a palavra:
– Meus caros amigos, que manejam com tanta habilidade a tesoura e o dedal, a agulha e a linha, mestres do carretel!
A estas palavras seguiram-se longos e entusiasmados aplausos.
– Não estou aqui para lhes ensinar como se manejam essas coisas, pois estão fartos de saber – continuou Pedro Malasarte, quando as palmas cessaram.- Meu caro amigo Jeroboão, aqui no meu lado, mandou-lhes as amáveis cartinhas que receberam convidando-os a se reunirem aqui, porque temos um maravilhoso segredo a lhes revelar. É um segredo ouvido da boca de um homem na hora da morte, e que lhes será muito útil daqui por diante.
Fez-se silêncio total na praça.
– Sabem o que ele me disse? – prosseguiu Pedro Malasarte. – Vou-lhes repetir com suas próprias palavras: “Nunca se esqueçam de dar um nó na ponta da linha depois de a ter enfiado na agulha.”

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