Quando uma Igreja morre

Exórdio:

O Pastor Ricardo Gondim quando foi Inglaterra relata o seguinte:

“Na Inglaterra entrei em um salão de snooker sentindo náuseas. A vertigem que invadiu meu corpo foi diferente de tudo que já sentira antes. As mesas verdes espalhadas pelo largo espaço lembravam-me um necrotério. Eu explico porquê: -Aquele salão havia sido a nave de uma Igreja, que definhou através dos anos, até ser vendido. O pastor que me levou nessa insólita visita, relatou que na Inglaterra há um grande número de igrejas que morrem lentamente. Devido aos altos custos de manutenção, só resta ao remanescente negociá-las. Os maiores compradores são muçulmanos. Compram para transformar em bares e boates. Vendo o púlpito talhado em pedra com inscrições de textos bíblicos e a frase “Pregamos a Cristo crucificado. O sangue de Jesus nos purifica de todo pecado”. Voltei no tempo e lembrei-me de que aquela igreja, fundada durante o avivamento wesleiano já fora espaço de muita vitalidade espiritual. Lembrei-me que neste lugar, que agora era ocupado por mesas de snooker, e muitos bêbados, pregaram pastores ilustres. Imaginei aquele grande espaço cheio de pessoas vazias ansiosas por participarem do mover de Deus que varria a Inglaterra. Perguntei a mim. O que levou essa congregação a morrer de forma tão patética?”[1]

Explicação:

No texto sagrado, Jesus entra no templo e expulsa os cambistas, porque transformaram a casa de Deus em lugar de negócios humanos. Nesta época de páscoa, chegavam pessoas de praticamente todas as regiões da Palestina a Jerusalém. Os cambistas, aproveitando-se deste fato, vendiam animais para serem sacrificados. Usavam o templo para fazer negócio. No contexto da época, isso era uma ato normal diante dos judeus. Entretanto, Jesus rompe com isso. Jesus mostra que não existe vida nenhuma em uma Igreja dessa forma.

Tema:

Quando uma Igreja Morre.

Transição:

O que mata uma Igreja?

Argumentos:

1- FALTA DE TEMOR v. 15-16

Vemos no texto que havia comércio dentro do templo. Pessoas perambulando, carregando objetos, voltados único e exclusivamente para um contato horizontal de negócios, lucros.

Falta temor e espanto diante de Deus. Crianças hoje em nossas igrejas já aprendem com a falta de reverência dos pais. Jesus entra no templo. Temos uma idéia de falta de respeito muito grande diante de Deus. Este parece ser transformado em alguém que se molda aos anseios e caprichos das pessoas. Ele tem todo o tempo para mim, eu só quando quero. A cultura evangélica nacional está fomentando uma atitude muito displicente quanto ao sagrado. O deus que se transformou servo do povo para lhe cumprir os caprichos certamente não é o mesmo Deus da exortação de Hb 12.28-29. (Sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor, porque nosso Deus é fogo consumidor.) Hoje, o que vemos na Igreja é um verdadeiro negócio com Deus, onde quem leva vantagem é o homem. A voz e o tom exigente que se fala com Deus deixa dúvidas de quem é o verdadeiro Senhor. Pastores dizem ouvir a voz de Deus, milagres são aumentados pela manipulação, falta temor. Tudo isso leva o povo ao enfado, canseira. Não se vive mais o primeiro amor. As pessoas acabam ficando entediados de um deus assim.

2 – FALTA DE UNÇÃO v. 17

Jesus cita o profeta Isaías, quando o mesmo diz que a Casa de Deus é casa de oração, não de negociação, dando a entender que as pessoas ali na verdade não procuravam o contato com o divino, a unção de Deus, mas sim, estavam mais voltadas a enganarem e roubarem, tudo isso, dentro daquilo que deveria ser a casa de conversas com o Deus Altíssimo. Hoje vemos uma igreja apresentando teologias sem conteúdo. As experiências geram arrepios pelo corpo mas não geram mudança de vida. O ser cheio do espírito não muda a vida em casa, no trabalho, na escola, no namoro. Espírito que não abre os olhos para o amor, só pode ser espírito enganador, espírito humano. As pessoas na verdade não tem a verdadeira unção; são pessoas vazias. Não tem prazer em estar na casa de Deus para louvá-lo. Tem prazer de estar ali para negociar com ele. Qual o futuro de uma relação assim? Qual o futuro de uma geração em que a relação com Deus não passa de frases ocas que só prometem prosperidade e vitórias sobre demônios e triunfo na vida?

3 – FALTA DE DISCERNIMENTO v. 18-19

Quando os sacerdotes, líderes religiosos de sua época, ficaram sabendo o que fez Jesus, queriam matá-lo. Mesmo que a multidão ficasse maravilhada com o ensino de Jesus, uma semana depois, ela mesma o acusava. Hoje também a igreja está assim. Existe uma falta de discernimento muito grande em nosso tempo. Não se sabe se a igreja existe para levantar as pessoas ou se estas existem para levantar a igreja. Canta-se para louvar a Deus

ou entretenimento do povo? Vêm-se na igreja para buscar edificação ou por causa do costume. Faço parte da igreja porque quero ou porque não me deixam fazer outra coisa. Ou porque tenho medo de ir para o inferno, ou, nem sei porque faço parte da igreja. A falta de discernimento e a confusão de hoje é gerada por líderes que não procuram falar o que as pessoas precisam ouvir, mas o que elas querem. (comichão) Pessoas esqueceram qual o verdadeiro papel da comunidade Cristã. Evidenciar o Reino, sal e luz

Mt. 16 (as portas do inferno não prevalecerão…) Ap. 2.5(lembra-te de onde caíste… volta…. senão).

Conclusão:

Essa mensagem afeta o povo de Deus de maneira geral no Brasil, mas nos afeta de maneira particular. Cristo era radical para com seus seguidores. Quem quiser seguí-lo não vai ser moleza, precisa tomar sua cruz. Não joguemos nossa vida fora por displicência. Uma Igreja morre quando se falta temor, quando falta unção e quando falta discernimento. Jesus, o que faria hoje? Minha casa será chamada “Casa de Oração”. Devemos cuidar, pois creio que ninguém quer, no futuro, olhar para trás e ver suas igrejas transformadas em bares ou boates. Vamos ser cristãos autênticos, e na dependência do espírito, nossa igreja não vai morrer, pelo contrário, se renovará e resplandecerá como luzeiro diante do mundo.

[1] Gondim, Ricardo. Artigo: As Igrejas também morrem. Revista ULTIMATO n.o 252, maio 98. p. 50

Comentários

comments

Contribua com sua opinião