Virgílio Barros

Maravilhoso Conselheiro

Escrito por: Virgílio Barros | Categoria: Mensagem

(Isaías 9:6)

Mais uma quadra natalícia. Mais um período de compras, de festas, de prendas. Mais uma época em que se ouve dizer que “isto está mal”, que “não há dinheiro”. Parece que os ministros estão preocupados em lançar programas de combate à pobreza e à exclusão social, prometendo que vão aumentar os salários dos reformados, que vão criar condições para que todas as crianças tenham educação. No entanto, continuamos a ouvir pessoas descontentes, porque lhes tiram subsídios nocturnos, porque fecham empresas, porque aumentam os transportes, porque aumenta o custo de vida, e por outras coisas. Entretanto, ouve-se falar em empreendimentos públicos considerados megalómanos que, no entender de alguns, só virão agravar a situação de crise. Os políticos são pródigos em dizer o que está errado, mas incapazes de apresentar soluções. Perante tal situação de crise económica, social, política e também espiritual, é necessário dizer que se precisa de bons conselheiros. Quem serão os conselheiros dos nossos governantes? Que motivações estarão por detrás daquilo que aconselham? Mas, ainda mais importante é: Quem são os nossos conselheiros? A quem recorremos para buscar conselhos? Que tipo de conselhos buscamos?

No tempo do profeta Isaías, o reino de Judá estava a passar por uma crise devido ao desgoverno do rei Acaz. Não aceitando entrar numa aliança contra a Assíria, que o rei Peca, de Israel, e o rei Rezim, da Síria, lhe propunham, Acaz preferiu a vassalagem ao rei da Assíria que foi onerosa para o povo. Os impostos que tinha que pagar à Assíria fez com que quase fossem consumidos os tesouros do templo, da casa do rei e dos príncipes. Certamente o povo não vivia regaladamente, pois as guerras trouxeram mais miséria. Em actos de desespero, Acaz queimou seus filhos no fogo em sacrifícios aos deuses, fechou as portas do templo, mas fez altares para si em todos os cantos de Jerusalém, assim como usou o altar de cobre que estava no templo para a adivinhação (2 Reis 16; 2 Crónicas 28).

O profeta Isaías tinha aconselhado este rei a consultar ao Senhor em vez de buscar o conselho dos homens. Mas Acaz preferia consultar os espíritos e os adivinhos afim de resolver a crise que existia no seu reino. É por isso que Isaías indignado clama: “a favor dos vivos interrogar-se-ão os mortos?” (Isaías 8:19). O resultado seria a opressão e a fome. O enfurecimento do povo levaria ao amaldiçoamento do rei e de Deus. Viveriam na angústia, na ansiedade e em profunda escuridão. Dificilmente veriam a luz ao fundo do túnel.

No entanto, a mensagem do profeta ainda trazia esperança. Para o rei e para o povo ele dizia: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro…” (Is 9:6). O nascimento de uma criança em Judá era sinal de que Deus ainda estava com o povo. Qualquer criança que nascesse bem que poderia ser chamada de Emanuel, pois ela era sinal da presença e da acção de Deus no seu meio. Assim o entendeu Isaías quando disse: “E esperarei no Senhor… Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor, como sinais e maravilhas em Israel da parte do Senhor dos Exércitos, que habita no monte Sião” (Is 8:17-18).

Se a criança simboliza a presença de Deus no meio do povo, então é necessário reflectir no que isso significa para a vida do povo que estava em crise. O significado do nome Pele-Joez é Maravilhoso Conselheiro. Deus, ao mandar que atribuísse este nome a uma criança que era o sinal da sua presença, estava a dizer que só Ele era a pessoa indicada para dar o melhor conselho para a situação que estavam a viver. Perante situações de crise, quem aceita que uma criança é o melhor conselheiro para nós? Ao olharmos para uma criança ao nosso lado, podemos ver Deus a dar-nos um maravilhoso conselho. Na criança está simbolizado todo o carácter extraordinário de Deus. Na palavra Pele (Maravilhoso) está implícito o que é incomum e que está para além da capacidade humana. “A verdadeira importância do miraculoso para a fé reside não no facto material, mas no seu carácter de demonstração… o carácter especialmente anormal do evento não faz dele um milagre; o que deixa uma marca forte nas pessoas é a impressão clara do cuidado e da retribuição divina dentro desse evento” (Eichrodt). Através do nascimento de uma criança Deus aconselha o ser humano adulto a viver como uma criança, onde não há ódio, vingança, ganância, egoísmo e tudo o mais que só tem gerado crise e mais crise entre os seres humanos.

Em mais um Natal, somos levados, mais uma vez, a lembrar o nascimento de uma criança. Só que desta vez não era uma criança normal. O facto de o texto de Isaías 9 se encontrar em forma poética e ser um oráculo demonstra o seu carácter eterno. O texto não tinha valor só para aquela época. O seu valor passou de geração em geração até que chegou ao tempo em que Deus decidiu vir, ele mesmo, até junto do ser humano, nascendo como uma criança. Jesus Cristo é a criança que se transforma no nosso Maravilhoso Conselheiro. Ele dá-nos conselhos que vão para além da nossa capacidade humana. Seja qual for a crise por que está a passar, doença, desemprego, relação conjugal, familiar, emocional, psicológica, espiritual) volte a olhar para a criança-Jesus e sinta o conselho maravilhoso de Deus para a sua vida. Se acha que o evento do nascimento de Jesus é algo muito distante e que se torna irreal para si, então olhe para uma criança ao seu lado, pois ela ainda continua a ser um sinal de Deus para nós. Um sinal de que o melhor conselho está no plano de Deus para a nossa vida. Ao mesmo tempo, leia os evangelhos sobre o nascimento de Jesus e conheça esse plano de Deus para a sua vida. A Bíblia diz-nos que a falta de conhecimento obscurece o conselho (Job 38:2).

Neste Natal, receba a criança-Jesus na sua vida e siga os planos e propósitos de Deus para a sua vida. Aquele que der ouvidos ao Maravilhoso Conselheiro “habitará em segurança, e estará tranquilo, sem receio do mal” (Provérbios 1:33).

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