1.Um ministério de equipe.
Somos chamados no contexto de uma comunidade de fé: a Igreja de Cristo. Assim, nascemos em uma família, que é uma comunidade, recém-nascidos, dependemos de tudo e de todos. Na igreja, é a mesma coisa: como discípulos/as iniciantes, recém-nascidos na fé, dependemos de cuidados, a comunidade de fé cresce na medida que alimenta os novos discípulos/as e faz deles discipuladores.
Jesus formou várias equipes com propósitos diferentes. Chamou, treinou, enviou 70 discípulos/as. É o texto que temos (Lc 10.1-12). Estes tinham de trabalhar em equipe de dois, o princípio era um aprendendo com o outro, ambos se apoiando , e tinham as instruções de Jesus, que cremos eram muito mais longas que a memória dos evangelistas deixaram para nós. Mas Jesus não ficou apenas nos 70, ele tinha os 12, aos quais ele permitiu uma relação mais profunda; a estes, seu discipulado visava à convivência, treinamento, ensino, e deu-lhes o seu legado: a continuidade da missão; eles participaram de praticamente todos os milagres, cearam com Ele a última páscoa. Eram um círculo mais íntimo. Foram eles que primeiro se deram conta da obra de Jesus, com a confissão de Pedro: “E disse-lhes: E vós quem dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, disse: O Cristo de Deus” (Lc 9.20).
Hoje, não há como ter um ministério frutífero e de alcance, sem uma equipe de discípulos que sejam discipuladores. A capacitação destas pessoas não passa por preparo acadêmico, e o incorporar de conceitos teóricos, mas de vivência de princípios práticos de vida do Evangelho, das palavras de Jesus, é a construção da nova criatura em Cristo (2 Co 5.17). Por fim, Jesus tinha um trio de amigos e discípulos íntimos, com os quais ele dividiu preocupações, orações; estes foram chamados a dividir as cargas mais pesadas. “E aconteceu que, quase oito dias depois dessas palavras, tomou consigo a Pedro, a João e Tiago e subiu ao monte a orar” (Lc 9.28).
Nós, pastores/as na condição de discípulos e discipuladores precisamos ter tais níveis. Está claro que o nível menor, de três discípulos, entre os quais nos abrimos, buscamos conselho, prestamos conta de nossa caminhada, este precisa ser de dois colegas pastores/as, os quais nos ajudam a sair da solidão, impedem que tomemos o caminho mau, ajudam a nos manter no caminho eterno, oram conosco, nos estimulam . Todos precisamos desesperadamente de um grupo assim, busque o seu com urgência. NÃO MINISTRE SOZINHO, BUSQUE PELO MENOS DOIS COMPANHEIROS DE MINISTÉRIO E DISCIPULADO. ISSO É URGENTE, SEU FUTURO PASTORAL DEPENDE DISSO! Busque um grupo de apoio pastoral mútuo. Isso é o pastoreio de pastores/as. Que há de ser saúde para todos nós.
2. Sua equipe de discipulado precisa ter visão clara dos seus alvos e propósitos.
Você é parte de uma Igreja conciliar e conexional. Temos uma visão, uma missão e um alvo claro. “O Evangelho para cada pessoa no Estado do Rio. Um grupo de discipulado para cada rua. Uma igreja para cada bairro. Com vistas a ganhar 1.000.000 de discípulos/as até 2014”. Agora, sendo bem prático, você pode e deve estabelecer metas em sua igreja, para alcançar os propósitos estabelecidos para todos. Há pelo menos dois princípios importantes que devem influenciar, estando presentes em cada reunião, garantindo que a igreja não vai se perder, e sair do alvo, da visão e da missão. Trata-se do seguinte:
Qualquer ministério não pode cultivar, propor e realizar atividade que não concorra para realização da visão, missão e alvo. É necessário que suspendamos aquelas atividades que são só “movimento”, ou seja, não formam discípulos, não convertem pessoas, isto quando não criam um clima de individualismo, vaidade e conflito, o que é um desastre.
Qualquer ação ministerial deve visar ao fortalecimento da vida dos discípulos com Deus, a comunhão e a testemunhos do que Deus está fazendo nos Grupos de Discipulado, na Escola Dominical, na Expansão Missionária, etc.
3. A equipe de discipulado deve sempre equilibrar os alvos e metas da comunidade de fé com os alvos e necessidades dos membros da equipe, sejam dos grupos pequenos, sejam do grupo base do pastor.
Paulo ensina: “Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas” (Rm 14.1). Este cuidado deve estar sempre na pauta e na reflexão do grupo pequeno, que abraça os novos convertidos e transforma suas necessidades e lutas no desafio do grupo; cada vitória é celebrada, é um amadurecimento na fé para o novo discípulo, e para o grupo. Vejam como Paulo via isso: “Eu próprio, meus irmãos, certo estou, a respeito de vós, que vós mesmos estais cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento, podendo admoestar-vos uns aos outros” (Rm 15.14); “Então, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gl 6.10); “Mas vós não aprendestes assim a Cristo, se é que o tendes ouvido e nele fostes ensinados, como está a verdade em Jesus, que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso sentido, e vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.20-24).
O pastor ou pastora sensível é aquele que treina os líderes dos grupos de discipulado para exercerem discernimento espiritual, a ponto de perceber as dificuldades que alguns novos discípulos têm em aprender, a vencer pecados, para conceder a este um tempo especial, tratando-os, ajudando-os a descobrir seus dons, desafiando-os a integrar-se na missão, pois paralelo ao atendimento, a terapia espiritual inclui colocá-los em tarefas ministeriais acompanhados onde eles possam ver Deus agir. Ser testemunha do poder de Deus tem um poder de estimular a fé e a caminhada cristã insubstituível; o impacto mobilizador é imenso.
4. Cada discípulo precisa ser estimulado a ser um discípulo e estar ligado a um discipulador que o acompanha, estimula e ora por ele.
Enfim, alguém a quem presta conta de sua caminhada de discípulo, afinal discípulo é um aluno. João Wesley levava isso muito a sério em suas sociedades. Sim, todos nós, inclusive o pastor, temos a necessidade de receber uma exortação ou disciplina, de vez em quando. Esses momentos podem parecer tristes, pois ninguém gosta de ser chamado à atenção, mas logo nos damos conta do bem que nos trouxe. Hebreus traduz isso muito bem: “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado. E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor e não desmaies quando, por ele, fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho […] E, na verdade, toda correção, no presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois, produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela” (Hb 12.4-6,11).
5. Um Ministério de Discipulado forma líderes.
Quantos de nós sabemos o nome das outras famílias de pescadores de Cafarnaum? Somente as famílias de Pedro e João.
De quantos coletores de impostos nós sabemos o nome e sabemos algo sobre sua família? Somente Mateus. A lista é interminável. O que tornou esses homens tão diferentes? A ponto de passados quase 2.000 anos, haver milhões de pessoas com o nome de Pedro, João e Mateus. Simplesmente, eles aceitaram Jesus, e tornaram-se discípulos de Jesus, e Jesus fez deles discípulos, discipuladores e líderes da Igreja e do mundo . Estamos neste momento encerrando a campanha dos amigos de Mateus, em nossa 1ª Região. Foi um sucesso, muitos queriam saber quem fora Mateus, e se tornaram amigos de Mateus e, por conseqüência, de Jesus. O discipulado, além de formar em nós uma nova criatura, nos faz líderes que deixam marcas, que fazem a diferença: “E, espero no Senhor Jesus, que em breve vos mandarei Timóteo, para que também eu esteja de bom ânimo, sabendo dos vossos negócios. Porque a ninguém tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do vosso estado; porque todos buscam o que é seu e não o que é de Cristo Jesus. Mas bem sabeis qual a sua experiência, e que serviu comigo no evangelho, como filho ao pai” (Fp 2.19-22). Paulo tomou Timóteo e fez dele um discípulo e discipulador, um líder servo na casa de Deus. Por esta causa, precisamos nos empenhar; a igreja e o mundo precisam de gente assim.
Irmãos e irmãs, chega de líderes religiosos que não fazem outra coisa que lutar por seus interesses, por reconhecimento e subsídios cada vez mais altos. Onde está Deus nisso? Ele não prometeu que se cuidássemos com zelo da obra do Reino, Ele cuidaria de nós, de quem deve depender nosso sustento? “Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33); “Assim, pois, qualquer de vós que não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo” (Lc 14.33). “E ele lhes disse: Na verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou pais, ou irmãos, ou mulher, ou filhos pelo Reino de Deus e não haja de receber muito mais neste mundo e, na idade vindoura, a vida eterna.” (Lc 18.29-30).
O discípulo e líder é leal àquele que Deus pôs com autoridade sobre a sua vida. A lealdade tem a ver com reorganizar a sua vida, para atender à direção e serviço que você recebeu de seu discipulador e líder. A lealdade é expressar com respeito sua discordância da decisão do discipulador e líder, ao invés de sair murmurando, atraindo rebelião e maldição para você e sua família. (1 Co 10.5-12). Líderes que amem posições não podem servir a Deus; no fundo, querem para si o reconhecimento que devemos só a Deus. Líderes e Discípulos/as cumprem a responsabilidade que recebem sem esperar reconhecimento. A maneira que o discípulo que é líder ama seu discipulador expressa sua lealdade e amor não somente ao seu líder-discipulador, mas a Deus que o pôs como seu discipulador. É muito séria esta relação, mas é motivo de bênção, cultivamos através desta relação discipulador e discípulos, o relacionamento que Jesus buscou com os seus discípulos. Este é o caminho de Deus para formar líderes que fazem a diferença no mundo. Para isso estamos trabalhando. Conto com todo o ministério pastoral e lideranças neste propósito.