Santificação na Vida Cristã

Um grupo de mulheres estudava o livro de Malaquias quando, no Capítulo 3, elas se depararam com um assunto do qual nada sabiam: “E assentar-se-á como fundidor e purificador de prata…”
Este verso as deixou intrigadas, pois elas não conseguiam entender seu significado quanto ao caráter de Deus. Uma delas, porém, se ofereceu para tentar descobrir como se realizava o processo de refinamento da prata, até a próxima reunião.
Entrou em contato com um ourives e marcou horário com ele. Não lhe disse o motivo da sua curiosidade, mas, ainda assim conseguiu convencê-lo a deixá-la presenciar seu trabalho com a prata.
O homem colocou um pedaço do metal sobre o fogo e o aqueceu. Explicou que no processo de refinamento devia-se manter a prata no meio do fogo, onde as chamas eram mais quentes, de forma a queimar todas as impurezas.
Ela perguntou se era verdade que ele tinha que se sentar em frente ao fogo enquanto a prata estivesse sendo refinada. O ouvires respondeu que sim, pois tinha que ficar olhando o tempo todo para a prata, para evitar que ela fosse destruída pelo fogo.
A mulher, então, perguntou: “Como você sabe quando a prata já está purificada?”.
“Ah! é fácil, respondeu o ourives, quando eu vejo a minha imagem nela”.

Texto: 1 Pe 1.15-16

Transição: Para compreender como a Santificação faz parte da vida cristã e porque Deus diz que precisamos ser santos como Ele vamos entender em três tópicos sobre o que ela trata:

1. A Santificação é:
a) Primeiramente referente a Deus.
i. É Deus quem realiza a Santificação, não o ser humano. A realiza bem de perto e com atenção como o ourives(1 Ts 5.23);
ii. O conceito de santidade se emprega, antes, a Deus, sendo glorificado por sobre a criação;
iii. Pelo contraste da impureza humana com a pureza de Deus (Is 6), idealiza-se a separação entre Deus e o pecado, habilitando apenas o purificado de coração a estar na presença do Senhor (Sl 24.3s).
b) Secundariamente referente ao ser humano.
i. Apesar de não ser o promotor da santificação, também não é completamente inativo no processo;
ii. Deus deu a capacidade (poder), os meios (como) e a tarefa (dever) de colaborar com Ele nessa obra (Cl 3.5-14);
iii. Além de que o Senhor exorta constantemente à necessidade de viver em santidade (Rm 12. 1-2).
c) Na essência, o processo da relação entre Deus e o ser humano.
i. É o fruto desse relacionar-se com o Senhor, visando a contínua renovação do elo através da dedicação e do serviço;
ii. É um produto gradual do ser de Deus em conjunto com a humanidade, que nos liberta e nos torna cada vez mais parecidos com Cristo.
d) Aplicação: A santificação é uma intervenção graciosa e sucessiva de Deus que nos purifica do pecado, renova a nossa natureza, transforma a maneira como agimos, para sermos à imagem Dele e ao mesmo tempo não nos exclui do processo, temos o privilégio de desenvolver um relacionamento mais profundo com o Senhor e somos habilitados a servi-Lo.
Transição: O segundo tópico nos diz que… (use parte da transicao original, o crente nessa altura já esqueceu….)

2. A santificação não é:
a) Acabar com a natureza pecaminosa.
i. Na Bíblia há relatos de que Deus atribuiu a algumas pessoas características como: “justo”, “íntegro”, “temente a Deus”, “perfeito”, “sem culpa”, porém eles não foram categoricamente sem pecado, ao contrário a Bíblia também trata de seus erros (1 Jo 1.8).
ii. A perfeição buscada no processo de santificação não é alcançada na presente vida, porém é preciso se esforçar e caminhar em direção a ela (Fp 3. 12-14).
b) Condição ética ou espiritual cunhada no coração.
i. Apenas a “forma” de conduzir a vida, com moral e ética não condicionam um processo de santificação;
ii. Fazer coisas ou “ser espiritual” não desencadeia uma atitude que provém da vontade de Deus;
iii. O ser humano é agente passivo no processo de santificação, porém, quando Deus o chama, o habilita a desenvolvê-la na vida cristã, no relacionar-se com Ele.
c) Separar-se externamente.
i. O Antigo Testamento faz referências a pessoas e coisas que eram consideradas santas, separadas para o serviço de Deus. Porém naquele contexto, essa dedicação representava a devoção mais intensa e pessoal do coração;
ii. Hoje há a famosa separação, em grande parte apenas estrutural, entre a Igreja que deve ser santa e o mundo que é profano, porém esquece-se que a separação necessária é caracterizada como uma devoção, um relacionamento profundo com Deus e não como um simples afastamento das coisas “mundanas”.
d) Aplicação: Uma condição falsa de consagração dada externamente para nada serve na vida cristã, pois não é acompanhada da santificação interna. A Palavra de Deus não indica um crescer ético simples, ou seja, uma aparência de “cristão certinho” e sim em relacionamento com Deus, por meio do Seu amor e visando Seu serviço e demonstrado em ações práticas e genuínas no dia-a-dia da vida cristã.
Transição: Até aqui entendemos o que é e o que não é santificação, agora no terceiro tópico notaremos que…

3. A santificação acontece para:
a) Remover a invencibilidade do pecado.
i. A presença do pecado, como já foi falada, apenas a completa santificação (que não ocorre nesta vida) removerá, porém, enquanto alvos do trabalho progressivo de santificação de Deus, o pecado está em desvantagem;
ii. O poder do pecado
iii. Enquanto estávamos nas trevas nos inclinávamos naturalmente para o mal, distantes de Deus. Agora, que fomos resgatados, ainda temos natureza pecaminosa (continuaremos pecando), porém, através da graça que nos foi concedida e no exercício da santificação é dado a nós o privilégio de nos inclinarmos para o bem.
b) Purificar a nossa natureza.
i. No relacionamento com Deus, o processo de santificação retira da natureza humana gradativamente a perversão e a adulteração decorrentes do pecado (Rm 6.6), assim como o fogo purifica a prata. Essa purificação é resultado de um arrependimento genuíno e de um compartilhar da morte de Cristo, assim, nossa velha natureza é também crucificada;
ii. Além disso, esse processo também torna prático e experimental o exercício das coisas santas, suscitando uma nova direção de vida, onde se vive para Deus (Rm 6.11). Em todos os momentos e áreas de nossa vida nossas atitudes serão diferentes, o rumo é mudado, nossa vida cristã é santificada na boa conduta no trabalho, na gentileza na família, na sinceridade nos cultos, entre tantas outras práticas que devem ser purificadas em nós. Essa mudança também é resultado de um arrependimento duradouro e de um participar da ressurreição de Cristo, assim, somos revigorados segundo a imagem do Senhor.
c) Formar um caráter santo, semelhante ao de Deus.
i. A nossa imagem que havia sido manchada com o pecado, agora é renovada com a libertação da culpa, todo o nosso caráter é restaurado, segundo a imagem de Deus;
ii. A partir dessa nova figura que temos, Deus nos capacita a viver de forma que O agrade, em santificação, sendo santos como Ele mesmo é, agindo de maneira santa, sendo verdadeiros cristãos.
d) Aplicação: Todo esse processo pelo qual passamos no relacionamento com Deus, é por fim, mais um ato de amor de Deus para conosco, afinal, a libertação do jugo e a regalia da restauração são atos divinos que não merecemos. Porém, o Senhor nos quer como amigos, pessoa que se relacionem com Ele e busquem viver em santificação com Ele no coração, que é o que O agrada.

Conclusão:
Enquanto vivermos precisaremos nos defrontar com o pecado, nossas vidas serão permeadas por conflitos, problemas e erros e é nesse meio que precisamos exercitar nossa santificação, confessando as faltas, suplicando o perdão dos pecados com arrependimento e buscando sempre maior perfeição.
O cerne desse processo é o amor, a humanidade, os relacionamentos, tudo tem implicações práticas e experimentais que vão nos purificando até que Deus veja Sua imagem refletida em nós.
Esse é um tema que parece bem abstrato, às vezes até transcendente, mas, embora a santificação seja um curso gradual e ocorra em nosso interior, ela afeta todos os aspectos da nossa vida e deve produzir, necessariamente, mudanças em nosso exterior. Por isso, de uma forma bem prática, vamos pensar agora em duas atitudes que podemos tomar amanhã no trabalho, em casa ou na escola que reflitam o amor e a busca pela santificação da nossa vida cristã.
Vamos então orar pedindo perdão ao Senhor pelas nossas faltas e pedindo a Ele que nos ajude a realizar essas duas atitudes que estamos propondo para amanhã.

Kézia Lidório

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