Cultivando por decidir… Decidindo por cultivar

Sempre poderemos desenvolver uma comunidade saudável e forte que viva de acordo com a vontade de Deus, e que desfrute de um crescimento natural, se todos tivermos a ciência de que a tarefa é árdua para com os bons relacionamentos cultivados e restaurados. Por isso ser Comunidade exige de nós comprometimento.

É fato que somente o Espírito Santo de Deus pode alimentar uma verdadeira comunhão entre os cristãos, mas isso só poderá brotar em nós através das escolhas e dos compromissos feitos por nós.

A diferença entre visitar a igreja e ser membro da igreja está no comprometimento. Visitantes são espectadores que ficam à parte; membros são os que se envolvem com o ministério da igreja. Visitantes “absorvem”; membros contribuem. Visitantes se beneficiam do que a igreja traz, sem participar da responsabilidade da missão. Os membros de uma comunidade se relacionam com a vida em comunidade.

Infelizmente, muitos de nós crescemos em famílias com relacionamentos rompidos ou difíceis; então carecemos das habilidades relacionais necessárias para nutrir uma verdadeira comunhão. Devemos ensinar e ser ensinados a lidar e se relacionar com as outras pessoas da Família de Deus.

Felizmente, a palavra de Deus é repleta de instruções sobre como partilhar deste cultivo. (At 2:42).

Mas se estamos cansados de uma comunhão fajuta, e o nosso desejo é de viver verdadeiramente o cultivo de uma comunidade amorosa e sadia, teremos sempre que assumir riscos e fazer algumas escolhas difíceis.

Reconhecemos que algumas características de cultivo sempre serão necessárias para um crescimento saudável e o fortalecimento de uma comunidade.

Cultivar uma comunidade exige sinceridade. Nós devemos sempre ter uma grande dedicação a falar a verdade de uma forma carinhosa, mesmo quando nosso desejo seja fazer o contrário. Muitas comunidades são sabotadas pelo medo de falar a verdade em amor (Ef 4:15). Devemos acreditar que o amor sempre enriquece a verdade a ser compartilhada. Entretanto, não temos por vezes a coragem de falar em meio ao grupo com a franqueza amorosa necessária, enquanto a vida de um irmão desmorona ao nosso lado… Muitas comunidades e pequenos grupos permanecem superficiais por terem receio de conflitos. Isso pode trazer uma falsa sensação de paz entre nós.

A verdadeira comunhão, seja no casamento, seja na amizade, seja na igreja, depende de franqueza. A franqueza nos ajuda a crescermos em intimidade uns para com os outros ao enfrentar e resolver nossas diferenças.

A Cura as relações exige franqueza e amor. A franqueza não é uma licença para dizer o que queremos, onde queremos e sempre que queremos. Não é grosseria. Palavras impensadas deixam feridas permanentes.

Somos convidados pelo apóstolo Paulo a tratarmos uns aos outros com o carinho e a sinceridade que merecem os membros de uma mesma Família. (Gl 6:9-10).

Cultivar uma comunidade exige humildade. A presunção, o convencimento e o orgulho obstinado destroem a nossa comunhão mais rápido do que qualquer outra coisa.

O orgulho ergue muros; mas a humildade ergue pontes.

A humildade é um bálsamo que alivia e suaviza as relações humanas. Entretanto, o orgulho obstrui a graça de Deus em nossa vida, nos impede de crescer, de nos transformar, de nos sarar e ajudar os outros.

Essa é uma maneira tola e perigosa de se viver.

Assim, devemos desenvolver a humildade de algumas maneiras práticas entre nós: admitindo nossas fraquezas, sendo paciente com a fraqueza dos outros, estando abertos para a admoestação e pondo os outros em nossa atenção pessoal.

A humildade não é pensar menos de si mesmo, mas pensar menos em si mesmo. Humildade é pensar mais nos outros.

Os humildes concentram-se de tal forma no outro que exterminam o poder nocivo do orgulho e da presunção. (Fl 2:3-4).

Cultivar uma comunidade exige cortesia. Somos corteses quando respeitamos nossas diferenças, quando somos cuidadosos com os sentimentos uns dos outros, e pacientes com as pessoas que nos irritam. Em toda igreja ou grupo, há sempre pelo menos uma pessoa “difícil”, e normalmente mais de uma. Essas pessoas podem ter carências emocionais, inseguranças profundas, e inabilidades sociais. Mas a nossa tolerância deve ser exercitada para com elas sempre de forma generosa.

Talvez elas sejam uma grande oportunidade para nós crescermos em um teste de comunhão. (Fl 4:5).

Será que temos conseguido amá-las como irmãos e irmãs, tratando-as com dignidade? A verdade é que todos nós temos excentricidades e traços de temperamentos por vezes irritantes; mas comunidade não tem nada que ver com compatibilidade. O fundamento para a comunhão em comunidade é nosso relacionamento com Deus e com o outro. Afinal, somos uma Família.

Um segredo para o exercício da cortesia é saber de onde as pessoas estão vindo. Saber sobre sua história de vida e como chegaram até nós.

Quando sabemos pelo que elas já passaram, certamente seremos mais compreensivos e moderados com elas. É também não subestimar as dúvidas dos irmãos, respeitando as dificuldades, pois uma verdadeira comunidade se molda quando as pessoas sabem que é seguro compartilhar seus medos e dúvidas sem serem julgadas.

Cultivar uma comunidade exige sigilo. Somente em um ambiente seguro, onde houver um acolhimento carinhoso e sigilo confiável, é que as pessoas se abrirão e compartilharão suas mágoas, necessidades e erros.

Sigilo não significa a omissão diante do que destrói, separa e fere. Mas se utilizar do sigilo negativamente é fofoca. (ITm 6:20-21).

Deus detesta a fofoca; principalmente quando é maldosamente disfarçada como “pedido de oração” a favor de outros. A fofoca sempre causa mágoa e discórdia; e isso destrói amizades e a construção de uma fidelidade saudável. A confiança é a mãe das grandes ações.

Cultivar uma comunidade exige constância. Devemos manter um contato constante e regular com nossa comunidade, a fim de desenvolver uma preciosa comunhão.

Relacionamentos exigem tempo.

A Bíblia nos fala para não abandonarmos o costume de assistir as reuniões da Família de Deus. Pelo contrário, devemos animar uns aos outros. (ICo 12:7).

Devemos desenvolver o hábito de estarmos juntos.

Hábito é algo que fazemos com freqüência, e não uma vez ou outra.

Temos que passar tempo com as pessoas – um bom tempo – para estabelecer intimidade com os irmãos. É por isso que a comunhão é tão superficial em muitas igrejas; não passamos tempo suficiente juntos, e o tempo que passamos é usado normalmente para ouvirmos uma única pessoa falar.

A verdade é que uma comunidade não é construída de acordo com nossa conveniência (“vou me reunir quando tiver com vontade”), mas na convicção de que ela é necessária para nossa saúde e amadurecimento espiritual.

Se nós quisermos cultivar uma comunhão autêntica, isso implicará em estarmos juntos mesmo quando não tenhamos vontade, porque acreditamos que é sumariamente importante para nós.

Os primeiros cristãos se reuniam todos os dias: “Diariamente perseveraram unânimes no Templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria… Louvando a Deus… Acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”. (At 4:46).

Viver em comunidade requer investimento de tempo; pois isso nos trará o hábito de estarmos juntos.

É uma escolha.

Nós, como Família de Deus podemos experimentar a saúde e o fortalecimento de nossa Comunidade se assumirmos os riscos e as escolhas difíceis que essas características nos desafiam.

Sinceridade, Humildade, Cortesia, Sigilo e Constância, tornam evidente por que Comunhão é algo tão raro em nossas comunidades. Ela significa desistir de nosso individualismo agressivo, e o aceitar o custo de encontrarmos dependência mútua para com nossos irmãos e irmãs.

Mas os benefícios e o prazer de dividir a Missão entre nós, suplantam os custos da tarefa e nos preparam para uma vida vivida em abundância de Vida.

Então podemos nos perguntar:

Como posso hoje ajudar a cultivar as características de uma comunidade verdadeira em minha igreja?

Bem, uma certeza nós temos: Comunidade exige compromisso…

Todos se tornam cristãos ao decidir se comprometer com Cristo, mas apenas se tornam membros ao decidir se comprometer com a sua Comunidade. A primeira decisão traz a Salvação, a segunda decisão traz a Comunhão.

Então meus irmãos, cultivemos por decidir… E decidamos por cultivar a nossa Comunidade!

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