Atos 1.8 e a missão da igreja

O contexto de Atos 1.8 é a ascensão de Cristo. Os que estavam reunidos no monte das Oliveiras perguntaram ao Mestre quando seria o tempo da restauração do reino de Israel. O Senhor respondeu que não competia a eles conhecer tempos e épocas que o Pai reservou para a Sua exclusiva autoridade. Porém, prometeu:

“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra”.

Em Atos 1.8 o Senhor Jesus repete as promessas da Grande Comissão (Mt 28.18-20; Mc 16.14-18; Lc 24.44-49; J.o 20.21).

1. O poder do Espírito

Há uma série de termos para “poder” no Novo Testamento. Lucas empregou dynamis em At 1.8, mas tem também exousia, thronos, bia, ischys, energia, kratos e keras. Será que existiu algum motivo especial para que Lucas usasse a palavra dynamis ao invés de qualquer outra, ou ele a escolheu aleatoriamente? Vejamos: Exousia é uma palavra usada com muita freqüência no Novo Testamento. A rigor é traduzida como “autoridade”. Contudo, geralmente era empregada num contexto político (cf. Rm 13.1-3). Thronos indicava, a priori, a sede do governo, mas depois passou a significar a pessoa que detinha semelhante posição de autoridade ou força. Bia está associada ao emprego da força coerciva. Energia é poder no seu exercício; força em ação. Ischys significa força física. Kratos tem um sentido semelhante ao de ischys, mas se refere mais ao exercício da autoridade. E keras (lit.: chifre), por sua vez, indica força e, juntamente com kratos, formam as duas palavras do NT cujo significado fica mais perto de exousia e dynamis. Contudo, dynamis tem um sentido todo exclusivo. É a palavra do poder sem fronteiras, por assim dizer. Ela é a palavra por excelência para se referir ao poder do Espírito Santo. Portanto, Lucas sabia muito bem que ao escolher dynamis estava utilizando o termo que melhor representava a ação poderosa do revestimento do Espírito na vida do crente e da igreja. “… permanecei, pois na cidade”, disse Jesus aos discípulos, a quem Ele havia comissionado para evangelizar o mundo, “até que do alto sejais revestidos de poder…” (Lc 24.49; At 1.8).

Quando o Espírito Santo foi derramado por ocasião do Pentecostes, “com grande poder os apóstolos davam o testemunho da ressurreição do Senhor Jesus…” (At 4.33). E ainda: “Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais…” (At 6.8). Temos também a declaração de Pedro na casa de Cornélio a respeito de Jesus, que “Deus ungiu…com o Espírito Santo e poder…” (At 10.38). Nestes exemplos Lucas revela que desde o princípio o evangelho foi disseminado pelo poder do Espírito Santo.

O poder do Espírito é o segredo do sucesso da missão da igreja. Lembremos que os discípulos de Jesus foram homens que andaram cerca de três anos com o Mestre. Conheceram-nO intimamente, foram ensinados por Ele, ouviram Seus sermões e viram Seus milagres. Viram Seus sofrimentos, morte, ressurreição e ascensão. Se alguma vez existiram homens que estivessem em melhor posição e condição de falar ao mundo acerca da ressurreição de Jesus e de todos os fatos a respeito dEle, estes homens eram Seus discípulos. Entretanto, o que o Senhor Jesus diz é que eles seriam totalmente incapazes de fazê-lo se do alto não fossem revestidos do poder do Espírito.

2. Poder e testemunho

No dia de Pentecostes a promessa de Atos 1.8 se cumpriu (1). A igreja foi batizada e revestida do poder do Espírito Santo. Entretanto, o poder do Espírito para a igreja não tem, como nunca teve, um fim em si mesmo. Em Atos não existe esta concepção moderna equivocada de que o poder do Espírito é para edificar o crente e ficar tudo por isso mesmo. Não! O poder do Espírito tinha como finalidade primordial capacitar os crentes para dar testemunho de Cristo. No Novo Testamento os dons ou manifestações do Espírito (línguas, curas, profecias, etc.) foram dados com o único objetivo de que a igreja testemunhasse de Jesus ao redor do mundo. (2). Nada do que a igreja recebe do Espírito tem nela um fim em si mesmo. “Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas…”, disse Jesus (At 1.8).

Neste tópico procuraremos observar, de modo prático, o que significava nos tempos bíblicos e o que deveria significar para a igreja evangélica brasileira hoje ser testemunha de Jesus Cristo. E para uma reflexão imediata, vale conferir um alerta do Dr. Charles van Engen:

“Logo antes de sua ascensão, Jesus disse a seus discípulos, como está registrado em Atos 1.8: “… sereis minhas testemunhas [kai esesthe mou martyres]…”, começando em Jerusalém e espalhando-se geográfica e culturalmente para fora, para os confins da terra (eôs eschatou tês gês). Muito dessa comissão, quanto à expansão geográfica e cultural da Igreja, se cumpriu. Mas provavelmente não captamos as palavras de Cristo em todo o seu peso: “…sereis minhas testemunhas…”.(3)

O substantivo grego martys (4) (martyres) do verbo martyreo já possuía, nos tempos bíblicos, cinco significados principais, sendo que o último deles era a expressão mais elevada daquilo que significava ser testemunha de Jesus; a saber:
1) testemunha judicial de fatos; 2) testemunha de fatos numa confissão de fé;
3) declaração de um fato como testemunha ocular de um ocorrido; 4) o testemunho evangelístico da natureza e da importância de Cristo; 5) martírio. (5).

Pela própria natureza da evangelização e pelas perseguições e adversidades futuras que desafiariam a Igreja Primitiva, seria imprescindível o poder do alto para testemunhar de Jesus. Que a igreja muitas vezes testemunhou ao preço de sangue é algo que dispensa comentários. Contudo, é importante ressaltar, pelo menos, dois aspectos do testemunho pelos quais os cristãos muitas vezes tiveram que pagar com a vida. A Igreja em Atos testemunhava:

1) No poder do Espírito com sinais e maravilhas

Quanto a esta questão, vale a pena conferir o teólogo alemão Otto Betz:

“Cristo era “poderoso em obras e palavras” (Lc 24.19). Seus milagres são chamados dynameis (cf. Heb. gebûrôt; i.é, “atos poderosos”), porque neles, o reino de Deus na terra começa a ter efeito poderoso, e a luta contra o diabo é levada a efeito no nível da existência humana (Mt 12.22-30; Mc 6.2; Lc 19.37; At 10.58). Jesus é o “mais forte” que, como Representante de Deus, subjuga o “homem forte”, o diabo (cf. Mc 1.8 com 3.22-30). Os milagres de Jesus são operados por um poder dentro dEle (Mc 5.39 par. Lc 5.17; Mc 6.14). Lucas liga este poder, dado por Deus, com o Espírito Santo em Lc 1.35; 4.14; At 1.8; 10.38. Os milagres, portanto, são encarados como evidência da parte de Deus quanto a Jesus ser o Messias, Aquele que foi ungido pelo Espírito (At 2.22; 10.38). A glorificação do Messias faz dEle, em grau ainda maior, Mediador do poder salvífico de Deus. É, pois, pelo poder do Espírito que Jesus derramou sobre os Seus servos, que estes podem operar atos poderosos (At 4.7; 6.8; 8.13; 19.11)”. (6).

Às vezes os sinais e prodígios preparavam o palco, por assim dizer, para uma pregação cheia do Espírito (cf. At 3; 16.16-34); outras vezes estavam intercalados numa pregação (cf. At 20.7-12), mas na maioria das vezes sucediam a mensagem do evangelho (cf. At 19.8-12).

2) No poder do Espírito na pregação da Palavra

Em Atos o Espírito Santo, a pregação e o ensino da Palavra estão estritamente relacionados. Isto salienta o fato de que o Espírito de Deus costuma
agir através da Palavra de Deus. A Palavra é a espada do Espírito (cf. Ef 6.17). Michel Green diz que um dos grandes méritos do livro de C.K.Barret, Luke the Historian, é a maneira como ele destaca esta verdade da ligação do Espírito Santo com a Palavra. “O principal meio através do qual o Espírito estende a soberania de Cristo é a Palavra de Deus” (7), que incluía expressões como “palavra do Senhor”, “palavra da salvação”, “palavra do evangelho”, e “a palavra” tout simple. (8).

Os cristãos primitivos levavam a Palavra para qualquer lugar que fossem (8.4). O que manteve Paulo dezoito meses ou mais em Corinto foi a Palavra (18.5). Em Éfeso a mesma coisa, durante os dois anos em que trabalhou ali (19.10). E quando Lucas quer indicar o sucesso de uma missão, ele diz que a Palavra do Senhor “crescia e prevalecia poderosamente” (9).

“A pregação autoritativa dos apóstolos (At 4.33; Cf. 6.8-10) é vista como prova de um poder sobrenatural” (10). Não é por menos que o evangelho causou tanto impacto sobre Teófilo (At 1.1; cf. Lc 1.1), o centurião Cornélio (10.44), o procônsul de Chipre (13.7) e os cidadãos de Antioquia (13.44). Não é de admirar que o ministério da Palavra fosse prioridade para os doze (6.4). Também não é de admirar que eles comprometessem seus convertidos com ela (20.28) e que os missionários anônimos de Atos 8.4 a tinham como sua grande arma. Quando alguém cria é porque a Palavra trouxe fé (4.4). Quando alguém recebia o Espírito isto acontecia por ouvir a Palavra (10.44). Quando alguém se tornava cristão é porque o Espírito iluminava o coração dos ouvintes com a mensagem apostólica (16.14). “Não é exagero dizer que a Palavra é o principal instrumento na missão evangelizadora da igreja, sob o poder do Espírito de Deus”. (11).

Será que o poder do Espírito dos tempos bíblicos continua sendo o mesmo para a igreja evangélica brasileira hoje? Com certeza, pois precisamos testemunhar. E não é possível um testemunho autêntico de Jesus sem o poder do Espírito. A Igreja Primitiva tinha desafios imensuráveis, mas não se curvava diante deles. Clamava a Deus para ser revestida com mais e mais poder para proclamar com ousadia e intrepidez as verdades do Senhor a quem ela tanto amava (At 4.23-31). Era uma igreja de oração que buscava constantemente a plenitude e enchimento do Espírito Santo. A igreja de hoje, principalmente no mundo ocidental, também possui seus desafios. Felizmente (ou seria infelizmente?) seus desafios são mais de ordem interna que externa. Atualmente já não são tantos os Pilatos, os Herodes, os judeus e gentios que estão perseguindo a igreja. Hoje, a igreja é perseguida pelo fantasma de sua própria morbidez por persistir, muitas vezes, numa vida contemplativa, alienada do mundo, com pouca ou nenhuma perspectiva da missão para a qual ela foi chamada.

Em outro estudo de minha autoria (A Missão Integral da Igreja), disse algo a respeito da igreja de Jerusalém que poderia ser repetido aqui. “Uma lição é preciso aprender com a igreja de Jerusalém: A igreja de Jerusalém estava consciente de sua missão no mundo. Era uma igreja unida em seus propósitos e se amava de verdade. Internamente ela estava pegando fogo, desejosa de pregar o evangelho, em obediência ao mandado de Cristo. Porém, externamente os desafios eram humanamente insuperáveis. Pilatos, Herodes e muita gente se levantaram contra a igreja de Deus. Então a igreja orou: “agora, Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra, enquanto estendes as mãos para fazer curas, sinais e prodígios por intermédio do nome do teu santo Servo Jesus” (At 4.29,30).

E Deus atendeu ao clamor de sua igreja (At 4.31). Atendeu porque a igreja deixou de lado seus próprios interesses para servir ao mundo. Hoje, o que muito se vê, à nível de igreja local, é a própria igreja criando obstáculos para não fazer a obra do Senhor. Externamente desfruta-se de uma liberdade religiosa como nunca se viu, mas internamente muito de nossas igrejas estão enfermas, quando na verdade eram elas que deveriam estar curando!”.

Esta é a triste realidade de muitas igrejas históricas e pentecostais brasileiras em nossos dias. Mas graças ao bom Deus, não é a realidade de todas elas. O vento sopra onde quer e está soprando em muitas de nossas igrejas. Deus seja louvado! Entretanto, precisamos orar mais, precisamos ser avivados (no verdadeiro conceito bíblico desse avivamento), precisamos do poder e enchimento do Espírito para transpor nossos próprios portões, a fim de sermos o verdadeiro sal da terra e a verdadeira luz do mundo. A ordem e a promessa de Atos 1.8 é para a gente também!

Gostaria de concluir este tópico com uma declaração urgente e atual do Comitê de Lausanne sobre a importância do poder do Espírito Santo na missão da igreja:
“Cremos no poder do Espírito Santo. O Pai enviou o seu Espírito para dar testemunho do seu Filho. Sem o testemunho dele o nosso seria em vão. Convicção de pecado, fé em Cristo, novo nascimento e crescimento cristão, é tudo obra dele. De mais a mais, o Espírito Santo é um Espírito missionário; de maneira que a evangelização deve surgir espontaneamente numa igreja cheia do Espírito. A igreja que não é missionária se contradiz a si mesma e debela o Espírito. A evangelização mundial só se tornará realidade quando o Espírito renovar a igreja na verdade, na sabedoria, na fé, na santidade, no amor e no poder. Portanto, instamos com todos os cristãos para que orem pedindo pela visita do soberano Espírito de Deus, a fim de que o seu fruto todo apareça em todo o seu povo, e que todos os seus dons enriqueçam o corpo de Cristo. Só então a igreja inteira se tornará um instrumento adequado em suas mãos, para que toda a terra ouça a Sua voz”. (12).

3. A esfera de atuação da igreja

A missão da igreja consiste em percorrer o mundo todo para pregar o evangelho a toda criatura (cf. Mc 16.15). Em Atos 1.8 Jesus especifica a missão global da igreja dizendo que ela deveria testemunhar “…tanto em Jerusalém, como
em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra”. A expressão “tanto…como” de Atos 1.8 é formada, no grego, pela partícula enclítica te mais a conjunção kai. Em grego “tanto…como” equivale ao nosso adjetivo comparativo e sugere, em Atos 1.8, simultaneidade de trabalho; isto é, Jesus não estava dizendo simplesmente que a Sua igreja precisava escolher uma dessas áreas geográficas para trabalhar ou que deveria começar por uma de cada vez. Pelo contrário, a idéia bíblica do termo aqui é: atuar ao mesmo tempo em todos os lugares da terra. (13).

Infelizmente, hoje em dia não são poucos os crentes equivocados quanto à compreensão da ordem do Mestre. Quantas vezes já não ouvimos indagações mais ou menos assim: “Por que mandar ou sustentar missionários no estrangeiro se temos tanto o que fazer no Brasil?”. Como sabemos, a maioria dos que pensam assim não está preocupada com a obra missionária nem mesmo no seu próprio país. Jesus ordena que o trabalho missionário da igreja seja te…kai, isto é, temos que evangelizar lá sem esquecer de cá e vice-versa.

Uma aplicação contextualizada das regiões citadas por Jesus fica por conta da nossa imaginação, mas sem, evidentemente, deturpar o texto bíblico. Jerusalém foi o berço dos acontecimentos básicos do cristianismo. Boa parte do ministério de Jesus ocorreu em Jerusalém. Nela Jesus morreu, ressuscitou e ordenou a evangelização do mundo. Nela Jesus prometeu o Espírito Santo e nela, no dia de Pentecostes, a igreja cristã foi inaugurada e habilitada para cumprir a Grande Comissão. Para efeito de comparação e aplicação da ordem de Jesus, podemos identificar Jerusalém com a cidade em que moramos. A Judéia, por sua vez, era a província que tinha Jerusalém como capital. Supomos que a nossa Judéia seja o estado onde estamos vivendo. Samaria era uma região mais afastada, situada ao norte da Judéia. Poderíamos comparar Samaria ao nosso paísl? Os confins da terra (14) significam, naturalmente, que devemos ser testemunhas de Jesus para todos os povos. Atualmente sabe-se que “os confins da terra” de Atos 1.8 é mais que “universalidade concebida de forma geográfica”. É geografia sim mas também é etnia. A missão da igreja contemporânea é mais do que missão estrangeira, é missão transcultural que envolve, por exemplo, os índios do Brasil.

NOTAS

(1) Harry Boer, missionário reformado na Nigéria na década de 50, escreveu Pentecost and Missions (1961). “A tese desse trabalho”, segundo Samuel Escobar (Desafios da Igreja na América Latina (São Paulo: Ultimato, 1997), p. 43), “é que no estudo de missões prestou-se muita atenção à Grande Comissão, mas não de igual modo a Pentecostes, e que o ponto de partida de missões no Novo Testamento é o que aconteceu em Pentecostes. Ele propõe uma revisão não só da teologia de missões, mas da teologia em geral, à luz desse fato. Seu cuidadoso estudo do material bíblico seguia a convicção de que escreveu-se muito sobre a obra do Espírito Santo na salvação dos seres humanos, mas muito pouco sobre seu significado crucial para o testemunho missionário da igreja. O assunto não foi totalmente ignorado, mas deveria ser central na reflexão sobre missões, e tem sido relegado à periferia”. Desde que não se entenda que o Pentecostes deve ser desvinculado da Grande Comissão, a ponto de não ter ligação alguma com ela, estou de pleno acordo com Boer e Escobar.

(2) Cf. R. C. Sproul, O Mistério do Espírito Santo (São Paulo: Cultura Cristã, 1997), p. 144.

(3) (3) C. van Engen, Povo Missionário, Povo de Deus (São Paulo: Vida Nova, 1996), pp. 122,3 (Grifo nosso).

(4) Das 34 ocorrências de “martys” no Novo Testamento, 13 estão em Atos.

(5) Cf. Kittel, G. & Friedrich, G., “martys”, em The Theological Dictionary of the New Testament apud C. van Engen, Op. Cit., p. 123.

(6) O.Betz, “Poder” em Dicionário de Teologia do Novo Testamento, Vol. III (3. ed. São Paulo: Vida Nova, 1985), p. 576.

(7) Barret apud M.Green, Evangelização na Igreja Primitiva (2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1989), p.185. Barret, segundo Green, afirma que “a pregação ou recebimento desta Palavra é mencionado nada menos que trinta e duas vezes em Atos” (p. 202).

(8) Idem, p. 185.

(9) Foi assim na Judéia (6.7), Samaria (8.4-7,14), na primeira viagem missionária (13.49) e na Ásia (19.20).

(10) O. Betz, Op. Cit., p. 576.

(11) M. Green, Op. Cit., p. 185.

(12) O Pacto de Lausanne, XIV. V.t. Jonh Stott Comenta o Pacto de Lausanne (São Paulo: ABU Editora), 1983.

(13) Júlio Paulo Tavares Zabatiero discorda da idéia de simultaneidade de Atos 1.8. Para ele “a expressão grega te kai, em Lucas, significa simplesmente “e” (Lc 23.12; At 1.1; 4.27; 5.24; 21.30)” (Zabatiero, “Poder e Testemunho – Missões em Atos 1 e 2” em Missões e a Igreja Brasileira, Vol. III (São Paulo: Mundo Cristão, 1993), p. 83). Pela fraseologia de Zabatiero e as referências citadas, tudo indica que ele está seguindo o Léxico do N.T. Grego/Português de F. Wilbur Gingrich e Frederick W. Danker do qual ele foi o tradutor. Para Gingrich e Danker te kai “freqüentemente significa simplesmente e” (p. 204). Entretanto, “freqüentemente” não é o mesmo que “sempre”. Além disso, na relação das referências de Atos, onde te kai poderia possivelmente ser traduzido como “e”, Gingrich e Danker não mencionam Atos 1.8. E esta omissão não aparece somente na tradução de Zabatiero, que até justificaria por ser um resumo de A Greek-English Lexicon of the New Testament and other Early Christian Literature, porém, nem mesmo nesta volumosa obra (900 páginas!) Atos 1.8 é citado para provar tal argumento. Será que os autores simplesmente, sem mais nem menos, deixaram de incluir na lista deles uma das principais passagens de Atos? Acredito que não.

(14) Convém lembrar que o conceito de confins da terra da maioria das pessoas nos tempos bíblicos não era o mesmo conceito de Jesus e do Espírito Santo. A concepção geográfica dos cristãos primitivos era limitada. Paulo, por exemplo, mostrou-se desejoso de ir à Espanha (Rm 15.24,28), naturalmente porque entendia que ela fosse os confins do extremo ocidental da terra.

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