As conexões da evangelização: dar de comer a quem tem fome

Os alimentos estão com preços elevadíssimos em todo o mundo por alguns motivos: subsídios dados pelos países ricos aos seus produtores; grande aumento do consumo em países gigantes como Índia e China sem um correspondente aumento da produção; desastres climáticos e explosão do preço do petróleo que encarece a cadeia produtiva. O resultado é uma grave crise que afeta o cotidiano de bilhões de pessoas: segundo o Banco Mundial uma família européia gasta de 10 a 12% de sua renda com alimentação, já 2,2 bilhões de pessoas no mundo vivem em pobreza extrema gastando de 85% a 90% da renda com alimentação. O que temos nós a ver com esta dura realidade? Jesus nos ordena neste texto a dar de comer a quem tem fome fazendo sabiamente todas as CONEXÕES DA EVANGELIZAÇÃO…

VISÃO E CORAÇÃO (v. 34 “Jesus viu e compadeceu porque eram como ovelhas que não têm pastor”) – o ditado popular afirma que o “pior cego é aquele que não quer ver”: cegados por um comodismo capitalista, tentamos nos auto-enganar partindo do pressuposto que os famintos estão distantes, quando na verdade estão aí nas ruas e praças da cidade, bem à nossa porta, clamando por gente como Jesus que os identifique e os coloque no coração auxiliando-os na busca de uma alternativa ágil, concreta e eficiente para a sua miséria.

CORAÇÃO À PALAVRA (v. 34b – “e passou a ensinar-lhes muita coisa” ) – a fome da multidão tinha uma dimensão vertical e horizontal. Sabiamente, Jesus cuidou da primeira ministrando-lhes o “pão da vida” (Jo 6:48-51). Evangelizar é antes de tudo proporcionar ao faminto o único suprimento que satisfaz a fome espiritual aqui e na eternidade: Jesus Cristo.

PALAVRA E PÃO (v. 35-37 “…despede-os para que comprem para si o que comer….. dai-lhes vós mesmos de comer”) – o dilema dos discípulos é o nosso: alimentar a multidão é uma tarefa da comunidade cristã? Não basta comunicar o amor de Deus em Cristo e deixar que ela mesma “se vire” buscando uma alternativa viável para sua carência alimentar? Jesus, sabiamente, fez a síntese do pão do Evangelho com o pão de trigo: eles são duas vias da mesma estrada; uma, em hipótese alguma, pode dissociar-se da outra. A evangelização, assim, é integral e abrangente, exigindo de seus agentes uma postura permanente de solidariedade.

PÃO E DISPONIBILIDADE (v. 38 “quantos pães tendes…”?) – a missão evangelizadora não se faz com boas intenções para o futuro. Jesus, assim como confrontou os discípulos do passado, faz o mesmo conosco hoje: o que temos agora que pode imediatamente ser-lhe oferecido para que de alguma maneira concreta a fome de alguns que estão sob nossos olhos seja minimizada? Evangelização não se faz com discursos, mas com ações objetivas evidenciadoras de nossa real preocupação com a dupla miséria do homem: a espiritual e a física.

DISPONIBILIDADE E MIRACULOSIDADE (v. 39-41a “ordenou que todos se assentassem em grupos…. tomou os pães e peixes …. erguendo os olhos aos céus os abençoou”) – cinco pães e dois peixes simbolizam os limites de uma natureza humana impotente diante de seus grandes desafios. Contudo, em sendo colocados nas mãos do Senhor e tornando-se alvos da Sua oração abençoadora, simbolizam os ilimitados recursos da natureza divina que supre hoje “ricamente em Cristo Jesus cada uma das nossas necessidades” (Fp 4:19). A missão evangelizadora faz-se com a crença inabalável que Deus em Cristo, através dos nossos pequenos grupos, pode multiplicar nossas possibilidades de influenciar a multidão com o Seu toque miraculoso.

MIRACULOSIDADE E RESPONSABILIDADE (v. 41b “deu-os aos discípulos para que os distribuíssem…” ) – o ciclo da evangelização integral envolveu não só a captação dos alimentos mas a sua distribuição. Assim, a ordem que fornece tema ao nosso estudo – “daí-lhes vós mesmos de comer” – é literal, evidenciando que a missão evangelizadora será sempre uma parceria divino/humana que exigirá o melhor do milagre de Deus e o melhor da nossa vida, numa expressão responsável de comprometimento com a missão integral de Jesus.

CONCLUSÃO (v. 42-44 “todos comeram e se fartaram….”) – aprendemos sobre a evangelização nesta passagem de Marcos: 1.) A evangelização é um serviço de boas novas – não somos um clube de serviço, uma ong, uma associação partidária ou uma fundação de assistência social. Nossa missão primordial “é dar a todos o evangelho que é de todos” – a boa nova de que pela fé em Cristo o homem tem sua plena redenção (Ef 2:8-9)! 2.) A evangelização é uma boa nova de serviço – evangelização e ação social são duas realidades intrínsecas, inseparáveis e impactantes, essência do único projeto que pode transformar equilibradamente a sociedade: o Reino de Deus! (Mc 1:14-15). 3.) A evangelização é uma responsabilidade para todos os que já foram evangelizados – a missão não se faz apenas com especialistas ou contratados das instituições, mas com testemunhas (At 1:8) cristãs chamadas, treinadas e espalhadas pela cidade, que admitem hoje que seus cinco pães e dois peixes, uma vez disponibilizados ao Senhor, promoverão uma miraculosa transformação nas multidões! 4.) A evangelização é um milagre divino completo – um corpo bem nutrido e uma alma cativa eternamente aos desígnios de Deus, este é o maior milagre que o Evangelho nos chama a experimentar e proporcionar hoje em Cristo Jesus! Que o Senhor nos conduza cada vez mais à vivência desta evangelização integral, é a minha oração sincera! Nele.

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