Vocês sabem o que é discriminação. Discriminação é dar um tratamento diferente às pessoas que são iguais e que têm, pela constituição, os mesmos direitos humanos. Discriminação é aceitação de pessoas. Claro que isto é um grande mal, um mal que não pode existir na Igreja. Se há ou se houver discriminação aqui na Igreja, alguma coisa tem que ser mudada o mais rápido possível. Todos nós somos irmãos uns dos outros. Aqui ninguém é melhor ou pior. Não importa você ser rico ou pobre, não importa a cor de sua pele, não importa se você é idoso ou jovem, homem ou mulher, casado ou solteiro. Não importa se você tem boa saúde, ou é deficiente físico. Aqui todos nós somos membros uns dos outros. A única coisa que devemos uns aos outros é o amor de uns pelos outros (Romanos 13:8). Se há dois irmãos necessitados, não pode ser assim, que um dos dois recebe um tratamento bom, enquanto o outro fica esquecido. Não, cada um vai receber ajuda segundo as suas necessidades. E se há um irmão rico na Igreja, e também um irmão pobre, aquele não será tratado melhor do que este. O irmão rico não vai receber uma poltrona, enquanto o pobre tem que ficar em pé. Temos apenas um só tipo de bancas, e essas bancas são para todos. Na hora da santa Ceia todos, independente de suas qualidades, sentam lado a lado, como irmãos, recebendo o mesmo pão e o mesmo vinho. Aqui na Igreja não tem primeira classe e segunda classe. Existe apenas uma só classe: a classe dos irmãos no Senhor Jesus Cristo. Todos nós somos iguais: Somos pecadores que foram salvos por Cristo, por pura graça. Somos filhos adotivos de Deus. Por esta razão ninguém tem o direito de levantar-se, achando que merece mais do que os outros.
No entanto, parece que a situação do povo de Deus na época do antigo Testamento era diferente. Havia irmãos leprosos. Esses irmãos, os quais tinham determinadas doenças de pele, andavam coçando-se o tempo todo. Eles não tinham o direito de participar dos cultos. Eles eram considerados imundos. Por esta razão eles eram discriminados. Para eles havia regras diferentes. Os leprosos tinham que andar com roupas rasgadas. Eles tinham que andar com cabelos soltos, clamando o tempo todo: “Imundo! Imundo”! Assim todas as pessoas ao seu redor eram avisadas: “Cuidado! Aqui perto se encontra um irmão leproso. Evite aquele irmão”! Irmãos, sempre havia leprosas que faziam parte do povo de Deus. Quando o povo de Deus andava pelo deserto, rumo ao país de Canaã, os irmãos leprosos faziam a mesma viagem. Mas, os irmãos leprosos não faziam parte da comunidade do povo de Deus. Eles tinham que morar fora do arraial. Eles tinham que ficar fora da cidade. Foi assim que certos membros do povo de Deus foram discriminados na época do antigo Testamento. Mas por que isto foi assim? Por que isto aconteceu dentro do povo de Deus? Por que a Lei de Moisés exigiu que os leprosos habitassem fora do arraial, fora da congregação? Será que havia um risco de contaminação? Não, a verdade é outra. Por trás da exclusão daqueles leprosos, por trás da discriminação deles, havia uma coisa muito mais séria ainda do que aquilo que nós chamamos de discriminação.
A lepra não era doença qualquer. É isto que precisamos entender. A lepra era um castigo de Deus. A lepra era uma medida disciplinar de Deus. O próprio Senhor Deus usou a lepra para castigar certas pessoas! Por isso os leprosos, muitas vezes, foram chamados “feridos de Deus”. Um exemplo: Miriã teve a ousadia de falar contra seu irmão Moisés, o servo de Deus. Ela tinha inveja e ficou rebelde! Então, ascendeu-se a ira de Deus contra Miriã, e ela ficou leprosa (Números 12). Outro exemplo: Geazi, o moço do profeta Eliseu, ele cobiçava ouro e prata e muitas outras riquezas, e enganou Eliseu, o homem de Deus. Por isso a lepra de Naamã (o qual foi curado) passou para Geazi. Foi um castigo de Deus (2 Reis 5)! Mais um exemplo: O rei Uzias cometeu transgressões contra o Senhor. Ele até teve a ousadia de queimar incenso no altar, um ato exclusivamente reservado aos sacerdotes. Então Uzias foi avisado. Mas Uzias não quis saber de nada e ficou até bravo contra os sacerdotes do Senhor! Então saiu-lhe a lepra na testa perante os sacerdotes, na casa do SENHOR, junto ao altar do incenso. Assim o próprio Senhor Deus deu uma cacetada nele (2 Crônicas 26). Irmãos, por isso a lepra não era doença qualquer. Pelo contrário, aquela doença estava relacionada à desobediência e rebeldia contra o SENHOR Deus! A lepra era um castigo de Deus. Os leprosos na época do antigo Testamento eram discriminados, sim. Mas havia um motivo muito sério para isto. Onde havia leprosos, o povo de Deus tinha que estar lembrado do castigo de Deus contra a rebeldia. Foi por esta razão que os leprosos foram disciplinados e excluídos da comunhão do povo de Deus. Era assim que todo o povo de Deus temia a Deus. Isto era uma coisa totalmente diferente da discriminação que encontramos hoje na sociedade. A discriminação em nossa sociedade é feita sem razão nenhuma. Muitas vezes as pessoas discriminam por terem preconceitos. As pessoas estão sendo discriminadas por terem uma deficiência física, ou por terem uma cor diferente, ou por serem da classe baixa. Porém, a situação do povo de Deus na época do Antigo Testamento, era diferente. Havia uma razão séria para excluir as pessoas leprosas.
Agora acabamos de ler uma história muito surpreendente, uma história que somente podemos entender tendo conhecimento da situação difícil dos leprosos na época do Antigo Testamento. O Senhor Jesus desceu do monte, onde ele havia ensinado os seus discípulos. As multidões, impressionadas pelos ensinamentos de Cristo, o seguiam. Então, que coisa surpreendente!, aproximou-se um leproso! Aquele homem devia ficar muito longe das multidões! Ele era um “ferido de Deus”. Ele mostrava a todos que Deus não é o Deus da impunidade. Aquele leproso sentia o castigo de Deus na pele. Mas o que ele fez? Ele aproximou-se! Ele chegou bem perto do Senhor Jesus, adorou-o de joelhos, e disse: “Senhor, se quiseres, podes purificar-me” (Mateus 8:2). Irmãos, que susto para todos! A Lei de Moisés diz que o lugar de tal pessoa é fora, fora do arraial, e fora da cidade (Levítico 13:45-46). Mas aquele leproso desconsiderou a Lei de Moisés! Ele foi falar com o Senhor Jesus Cristo, que estava cercado pelas multidões. Agora, como reagiu o Senhor Jesus Cristo? Será que ele logo deu uma bronca naquele leproso!? Será que o Senhor tomou distância daquele pobre coitadinho? Será que o Senhor ficou sem jeito? Ou será que o Senhor começou a mangar daquele homem? É isto que nós muitas vezes fazemos. Quando há uma coisa diferente, quando alguém está tendo um grande problema, nós muitas vezes, começamos a criticar, fazendo piadas. Quando uma menina fica grávida fora do casamento, nós dizemos a nossos amigos: “Olha a santinha”, mangando da cara dela! Assim nós, muitas vezes, queremos excluir certas pessoas da comunidade. Mas o que fez o Senhor, quando ele viu aquele homem leproso, aproximando-se dele? Olhem bem irmãos! O Senhor Jesus, vendo a situação tão triste daquele leproso, o qual se sentia um ferido de Deus, e vendo também a fé daquele homem, ele estendeu a mão e tocou nele! Que coisa inédita! Havia uma pessoa impura. Havia uma pessoa cheia de sarna e infecções. Havia um homem discriminado pelos homens. Mas o Senhor Jesus estendeu a mão, e tocou nele. E o Senhor, que é tão misericordioso e que é todo-poderoso disse: “Eu quero que você seja purificado”!
Irmãos, vocês vêem como Cristo é? Vocês entendem o que ele fez? Nosso Senhor Jesus Cristo mostrou que é maior do que Moisés. Moisés deu leis justas, leis também acerca das pessoas leprosas, leis em que foi exigido o maior respeito por Deus e seus castigos. Assim Moisés fez o que era certo. Mas o Senhor Jesus Cristo fez mais. Cristo veio para fazer o que Moisés e a Lei de Moisés não eram capazes de fazer. Cristo veio para sarar os problemas. Ele veio para curar os incuráveis. Ele veio para consertar as vidas destruídas. Ele veio para buscar os párias, os excluídos da comunidade. Ele veio para estender a sua mão às pessoas excluídas e perdidas. Em Cristo Jesus, o Filho de Deus, o próprio SENHOR Deus estendeu a mão, não para ferir e castigar, mas para curar e purificar e renovar a vida daqueles que se haviam perdido. Irmãos, será que existe alguma coisa mais maravilhosa e gloriosa do que isto? Ao invés de castigar, Jesus veio para mostrar misericórdia. Assim é nosso Senhor. Cristo quer purificar-nos, de modo que possamos comparecer sem medo nenhum diante de Deus no dia do juízo. Cristo quer tirar a nossa lepra. Ele quer tirar os nossos pecados. O problema da discriminação é muito grande. Mas irmãos, existe ainda um problema maior. O nosso maior problema é que todos nós, por causa dos nossos pecados, merecemos o castigo de Deus. Todos nós merecemos ser tratados como se fossemos pessoas leprosas. Merecemos ser expulsos da casa do Senhor. Os nossos pecados testemunham contra nós. Porém, damos graças a Deus e damos graças a seu Filho Jesus Cristo! Existe uma saída. Existe uma solução. Deus, ao invés de castigar-nos, ao invés de excluir-nos, ao invés de zombar de nós, ele estendeu a sua mão em Cristo Jesus. Deus quer tocar em nós para purificar-nos pelo sangue de seu Filho.
Nós, muitas vezes, somos duros. Somos duros em nossas críticas. Somos duros em criticar pessoas diferentes, ou pessoas que estão enfrentando problemas. Muitas vezes nós julgamos e condenamos os nossos próximos. Mas Deus não é assim. Deus não rejeita nenhuma pessoa, por mais perdida que ela esteja, quem se ajoelhar diante dele, buscando a purificação dos seus pecados. Deus recebe em graça todos os que estão arrependidos, todos que se humilham diante de Cristo. E não há discriminação. Agora, pode ser que uma pessoa tenha achado: “Eu já cometi tantos pecados, não há mais jeito. Eu acho que o pessoal da Igreja jamais vai aceitar-me. Eu sou ruim demais”. Irmãos, isto realmente pode acontecer. Pode ser que uma pessoa não vê mais possibilidades de tornar-se cristão. Pode ser que alguém não vê mais chances de ser um membro respeitado e efetivo da Igreja. E além disto, pode acontecer ainda uma outra coisa. Pode acontecer também que nós, irmãos da Igreja, estejamos desconfiados quando entra um pecador, ou uma pessoa diferente, ou uma pessoa esquisita, na Igreja. Pois nós temos os nossos preconceitos. Nós nunca esquecemos o passado. Nós nunca esquecemos o mal que alguém fez. Assim sempre ficamos um pouquinho reservados e desconfiados em relação a irmãos que mudaram de vida, e que se tornaram filhos de Deus. Assim podemos até chegar a discriminar aquelas pessoas. Mas irmãos, mais uma vez!, Deus não é assim! Deus não tem nada a ver com discriminação! O nosso Senhor Jesus Cristo estendeu a mão e tocou num leproso. Assim ele deixou bem claro: “Para mim não existem casos perdidos. Eu quero purificar qualquer um que venha a mim com fé”. Irmãos, assim é nosso Deus. Ele castiga os pecados, se for merecido. Deus castiga os pecados, reagindo contra a rebeldia das pessoas. Mas a vontade de Deus é purificar e salvar cada um que venha a ele com fé e confiança em Jesus Cristo, buscando o perdão dos pecados e a purificação e a renovação de sua vida. Para Deus não há discriminação. “Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram. Não há judeu, nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher, pois todos são um em Cristo Jesus” (Gálatas 3:26-27). Irmãos, assim é nosso Deus. Ele dá eterna salvação a todos que crêem em Cristo. Ele dá perdão e purificação a todos seus filhos, que crêem em Cristo, independente dos pecados cometidos no passado. Irmãos, se Deus é assim, nós não podemos ser diferentes. Se Deus aceita todos os pecadores arrependidos, não pode haver discriminação em nosso meio. Não devemos olhar com maus olhos a ninguém que está aqui conosco. Deus aceitou todos aqueles que estão aqui, e que têm fé em Cristo. Então, quem somos nós para desprezar, ou julgar, ou discriminar a outros? Sem Cristo também não somos nada. Amém